Capítulo - 9

Anastácia

Aqui estou eu, de banho tomado e com a mente inquieta, depois de um jantar tranquilo com minha mãe. Sentada no batente da janela do meu quarto, observo a noite fria que já tomou conta de Vale Sombrio. As estrelas brilham como pequenas joias no céu, e o silêncio da cidade é quase reconfortante... quase.

Uma brisa fria entra pela janela aberta, acariciando meu rosto e fazendo meus cabelos se agitarem levemente. É nesse momento que ouço algo que me faz congelar: um uivo. Não um uivo qualquer, mas algo forte, profundo, quase... primitivo. Meu corpo inteiro se arrepia.

Meus olhos se arregalam, e murmuro para mim mesma:

— Tem lobos em Vale Sombrio?

Antes que eu possa processar, minha mãe entra no quarto, me tirando de meus devaneios. Ela me olha com um semblante preocupado e diz:

— Filha, saia dessa janela. Está frio.

Fecho os olhos por um instante, tentando ignorar o arrepio que ainda percorre minha espinha. No exato momento em que estou prestes a responder, outro uivo ecoa pela noite, e desta vez não é apenas um. São vários. É como se toda a floresta ao redor estivesse viva, cheia de presenças que eu não consigo ver.

Minha mãe se aproxima rapidamente, segura minha mão e me puxa delicadamente para longe da janela, fechando-a com uma firmeza incomum. Ela se vira para mim, o rosto ainda mais sério, e diz:

— Eu não quero você andando sozinha à noite por essa cidade, Anastácia. Está me ouvindo?

Franzo o cenho, confusa. É claro que não costumo sair à noite, então por que ela estaria tão insistente nisso? Pergunto, tentando entender:

— Tudo bem, mãe. Mas por que está me dizendo isso? Aconteceu algo no seu trabalho?

Ela hesita por um momento, engolindo em seco. Seus olhos evitam os meus, mas logo ela sacode a cabeça e responde rapidamente:

— Não aconteceu nada, filha. É só preocupação de mãe.

Ela se aproxima e me dá um beijo na testa, sua mão ainda descansando brevemente em meu ombro, antes de dizer com um tom mais suave:

— Agora vá dormir, está bem? Boa noite!

Assinto, mas algo na maneira como ela saiu do quarto, apressada demais, me deixa com a pulga atrás da orelha. Há algo que ela não está me contando, e isso é claro como o dia.

Volto minha atenção para a janela. Apesar do vidro fechado, os uivos ainda ressoam ao longe, carregando algo que não sei explicar... uma sensação de força, de mistério, de perigo. Aproximo-me devagar, colocando a mão no vidro frio, tentando enxergar além do reflexo do meu próprio rosto.

— Parece que de alguma forma, tudo se conecta aqui em Vale Sombrio. Será que a família Selman tem algo a ver com isso? Será que meu infame diretor esconde um lado obscuro? — Minha voz é quase um sussurro, mas firme.

Dou um suspiro longo e, com um meio sorriso de desafio, concluo:

— É, Anastácia, você tem grandes mistérios nas mãos. Mas, de uma coisa tenho certeza... vou desvendá-los.

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Comments

Joelma Oliveira

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Alessandra Almeida

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