Capítulo - 11

Dia Seguinte...

Anastácia

Corro segurando a barra da saia com uma mão e a mochila com a outra, tentando evitar que a brisa matinal levante o tecido leve. O som dos meus passos ecoa na calçada, misturando-se ao canto dos pássaros que começam a dar vida ao novo dia. Só espero não estar atrasada.

Nem tive tempo de tomar café direito. Dormi como uma pedra, mas algo me perturbou durante a madrugada. Por um momento, foi como se tivesse ouvido barulhos pesados do lado de fora, passos fortes e um som abafado que parecia um uivo. Desde então, acordei com essa sensação incômoda de estar sendo observada.

Assim que chego ao portão da escola, dou um suspiro aliviado. Não estou atrasada. Ainda bem. Mas minha tranquilidade dura pouco. Meus olhos captam algo que imediatamente faz meu sangue ferver.

Alguns garotos estão cercando uma menina gordinha, e suas risadas altas deixam claro que não é uma interação amigável. A garota, claramente desconfortável, tenta recuperar sua mochila, que é arremessada de um lado para o outro, como um jogo cruel.

E então percebo algo ainda mais revoltante: a maneira como eles curvam exageradamente suas cabeças para baixo enquanto a mochila passa por ela. Estão tentando espiar debaixo da saia dela.

Meus punhos se cerram automaticamente, e o mundo ao meu redor parece silenciar por um momento. A raiva pulsa em minhas veias, aquecendo meu corpo. Antes que eu perceba, já estou caminhando em direção a eles, passos firmes, a expressão dura no rosto.

Quando um dos garotos joga a mochila novamente, eu me coloco entre eles, pegando-a no ar com um movimento rápido e preciso. O grupo de idiotas congela por um momento, surpreso com a minha intervenção.

— Seus babacas, deixem a garota em paz. — Minha voz sai firme, sem tremor, carregada com uma autoridade que nem sabia que possuía.

Eles me encaram, confusos, talvez pensando que eu sou apenas uma aluna nova sem noção, mas não importa. Eu não vou permitir esse tipo de coisa. Não enquanto estiver por perto.

O mais alto deles se aproxima, com um sorriso torto que parece querer me intimidar. Talvez ele pense que, por ser mais alto, vai me fazer recuar.

— O que foi, novata? Está querendo participar da diversão também? Agora me devolve a mochila da balofa aí. — Ele estica a mão, como se estivesse no direito de exigir qualquer coisa.

Ignoro sua provocação e, sem hesitar, viro para a menina, entregando a mochila em suas mãos trêmulas.

— Toma. Saia daqui. — Minha voz é firme, mas baixa o suficiente para não alarmá-la ainda mais.

Ela me lança um olhar de alívio e gratidão, murmurando um "obrigada" antes de sair correndo. Volto meu olhar para os idiotas à minha frente, cruzando os braços.

— E vocês, cérebros de amebas, vão procurar algo mais útil para fazer.

Os três trocam olhares entre si, surpresos por minha atitude, mas logo se recuperam e me cercam, achando que estão em vantagem. O mais alto, que parece ser o líder, dá um passo à frente com um sorriso de superioridade.

— Você não sabe com quem se meteu, sua estúpida.

Antes que eu possa responder, ele ergue a mão, provavelmente para me dar um tapa. O movimento é rápido, mas o que acontece em seguida é ainda mais rápido. Uma mão firme surge do nada, segurando a dele no ar.

O perfume amadeirado e inconfundível me atinge antes mesmo de ouvir a sua voz.

— Eu não faria isso se fosse você. — A voz do diretor Selman ecoa, fria e cortante.

O líder do grupinho empalidece no mesmo instante, e os outros dois recuam um passo. O diretor me lança um olhar breve, mas carregado de significado, antes de soltar a mão do garoto, e dizer:

— Quero os quatro na minha sala agora!

Bufo irritada, cruzando os braços enquanto encaro o diretor com um olhar carregado de sarcasmo, digo:

— Jura, diretor? Mas eu não fiz nada. Foram esses babacas que estavam aprontando com uma garota. Inclusive, estavam tentando espiar debaixo da saia dela.

O diretor vira para mim, as sobrancelhas arqueadas, mas há algo em seus olhos, um lampejo de exasperação misturado com... outra coisa.

— Na minha sala, Miller. Agora. — Ele diz, sem paciência.

Respiro fundo, revirando os olhos. Essa história está longe de acabar, e algo me diz que eu ainda vou me arrepender de ter saído da cama hoje.

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Comments

Claudia Magda de Paula Maia

Claudia Magda de Paula Maia

amando como sempre novelas de lobisomem

2025-03-10

1

Joelma Oliveira

Joelma Oliveira

nao consigo entender esse facínio que essas histórias tem.... se bem que não preciso entender só aproveitar mesmo 😆

2025-03-14

2

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