Capítulo - 16

Frederick

Enquanto a noite se aprofunda sobre Vale Sombrio, o galpão no coração da floresta pulsa com tensão. O ar está impregnado de cheiro de madeira úmida, sangue e raiva. Diante de mim, o vampiro desgraçado, com o rosto já inchado e coberto de cortes, me encara com um sorriso zombeteiro.

Ele está sendo segurado firmemente pelos braços por dois membros da minha matilha, ambos em sua forma humana, mas irradiando uma energia selvagem pronta para explodir.

Ao redor, o restante do clã ronda em suas formas de lobo, dentes à mostra e rosnados baixos preenchendo o ar. Cada passo deles é um aviso claro de que, ao menor sinal meu, eles irão atacar sem hesitação.

A luz trêmula da lâmpada pendurada no teto lança sombras dançantes pelas paredes do galpão, mas é o sangue escorrendo dos cortes deste maldito que mais chama a atenção.

— Me diga! — Minha voz ecoa pelo espaço, grave e cheia de fúria. — Quem foi que te mandou? O que faz no meu território? Por que estava no teto da casa daquela garota? Você a conhece? O que ela significa para você?!

Por um momento, ele apenas me olha, o sorriso malicioso crescendo em seu rosto. Ele lambe o sangue que escorre de sua boca antes de finalmente responder, a voz carregada de sarcasmo:

— Eu não conheço nenhuma garota que você está dizendo. — Ele inclina a cabeça, como se saboreasse cada palavra. — Eu apenas senti um cheiro de sangue doce vindo daquela casa, um tipo bem distinto, se é que me entende. Então parei para fazer um lanchinho.

Minha visão fica vermelha. Antes que ele possa terminar a última palavra, meu punho já se enterra em seu rosto novamente. O som do impacto é abafado pelos rosnados dos lobos que aumentam ao meu redor.

— Cale a droga da sua boca! — Digo, a mão latejando com o impacto, mas a satisfação de vê-lo cuspir sangue foi maior. — Você acha que pode entrar no meu território, ameaçar a minha gente e sair vivo? Está muito enganado.

O vampiro ri, mesmo com a cabeça pendendo de lado, o rosto quase irreconhecível.

— Sua gente? — Ele cuspe mais sangue no chão, os olhos brilhando com algo entre desafio e loucura. — Você está protegendo aquela garota porque ela é "sua gente"? Ou porque ela é mais do que isso pra você?

As palavras dele me atingem como um golpe direto, mas não permito que ele veja o efeito. Avanço novamente, segurando-o pelo colarinho.

— Se eu fosse você, escolheria muito bem as próximas palavras. Meu controle tem limite, e você está bem perto de me fazer ultrapassá-lo.

Ele apenas sorri mais, os olhos de um vermelho vívido cravados nos meus, ao dizer:

— Então ultrapasse, lobo. Vamos ver até onde vai sua fúria.

A tensão dentro do galpão atinge seu ápice. Com um único aceno, meus lobos entendem minha ordem sem precisar de palavras. Eles soltam o vampiro, que cai no chão com um baque pesado, ainda tentando exibir aquele seu sorriso nojento.

Sem hesitar, movo-me com precisão. Em um único movimento fluido, minha mão atravessa o ar e, eu arranco a cabeça desse desgraçado. O som foi seco, o corpo tombando no chão enquanto o silêncio absoluto toma o lugar.

Fico aqui por um momento, segurando a cabeça dele na minha mão, olhando diretamente para os seus olhos já sem vida.

— Jamais me desafie. — Minha voz soa baixa, quase um rosnado. — E jamais ameace o que é meu.

Sem cerimônia, jogo a cabeça no chão com força, o som ecoando pelo galpão. Me viro para alguns membros do clã, que observam em silêncio, reverentes.

— Limpem essa bagunça. — Ordeno com firmeza, minha voz cortando o ar pesado.

Eles assentem prontamente, movendo-se para cumprir minha ordem enquanto eu saio do galpão. Do lado de fora, o cheiro da floresta úmida preenche o ar. A chuva recente deixou a terra encharcada, e o frescor misturado com a adrenalina faz meu peito subir e descer enquanto eu puxo o ar com força.

É quando ouço passos se aproximando. Não preciso olhar para saber de quem se trata. Pablo para ao meu lado, as mãos enfiadas nos bolsos da calça, a expressão calma enquanto olha para a escuridão da floresta à nossa frente.

— Seu lobo realmente despertou por ela, não foi, irmão? — Ele diz, a voz tranquila, mas carregada de significado. — E nem adianta tentar mentir para mim dessa vez.

Fecho os olhos por um momento, lutando contra as emoções que suas palavras despertam.

— Não é nada disso, Pablo. — Respondo, tentando manter a frieza na voz. — Ela é apenas uma humana tola.

Pablo sorri baixinho, um som cheio de ironia.

— Você pode tentar enganar os outros, Frederick, mas não a mim. Eu te conheço. Vi como reagiu quando ele mencionou ela. Você não está apenas protegendo seu território... está protegendo ela.

Fico em silêncio, os músculos tensionados. O que ele diz toca em um ponto que eu me recuso a admitir até para mim mesmo.

— Não importa o que eu sinto ou deixo de sentir, Pablo. — Digo finalmente, minha voz carregada de firmeza. — O que importa é que ninguém vai ameaçar o que é meu.

Ele me olha de canto de olho, o sorriso ainda presente.

— Se continuar assim, não vai demorar para você perceber que ela já é mais sua do que você gostaria de admitir.

Antes que eu possa responder, ele dá uma última risada e se afasta, desaparecendo na escuridão. Fico aqui, sozinho, com os sons da floresta ao meu redor e as palavras de Pablo ecoando em minha mente.

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Comments

Joelma Oliveira

Joelma Oliveira

todo mundo ouviu e ja entendeu

2025-03-14

0

Joelma Oliveira

Joelma Oliveira

bom... isso inocenta o vini... espero...

2025-03-14

0

Bruna Carolina

Bruna Carolina

É Pablo ele está apaixonado!!!

2025-01-25

1

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