Capítulo - 12

Frederick

Enquanto os quatro me seguem pelo corredor, meu humor só piora. Anastácia suspira atrás de mim, provavelmente frustrada, mas eu a ignoro. Minha mente está dividida.

De um lado, esses garotos idiotas que não têm ideia do tamanho da confusão que criaram. Do outro, o vampiro que escapou ontem à noite. E o pensamento de que possa voltar me deixa furioso.

Chegamos à sala de aula deles, e faço questão de avisar os professores sobre a ausência dos alunos. O silêncio no corredor é cortante, mas posso sentir a tensão entre nós. O som dos passos dela atrás de mim é o mais audível.

Quando chegamos à minha sala, abro a porta sem dizer uma palavra. Um a um, eles entram, Anastácia sendo a última. Ela me fuzila com o olhar, mas não recuo. Fecho a porta atrás de mim e sigo até a minha cadeira, me sentando devagar, como quem tenta conter uma tempestade.

— Então vamos lá. O que aconteceu? Sou todos ouvidos. Quem dos quatro vai começar a falar? — Minha voz sai mais baixa, mas carregada de autoridade.

Antes que qualquer um dos três garotos abra a boca, Anastácia solta uma risada seca. Ela balança a cabeça, como se estivesse tentando processar o absurdo da situação, e diz:

— Isso é sério? Eu te disse o que aconteceu. O senhor é surdo por acaso?

Meus olhos se estreitam, e me inclino para frente, apoiando os cotovelos na mesa.

— Miller, tome cuidado com o seu tom. Esta é a minha escola, e você está na minha sala. Aqui, sou eu quem faz as perguntas.

Ela cruza os braços e me encara, desafiadora, os olhos brilhando de indignação.

— E eu já te dei as respostas, diretor. Esses idiotas estavam atormentando uma garota e tentando espiar debaixo da saia dela. Quer mais o quê? Quer que eu desenhe?

Um dos garotos, visivelmente incomodado, tenta se justificar:

— Ela está exagerando, diretor. Não foi nada disso.

Levanto a mão, interrompendo-o.

— Cale-se. Ninguém falou com você ainda. — Minha voz soa como um trovão, e ele imediatamente se encolhe.

Olho de volta para Anastácia, meu olhar preso ao dela. Ela não desvia, e por um segundo, fico impressionado com a sua ousadia.

— Muito bem, Miller. Já que você gosta tanto de falar, por que não nos explica detalhadamente o que aconteceu? Vamos ver se a sua versão convence.

Anastácia bufa, mas não recua. Ela descruza os braços e dá um passo à frente, apontando para os três garotos com a mesma determinação de antes.

— Eu já disse. Esses três aqui estavam jogando a mochila de uma garota como se fosse uma bola, rindo dela. E, para completar, estavam inclinando a cabeça de propósito, tentando olhar debaixo da saia dela. Então eu intervi e peguei a mochila para devolver à garota, mas eles não gostaram e decidiram me cercar. Foi quando você chegou. Alguma dúvida, diretor?

Ela termina com um tom de desafio que quase me faz sorrir, mas contenho qualquer reação. Os três garotos se agitam, tentando intervir ao mesmo tempo.

O mais alto, diz rapidamente:

— Não foi assim! Ela está mentindo, diretor!

O segundo, acrescenta:

— Ela que provocou a gente, não fizemos nada de mais.

E o terceiro, finaliza:

— Só estávamos brincando! A gordinha nem ligou, eu juro.

Minha paciência chega ao limite. Me levanto de forma abrupta, fazendo a cadeira ranger e os garotos se calarem de imediato.

— Brincando? — Repito com desdém, encarando o que parece ser o líder do grupo. — Espiar debaixo da saia de alguém é brincadeira para vocês? Intimidar e humilhar uma colega é algo que vocês acham engraçado? Porque, se acham, posso garantir que vocês estão prestes a descobrir o que eu considero divertido.

Eles trocam olhares nervosos, mas ninguém ousa falar. Olho para Anastácia, que mantém a postura firme, mas percebo que ela também está tensa.

Me volto para os garotos, cruzando os braços, ao dizer:

— Agora vocês. Quero a verdade. E aviso: se eu pegar qualquer um de vocês mentindo, vão desejar nunca ter cruzado comigo. Comecem.

O líder, o mais alto e aparentemente o mais confiante, toma a dianteira, dizendo:

— Olha, diretor... A gente não tinha intenção de machucar ninguém. A garota nem reclamou. E essa novata aí começou a gritar com a gente sem motivo. Só tentamos nos defender.

Ele termina com uma expressão que tenta ser convincente, mas que só me dá vontade de rir de sua mediocridade.

Anastácia resmunga, prestes a interromper, mas levanto uma mão em sua direção, pedindo silêncio.

— Sem motivo, é? Então você acha que intimidar alguém por diversão é aceitável? Acha que é normal transformar outra pessoa em alvo do seu ridículo só porque pode? — Digo firme.

Me aproximo dele, minha voz ficando mais baixa, mas cada palavra carregada de ameaça.

— Escute bem, garoto. Isso aqui não é o seu playground. Eu não tolero bullying nesta escola. Vocês três estão oficialmente suspensos por uma semana, e vou convocar seus pais para uma reunião. Quero eles aqui amanhã. Se tentarem repetir algo assim, irão se arrepender. Estamos entendidos?

Os garotos apenas acenam com a cabeça, visivelmente intimidados.

Olho para Anastácia, que sorri de canto, satisfeita com a decisão, e digo:

— Senhorita Miller, você está dispensada. E, da próxima vez, tente não se colocar em situações que possam sair do controle.

Ela revira os olhos e caminha até a porta sem dizer nada. Mas antes de sair, vira a cabeça ligeiramente, lançando-me um olhar que parece um misto de provocação e desafio. E então ela sai, me deixando sozinho com os três encrenqueiros e minha irritação crescente.

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Comments

Lourdes Morais

Lourdes Morais

que bom eles foram suspenso uma semana

2025-03-29

0

💕Sonia Sapelli

💕Sonia Sapelli

coloca eles na linha URUUU

2025-04-14

0

Joelma Oliveira

Joelma Oliveira

se todas as escolas agissem assim, nao teriam tantos casos de bulling no mundo

2025-03-14

2

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