Capítulo - 13

Anastácia

Após a confusão que me levou para a sala do diretor, o resto da manhã passou mais rápido do que eu esperava. Consegui assistir as duas aulas finais sem que nada de estranho acontecesse.

Agora, no intervalo, estou sentada sozinha no refeitório, mexendo no celular para matar o tempo. Vini, o nerd insistente, não apareceu hoje, o que deixou o ambiente mais... silencioso do que eu gostaria.

Perdida nos pensamentos, sou surpreendida por uma voz tímida ao meu lado:

— Oi?

Levanto os olhos e vejo a garota que aqueles idiotas estavam perturbando mais cedo. Seu rosto está parcialmente escondido pelos cabelos curtos, e ela aperta as mãos, visivelmente nervosa.

— Oi — digo, tentando soar acolhedora.

Ela respira fundo antes de falar, sua voz baixa quase sendo abafada pelos ruídos do refeitório.

— Eu... queria te agradecer pelo que fez hoje. Espero que não tenha se metido em encrenca por minha culpa. A propósito, me chamo Laila.

Solto um suspiro e dou um pequeno sorriso, tentando aliviar sua tensão.

— Tudo bem, Laila. A culpa não foi sua, e não precisa me agradecer.

Ela parece relaxar um pouco, mas antes que a conversa possa continuar, algo chama minha atenção do outro lado do refeitório. O diretor Selman está de pé, conversando com um homem baixinho e de bigode que nunca vi antes. O estranho segura um celular, mostrando algo para o diretor, enquanto ambos falam em tons baixos e sérios.

Minha curiosidade dispara. "O que esses dois estão tramando?"

O diretor, como se sentisse o peso do meu olhar, lança olhares ao redor, verificando se está sendo observado. Quando seus olhos quase encontram os meus, desvio rapidamente, fingindo estar distraída com o celular.

— É... preciso fazer uma ligação. Até mais, Laila. — Digo de repente, me levantando.

— Ah... tudo bem. Até mais. — Ela responde, parecendo um pouco confusa com minha saída abrupta.

Caminho apressadamente, quase correndo, enquanto sigo o diretor e o homem misterioso à distância. Eles saem do refeitório e vão em direção ao campo de futebol. Eu me esgueiro por entre os alunos, tomando cuidado para não ser vista, e quando chego no campo, com cautela acabo me escondendo embaixo da arquibancada.

Daqui, consigo ouvir parte da conversa.

— Ele está conosco, senhor. Conseguimos capturá-lo. — Diz o homem de bigode, sua voz baixa, mas carregada de significado.

Meu coração acelera. "Capturaram quem?"

O diretor Selman cruza os braços, sua expressão séria.

— Ótimo. Mas espero que não tenha levado ele para a delegacia. Isso só complicaria as coisas.

O homem balança a cabeça rapidamente.

— Não, senhor. Levei ele para o galpão na floresta. Está seguro lá, por enquanto.

Meu estômago se revira. "Galpão? Na floresta? Quem é esse 'ele'?"

O diretor dá um passo mais perto do homem, sua postura imponente, ao dizer:

— Certifique-se de que ninguém saiba disso, Arnold. E lembre-se, qualquer deslize pode colocar todos nós em risco.

O homem, agora identificado como Arnold, assente com seriedade, dizendo:

— Sim, senhor. Vou reforçar a vigilância.

E assim, eles começam a caminhar saindo do campo. Meu coração está a mil enquanto tento processar o que acabei de ouvir. "Capturaram alguém... Quem é esse Arnold? E por que o diretor Selman está envolvido em algo tão suspeito?"

Quando eles desaparecem de vista, respiro fundo e me afasto daqui, meu coração martelando no peito, enquanto digo a mim mesma:

— Muito bem, Anastácia. Você está oficialmente metida em algo que pode ser muito maior do que deveria.

Apesar do medo, algo em mim se recusa a recuar. Decido que vou descobrir o que está acontecendo, nem que isso signifique me colocar em mais encrencas. Afinal, esse diretor Selman está escondendo algo, e eu vou descobrir o que é.

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