Capítulo - 5

Anastácia

Enquanto o encaro, minha mente trabalha a todo vapor. Que droga de primeiro dia é esse? Eu me mudei ontem, acordei atrasada, e agora estou cara a cara com o diretor mais arrogante, convencido e... inexplicavelmente atraente que já vi.

Mas se esse metido a gostosão pensa que pode me intimidar, está redondamente enganado. Dou um passo à frente, diminuindo a distância entre nós, mantendo o olhar fixo no dele.

— O senhor me chamou de fruta podre mais cedo, — disparo, sem me importar com as possíveis consequências. — Acha mesmo que isso é algo que um diretor deveria dizer a uma aluna?

Ele sorri, um sorriso de canto que exala superioridade, como se estivesse no controle de tudo.

— Eu sou o diretor desta escola, ou melhor, o proprietário de tudo aqui, — diz ele com uma voz firme e cortante. — Você está no meu território, garota, e para o seu próprio bem, sugiro que ande na linha.

Minha raiva só aumenta. Quem ele pensa que é para falar comigo desse jeito? Ele pode ser dono até da lua, mas eu não vou abaixar a cabeça para ninguém.

— Esse colégio, até a porcaria desta cidade pode ser sua, — retruco, minha voz afiada como uma lâmina. — Mas eu não sou sua propriedade, diretor. Eu sou livre para ir e vir, e também para dizer o que penso. Então, saiba que você não me assusta, Frederick Selman. No máximo, você me irrita. Muito.

O silêncio que segue minhas palavras é quase ensurdecedor. Ele me encara, seus olhos fixos nos meus como se estivesse tentando decifrar algo. Há uma intensidade neles que quase me faz recuar, mas eu não dou esse gosto a ele.

A tensão cresce entre nós, como uma corda sendo esticada ao limite. Ele parece que vai me devorar aqui mesmo, seus olhos brilhando com algo que não consigo definir. É raiva? É desejo? Ou algo mais profundo e perigoso?

Por um momento, sinto meu coração acelerar, e isso me deixa ainda mais irritada comigo mesma. Eu me recuso a ser uma daquelas garotas que perdem o senso diante de um homem bonito.

— Tome cuidado com suas palavras, Anastácia, — ele finalmente diz, sua voz grave como um trovão. — Você pode não saber ainda, mas está brincando com fogo.

Eu o encaro com desdém e dou um passo para trás, cruzando os braços.

— Não se preocupe, diretor. Eu sei exatamente como lidar com o fogo.

Com isso, viro as costas e sigo meu caminho. "Se o senhor quer me desafiar, querido diretor, espero que esteja preparado, pois não vou ceder." Esse pensamento ecoa na minha mente enquanto continuo andando pelo corredor.

Sinto meu sangue ferver de raiva e, talvez, de uma sensação que não consigo nomear. Frederick Selman é o tipo de pessoa que faz questão de se colocar acima de todos, mas ele vai aprender rápido que eu não sou como o restante.

A cada passo, respiro fundo, tentando acalmar o tumulto em minha mente. No entanto, não consigo evitar uma última olhada por cima do ombro. Lá está ele, parado no mesmo lugar, os olhos fixos em mim. Há algo no modo como ele me observa que me dá calafrios, mas não do tipo ruim... o que é ainda mais frustrante.

Viro rapidamente o rosto e sigo em frente, decidida. Ele pode ser o diretor, o proprietário dessa escola, ou até mesmo o "rei" de Vale Sombrio, mas não terá poder sobre mim.

Assim que chego ao banheiro, apoio as mãos na pia e encaro meu reflexo no espelho. Meu coração ainda está acelerado, e meus olhos brilham com determinação.

— Anastácia Miller, você não vai deixar esse babaca ganhar. Não vai dar a ele nem um centímetro de vantagem, entendeu? — digo para mim mesma, em um sussurro firme.

Dou um longo suspiro e ajeito meu cabelo, tentando me recompor. Não importa o quanto ele me provoque, não importa o quanto seus olhos pareçam me atravessar como lâminas, eu não vou fraquejar.

Quando saio do banheiro, sinto como se estivesse pronta para enfrentar qualquer coisa. E uma coisa é certa: se Frederick Selman quer brincar de jogo de poder, ele encontrou a oponente errada.

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