Anastácia
Uma semana depois...
Essa semana passou voando, e por sorte consegui juntar minhas economias e comprar um novo celular antes que minha mãe percebesse que estava sem. Não foi fácil, mas ao menos um problema foi resolvido.
O que ainda não consegui resolver é o estranho clima que se instaurou desde meu último encontro com o diretor Selman. Apesar de não termos trocado nenhuma palavra ou provocado um ao outro nos últimos dias, sinto como se algo estivesse suspenso no ar, esperando para explodir.
Chegando ao portão da escola, vejo Vini acenando para mim com entusiasmo, mas percebo também a agitação incomum ao redor. Grupos de alunos conversam animadamente, e o lugar parece mais movimentado do que o normal.
— O que está acontecendo, Vini? — pergunto ajustando a alça da mochila no ombro, enquanto me aproximo dele.
— É a feira de atividades que o diretor organiza todo ano — responde ele, com um sorriso que mostra sua empolgação. — Tem várias atividades legais e educativas, sabe? Tipo diversão que serve de aprendizado. E, olha só, hoje não teremos aula pra gente escolher as atividades que queremos fazer. A semana toda vai ser dedicada às apresentações.
Arqueio as sobrancelhas, surpresa.
— Nossa. Não sabia que o diretor tinha esse lado.
Vini dá de ombros.
— Pois é. Parece que até um tirano como ele ainda tem coração.
Por algum motivo, as palavras de Vini reverberam dentro de mim de um jeito inesperado. Meu coração acelera ligeiramente, mas eu afasto o pensamento com um sorriso irônico.
— Pois é, parece que o diretor Selman está tentando se redimir dos seus pecados. — Minha voz é carregada de sarcasmo enquanto seguimos pelo pátio.
O ambiente é agitado, e as atividades disponíveis estão espalhadas por toda a escola. Alunos riem e debatem suas escolhas, enquanto eu caminho ao lado de Vini, observando tudo. Mas então meus olhos captam algo: um cartaz colorido preso na parede.
— O que é aquilo? — pergunto, apontando para o cartaz e me aproximando.
— Ah, isso é a disputa de dança — diz Vini, ao meu lado. — É tipo uma competição entre os alunos e a equipe dos professores. Ou melhor, do diretor. Ele sempre participa. Só que, faz tempo que ninguém o desafia. A última vez foi há alguns anos, mas os alunos perderam feio. Desde então, ninguém mais teve coragem de competir.
Eu analiso o cartaz por um momento e, então, um sorriso começa a se formar no canto dos meus lábios.
— Já sei qual atividade vamos fazer, Vini. — Declaro, sem tirar os olhos do cartaz.
Vini se coloca na minha frente, os olhos arregalados.
— Você está louca, Anastácia?! Nós vamos ser massacrados! Eu sei que parece absurdo, mas os Selman mandam bem na dança. Tipo, muito bem.
— Nós também podemos mandar bem — retruco. — Basta ensaiarmos.
Ele balança a cabeça, frustrado.
— Não, você não está entendendo. Para participar, precisamos de mais duas pessoas. E você acha que alguém vai topar? Ninguém quer enfrentar o diretor nessa competição!
Olho ao redor, buscando alguém que possa completar a equipe. E então, meus olhos encontram exatamente quem eu precisava.
— Aquela garota! Ela pode ser da nossa equipe! — aponto para a menina que ajudei dias atrás, caminhando sozinha, encolhida entre os outros alunos.
Vini segue meu olhar e, ao reconhecer quem é, solta um suspiro exagerado:
— Por Deus, Anastácia. Você está falando da Laila Belmont?
— Isso! Ela mesma. — Respondo, já me movendo em direção a ela.
— Sério?! Olha só para ela! Laila parece ter vergonha até de existir no meio dos outros alunos. Quem dirá dançar na frente de uma plateia inteira! — Vini sussurra, tentando me dissuadir enquanto me segue.
— Eu já decidi, Vini. Vai ser ela! — Digo firme.
Chego até Laila, que parece surpresa ao me ver se aproximar. Ela para, hesitante, mas antes que ela diga qualquer coisa, sorrio e digo:
— Oi, Laila! Lembra de mim?
Ela olha para mim, claramente desconcertada. Sua voz soa baixa, quase como um sussurro:
— Claro, você é a garota que me ajudou contra aqueles meninos. Inclusive, mais uma vez obrigada.
Assinto com um sorriso suave e, sem desviar o olhar, digo:
— Aliás, me chamo Anastácia. E agora sou eu que preciso de sua ajuda, Laila. Quero participar da competição de dança, mas preciso de mais pessoas. Quer se juntar a nós?
Ela arregala os olhos ligeiramente, surpresa com o convite. Depois, lança um olhar rápido para Vini e passa a mão pelo próprio braço, claramente nervosa.
— Isso é loucura — diz ela com hesitação. — O diretor sempre ganha. Ninguém aqui é capaz de desafiar ele.
Respiro fundo, tentando não me deixar abalar pela negatividade dela. Dou um passo à frente, diminuindo a distância entre nós, e seguro seu olhar com firmeza.
— Vamos levar isso como uma diversão, Laila, como realmente deve ser. Quem liga se o diretor ganhar novamente? Ao menos teremos tentado. E, mais do que isso, nós entraremos para a história desta escola como os loucos que ousaram desafiá-lo.
Ela me encara, mas parece ainda indecisa. Aproveito para continuar:
— Além disso, essa é uma oportunidade para você também, Laila. Mostre a todos esses alunos que zombam e duvidam de você o quanto você é forte e capaz. Eu acredito em você, Laila. Eu acredito em nós.
Laila hesita por um momento, seus olhos se movendo entre mim e Vini. Então, com um sorriso tímido e um brilho hesitante nos olhos, ela finalmente diz:
— Tudo bem... Eu aceito.
Ao ouvir isso, um sorriso genuíno se espalha pelo meu rosto.
— Perfeito! Vamos mostrar a essa escola o que podemos fazer!
Vini, que vinha observando tudo em silêncio, suspira dramaticamente.
— Isso ainda parece loucura, mas se estamos todos entrando nesse barco, que seja.
Dou um leve tapa em seu braço, rindo.
— É isso aí! Agora só falta mais uma pessoa. Vamos encontrar nosso último integrante.
Enquanto caminhamos, sinto uma onda de energia renovada. Pela primeira vez, algo dentro de mim me diz que estamos prestes a fazer algo marcante.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Joelma Oliveira
essa daí gosta mesmo da treta viu!! caçadora de problemas
2025-03-14
3
Marines Silva
Você está passando dos limites sua doída kkkk
2025-01-27
3