Sob a Pele do Meu Diretor

Sob a Pele do Meu Diretor

Capítulo - 1

Anastácia

Enquanto me viro na cama, o grito da minha mãe invade o quarto como um trovão:

— Anastácia Miller! Levanta logo ou vai se atrasar!

Resmungo e afundo a cabeça no travesseiro, abafando a voz, ao dizer:

— Só mais um minutinho, mãe.

Mas ela não se dá por vencida. Sua voz ecoa novamente, agora mais firme e impaciente:

— É para hoje, garota! Sem enrolações!

Suspirando, percebo que não tenho escapatória. Arrasto meu corpo sonolento para fora da cama, e assim que meus pés descalços tocam o chão frio, um arrepio sobe pela minha espinha, me despertando mais do que eu gostaria.

Caminho para o banheiro com passos preguiçosos, sentindo o peso de uma noite mal dormida. Talvez seja a mudança recente que me deixou assim, inquieta. Ah, onde estão meus modos? Deve estar curiosos para saber mais de mim, não? Pois bem, meu nome é Anastácia, tenho dezessete anos e acabei de me mudar para essa cidade chamada Vale Sombrio com a minha mãe.

Vale Sombrio. Só o nome já parece algo saído de um livro de terror. Não que minha vida seja menos dramática. Meu pai nos abandonou para viver com uma mulher mais jovem, e minha mãe, dona Sandra, uma enfermeira incansável, está lidando com tudo da melhor forma que pode.

Essa mudança é a nossa tentativa de recomeçar. Ligo o chuveiro, deixando a água quente escorrer pelo meu corpo. Enquanto a névoa toma conta do banheiro, penso no que me espera hoje. Meu último ano do ensino médio.

Uma nova escola, novas pessoas, e provavelmente novas humilhações. Mas você vai ter tempo suficiente para conhecer mais sobre mim enquanto minha história patética – ou cômica, dependendo do ponto de vista – se desenrola.

Saio do banheiro, ainda envolta no vapor, e me visto com o uniforme da escola que recebemos ontem. Uma blusa preta de botões grandes, uma saia azul rodada, meias longas pretas e tênis brancos. Ao me encarar no espelho, não consigo esconder minha indignação.

— Fala sério! Que tipo de colégio faz um uniforme com uma saia tão curta? Estou indo para a escola ou para uma passarela? — bufo, puxando a barra da saia inutilmente para baixo.

Ainda insatisfeita, dou meia-volta e pego minha mochila, tentando ignorar o desconforto. É hora de encarar o desconhecido.

(...)

Assim que desço as escadas, encontro minha mãe na cozinha, já pronta e ajeitando a mesa do café. Ela está de uniforme, os cabelos presos em um coque simples, com a expressão serena de quem já enfrentou o caos da manhã e saiu vitoriosa.

— Até que enfim, não é, filha? — ela comenta, olhando para mim com aquele misto de exasperação e alívio. — A escola é perto, e os vizinhos ao redor parecem ser pacíficos, então a senhorita pode ir caminhando para o colégio.

Me jogo em uma das cadeiras, ainda meio zonza pelo sono.

— Ótimo... Caminhar, logo de manhã cedo, com essa saia minúscula. Que dia maravilhoso para ser humilhada na frente de estranhos. — Meu tom é ácido, mas ela apenas revira os olhos, já acostumada com meu humor matinal.

— Deixe de drama, Anastácia. Você vai se sair bem. É só uma escola, não um desfile de moda. — Diz ela.

— Parece que foi exatamente isso que eles pensaram ao escolher o uniforme. — Retruco, mordendo uma torrada que ela colocou no meu prato.

— Você vai sobreviver. — Ela se aproxima, colocando uma caneca de café na minha frente. — E, se não quiser que eu grite para os vizinhos que você ainda dorme abraçada com seu gatinho de pelúcia, é melhor sair logo.

Eu a encaro, boquiaberta, o sangue subindo para o meu rosto.

— Você não faria isso!

— Ah, querida, não duvide de uma mãe.

Ela sorri de canto, vitoriosa, enquanto termino meu café apressadamente. Levanto da cadeira, pegando minha mochila, e me dirijo à porta.

— Tudo bem, tudo bem. Estou indo.

— Vai com Deus, filha! E não esquece de sorrir! — Grita ela.

Fecho a porta com um suspiro, sentindo o peso do primeiro dia de aula me esmagar. As ruas de Vale Sombrio estão calmas, e a brisa fria da manhã carrega um cheiro úmido, como se tivesse chovido à noite. Olho ao redor enquanto caminho.

Casas antigas, com jardins bem cuidados e cercas de madeira, alinham as calçadas. Parece uma cidade tranquila, mas algo nela me deixa inquieta. Talvez seja o silêncio. Ou talvez seja só paranoia minha.

O colégio logo surge no horizonte, grande e imponente, com sua fachada de tijolos avermelhados e janelas estreitas. Estremeço, mas continuo em frente, pronta para encarar o que quer que esse dia traga.

Assim que chego ao portão do colégio, solto um suspiro, erguendo os olhos para a sacada do prédio. A estrutura, com tijolos vermelhos e janelas altas, parece me encarar de volta, como se soubesse que estou fora do meu lugar.

Aperto a alça da mochila e entro, meus pés tocando a entrada como se cruzasse para outra dimensão. O choque vem rápido, como um balde de água gelada.

— Puta merda! Ah, não, que inferno! — murmuro para mim mesma, passando os dedos pelo cabelo em desespero ao perceber que, na pressa, a gênia aqui esqueceu de escová-lo.

Enquanto tento arrumar os fios de qualquer jeito, desembaraçando-os com os dedos, caminho distraída. E, claro, como a lei de Murphy adora uma oportunidade, dou de cara com alguém.

Não só dou de cara: trombo com tudo, e o impacto me derruba. Minha queda é inevitável e nada graciosa. O chão frio se conecta diretamente com minha bunda, graças à infame saia curta.

Antes que eu consiga me levantar ou soltar uma reclamação, uma voz grave, porém incrivelmente aveludada, ecoa:

— Se machucou?

O arrepio que percorre meu corpo é quase instantâneo, dos pés à cabeça, e quando levanto o olhar para o dono da voz, meu coração dispara. Bate como um tambor, alto o suficiente para que eu tenha certeza de que ele consegue ouvir.

"De onde saiu esse homem?", penso, estupefata.

Ele é, sem exageros, o homem mais atraente que já vi. O terno bem alinhado destaca sua postura impecável, e seu rosto... Meu Deus, que rosto! Anguloso, forte, e com um olhar tão penetrante que faz minhas pernas fraquejarem, mesmo sentada.

— Ei, garota. Está me ouvindo? — A voz dele, agora um pouco mais autoritária, me tira do transe.

Percebo que estou parada, encarando-o como uma idiota completa, e o pior de tudo: com os olhos esbugalhados. Ao meu redor, alguns alunos já começaram a cochichar, enquanto passam olhando a cena com curiosidade mal disfarçada.

— E-estou, — gaguejo, a palavra saindo antes que eu consiga me controlar.

"Mas que merda, Anastácia! Desde quando você gagueja, garota?", me repreendo mentalmente.

Ele suspira, claramente sem paciência, e me lança um olhar intenso que me faz encolher. Por um momento, juro que ele vai me xingar ou dizer algo pior, mas em vez disso, ele solta:

— É Anastácia Miller, não é? A aluna nova?

Surpresa por ele saber o meu nome, apenas faço que sim com a cabeça. Mas, enquanto afirmo, percebo uma mudança sutil no olhar dele. Algo perigoso e indecifrável surge por um segundo, antes de ele continuar:

— Então, Anastácia, levante desse chão e olhe por onde anda da próxima vez. Ou acabará caindo como uma fruta podre. Sempre!

Dito isso, ele se vira e sai, os passos firmes e elegantes, como se tivesse acabado de pisar em um palco e deixado a plateia hipnotizada. Fico aqui, sentada no chão, sem acreditar no que aconteceu.

Minha mente grita em indignação.

"Seja lá quem for esse cretino metido a gostosão, ele acabou de me chamar de fruta podre! Fruta. Podre!"

Minha vergonha dá lugar à raiva em segundos. Isso não vai ficar assim. Não mesmo!

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Comments

Bruna Carolina

Bruna Carolina

Iniciando, parece ser bom!!

2025-01-24

1

Vivi

Vivi

gostei do começo

2025-01-21

1

Ver todos

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