Frederick
Assim que saio da sorveteria, meus olhos se movem automaticamente para o canto onde Anastácia estava. Mas, para minha surpresa, e quem sabe, frustração, ela já não está mais ali.
— Ela já foi embora, Fred. — A voz descontraída de Pablo rompe meus pensamentos enquanto ele se aproxima.
Viro-me para ele, tentando manter a compostura.
— E eu com isso? Ótimo que ela já se foi.
Empurro o sorvete em sua direção.
— Toma.
Pablo segura o sorvete, franzindo a testa.
— Perdeu a vontade, irmão?
Ignoro o tom provocativo e caminho em passos largos até meu carro.
— Perdi, sim. — Respondo de relance antes de abrir a porta e entrar no veículo.
Dentro do carro, ajusto o retrovisor, mas meus olhos não estão no trânsito ou na rua. Eles estão fixos na minha testa. A pele está vermelha, e uma pequena, mas visível, protuberância começa a se formar.
— Ótimo! — Resmungo, balançando a cabeça. — Mas que raios você foi fazer, Frederick?
Avalio minha imagem por mais alguns segundos, passando os dedos sobre o machucado com uma expressão irritada. A batida na porta de vidro foi uma consequência direta da distração, da incapacidade de tirar os olhos dela. Ou melhor, daquele magricela ao lado dela, que por um momento me fez pensar que iria beijá-la.
Só de lembrar a cena, sinto um calor subir pelo meu corpo, como uma raiva ardente que nem eu mesmo sei de onde vem.
Aperto as mãos no volante, meus dedos se fechando com força sobre o couro.
— Isso precisa parar. — Murmuro para mim mesmo, mais como uma ordem do que uma constatação.
Piso fundo no acelerador, o motor ronca alto e os pneus cantam contra o asfalto. Quero distância disso tudo. Quero chegar logo em casa, me isolar, me recompor.
Mas a cada quilômetro que avanço, a imagem dela e daquele garoto juntos permanece em minha mente como uma maldita chama que não consigo apagar.
Não demora muito para que a visão familiar da minha casa se destaque no topo da colina. A silhueta imponente da mansão Selman surge contra o céu em tons de laranja e roxo do entardecer, como um castelo vigiando Sombra Vale lá de cima.
Acelero mais, sentindo o motor do carro rugir em resposta à minha impaciência. O portão automático se abre lentamente, mas não o suficiente para o meu humor. Piso no freio com força, e o carro para bruscamente enquanto o portão finalmente me dá passagem.
Assim que atravesso a entrada, o grande jardim, perfeitamente cuidado, dá as boas-vindas. Os postes de luz acendem automaticamente, iluminando a imensa fachada de pedra da mansão. Tudo aqui é meu. Cada detalhe deste lugar grita tradição e poder.
Estaciono o carro na garagem e desligo o motor. Por um momento, fico aqui sentado em silêncio, segurando o volante com força. Olho meu reflexo no retrovisor mais uma vez; a pequena protuberância na testa me encara de volta, como um lembrete irritante do dia caótico que tive.
— Imbecil... — resmungo para mim mesmo, soltando o ar com força.
Abro a porta do carro e saio, ouvindo os meus passos pesados ecoarem pela garagem vazia. A mansão é grandiosa, mas o silêncio é quase opressor.
Ao entrar, a familiaridade do ambiente tenta me acalmar. Os pisos de mármore, os lustres brilhantes, as paredes cobertas de retratos ancestrais... Tudo me lembra quem sou, o peso da linhagem que carrego.
Mas nada disso apaga o fogo que ainda arde em mim, aquele que ela provocou, mesmo sem querer.
— Maldita Anastácia Miller... — murmuro enquanto fecho a porta atrás de mim, o som ecoando por todo o salão vazio.
Sem perder tempo, sigo para meu escritório, onde sempre encontro refúgio. Hoje, porém, nem o silêncio nem o conforto do meu lar parecem ser suficientes para afastá-la da minha mente.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Bruna Carolina
Tá todo bobo por ela!!kkkkkk
2025-01-25
0
Vivi
Anastácia é fogo 🔥
que mistérios envolve o Vinny
2025-01-22
3
Jane Silva
🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
2025-01-22
1