Lembranças e Revelações

Isabela está sentada em sua cama, olhando para o vazio. A luz era noite a luz do quarto mal ilumina seu rosto, mas seus olhos estão distantes, presos em memórias que insistem em voltar. Ela fecha os olhos, e sua mente a transporta para o passado.

10 anos de idade

Ketelin e Isabela estão no quintal da casa de Isabela, brincando de casinha com bonecas. A alegria infantil é contagiante, e ambas riem sem preocupações.

— Amiga, quem você acha que vai casar primeiro? — pergunta Ketelin, com um sorriso inocente.

Isabela ergue a cabeça com confiança e responde:

— Com certeza serei eu!

— Bem, seja lá quem for, tenho certeza que nossos casamentos serão lindos! — diz Ketelin, segurando a boneca como se fosse uma noiva.

O som das risadas das duas ecoa nas lembranças de Isabela, mas a memória começa a avançar rapidamente.

13 anos de idade

Na escola, Isabela e Ketelin estão no intervalo, sentadas em um banco próximo à quadra.

— Amiga, acho que estou apaixonada. — diz Isabela, com o rosto iluminado.

— Nossa! Quem é o sortudo? — pergunta Ketelin, curiosa e animada.

Isabela aponta discretamente para um garoto próximo, jogando bola com os amigos.

— O Thiago.

Ketelin sorri, compartilhando da felicidade da amiga. O sinal da escola toca, e ambas saem correndo para não se atrasarem para a aula.

Dias depois, Isabela está voltando da escola e decide cortar caminho por um beco estreito. O que ela vê, no entanto, a faz parar imediatamente. Lá estão Ketelin e Thiago, em um canto isolado, trocando beijos.

Com o coração acelerado e os olhos arregalados, Isabela se esconde atrás de uma parede, incapaz de acreditar no que está vendo.

— Cara, isso é tão errado! — diz Ketelin, afastando-se de Thiago.

— Por quê, bebê? — pergunta Thiago, com um sorriso provocador.

— Minha amiga gosta de você! — responde Ketelin, visivelmente desconfortável.

Thiago pergunta curioso

— qual amiga?

Ketelin diz de maneira desconfortável — a Isabela

Thiago ri alto e responde com frieza:

— Nossa, sai fora! Desculpa, mas nem por um decreto. Muito feia.

As palavras atingem Isabela como um soco. Seu coração, que já estava partido, é esmagado ainda mais. Sem ser vista, ela sai correndo, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Em casa, ela se tranca no quarto e chora como nunca havia chorado antes.

De volta ao presente

A lembrança se dissipa, mas o peso das emoções permanece. Isabela sente um aperto no peito, revivendo a traição e as palavras cruéis de Thiago.

"Djalma..." ela sussurra para si mesma, enquanto olha para uma foto emoldurada da turma da igreja que está em cima de uma estante. Seu olhar repousa em Djalma, que sorri na foto.

"Ele me viu de verdade. Sempre foi gentil. Sempre foi... tudo o que eu queria."

Ela se levanta da cama, com uma decisão ardendo em seu peito. Para Isabela, Ketelin não merece o amor de Djalma. Ela já teve sua chance com Thiago, é de novo com wallaf e agora está novamente tentando roubar algo que não lhe pertence.

"Agora e minha vez pela primeira vez irei lutar por esse amor." Diz Isabela determinada

Wallaf está inquieto, andando de um lado para o outro na sala, com a cabeça fervendo de raiva. Ele pega o celular, olha novamente para o áudio e, com a voz carregada de ódio, murmura:

— Foi por isso que aquela vagabunda desistiu de casar comigo...

Sem conseguir se conter, ele agarra o copo que estava na mesa e o arremessa contra a parede, gritando:

— Desgraçada! É isso que você é, uma desgraçada!

O barulho do vidro quebrando ecoa pela casa, acordando sua mãe, que corre para a sala assustada. Ela para na porta, observando a bagunça e o estado alterado do filho.

— Wallaf! Que loucura é essa? Por que você está fazendo isso?

Respirando fundo, ele tenta se acalmar, mas sua voz ainda carrega uma fúria contida.

— Olha isso, mãe. Ouve esse áudio aqui.

Ele coloca o áudio para tocar, e sua mãe ouve atentamente. A voz de Ketelin confessando estar apaixonada por outro homem , seu rosto reflete surpresa e preocupação.

— Então era isso? Ela já tinha alguém... — murmura a mãe, sem saber o que dizer.

Wallaf balança a cabeça, com o olhar carregado de revolta.

— Se duvidar, ela já estava me traindo com ele! Desde o começo!

Sua mãe percebe o estado do filho e tenta acalmá-lo, segurando levemente em seu braço.

— Filho, você precisa se controlar. Vou preparar um chá para você, ou você vai acabar tendo um ataque com tanta raiva.

Ele concorda com um gesto impaciente.

— Vai, mãe. Faz o chá.

Enquanto ela vai para a cozinha, Wallaf continua na sala, sentado no sofá, encarando o chão. A raiva em seus olhos só cresce, e ele começa a apertar o celular com força.

— Ela vai se arrepender de ter feito isso comigo. Vai pagar cada lágrima que me fez derramar.

Corta para Ketelin já em casa. Ela está na cozinha, quebrando um ovo na frigideira enquanto sua mente vagueia, refletindo se deve ou não se declarar para Djalma. O dilema a deixa inquieta, quando, de repente, Caio entra em casa, fechando a porta com um som repentino. Ketelin toma um pequeno susto e quase derruba o sal que estava segurando.

— Que isso, irmã, tá devendo, é? — brinca Caio com um sorriso.

Ketelin dá uma leve risada, tentando disfarçar o nervosismo.

— Que nada, só tava viajando aqui.

Caio inclina a cabeça, curioso.

— Percebi mesmo. Que tá rolando?

Ketelin balança a cabeça e, para mudar de assunto, percebe algo no irmão.

— Mas e você? O que aconteceu lá fora? Você tá meio... diferente.

— Como assim? Eu tô normal — responde Caio, levantando uma sobrancelha, confuso.

— Sei lá, parece que tem algo diferente em você, tipo uma luz, sabe?

Caio dá uma leve risada, tentando desviar do assunto.

— Lá vem você com essas ideias. Quer saber? Vou dormir que eu ganho mais. Boa noite.

— Vai lá, preguiçoso! — retruca Ketelin com uma risada enquanto percebe o cheiro de algo queimando.

— Ai, meu ovo! — exclama, voltando rapidamente a focar no preparo antes que estrague de vez.

Enquanto isso, Caio se deita em sua cama, soltando um suspiro longo. Ele olha para o teto, e tudo o que passa por sua cabeça é a companhia de Sonya. Ele nunca tinha imaginado que um simples encontro pudesse ser tão agradável e marcante. Um leve sorriso surge em seu rosto enquanto seus pensamentos se perdem na lembrança dela.

Robson está em seu barraco, cercado por um grupo de marginais em volta de uma mesa velha. Sobre ela, um mapa detalhado de uma loja de eletrônicos, com anotações e setas rabiscadas estrategicamente. Ele encara os presentes com um olhar firme e autoritário.

— E aí, rapaziada? Fim de ano tá chegando, e vocês sabem o que isso significa — diz Robson, com um tom entusiasmado. — É hora de botar nosso assalto em prática.

Cleber, sempre desconfiado, ergue a sobrancelha e questiona:

— Tá, mas quando vai ser essa operação?

Robson, com um sorriso malicioso, responde:

— Muito em breve. Fiquem tranquilos, que eu aviso vocês. O importante agora é focar na preparação. Esse roubo tem um potencial de lucro gigante, muito maior do que tudo que já fizemos até agora.

Os capangas, animados, começam a murmurar entre si, soltando risadas de excitação. Um deles bate na mesa com força.

— É disso que eu tô falando, chefe!

Robson levanta a mão para silenciar o grupo e continua:

— Mas nada de vacilos. Quero todo mundo alinhado, porque não tem espaço pra erro. Se isso der certo, cada um aqui vai poder ter o melhor fim de ano da vida.

O grupo, energizado pelo discurso, concorda com acenos de cabeça e palavras de incentivo. Robson se afasta da mesa, acendendo um cigarro, enquanto os outros voltam a discutir os detalhes da operação.

De canto, Cleber observa tudo em silêncio, com um olhar distante e calculista. Embora concorde com o plano, há algo nele que parece estar sempre tramando um movimento inesperado.

O sol ilumina suavemente o quarto de Caio, que acorda com um sorriso no rosto. O som das crianças brincando na rua ecoa pela janela aberta, anunciando mais um dia na movimentada Rua 2. Ele rapidamente pega o celular, ainda meio sonolento, e digita uma mensagem para Renato:

— "E aí, vamos aproveitar minha folga pra pensar em como vai ser nosso jogo?"

Poucos segundos depois, o celular vibra com a resposta de Renato:

— "Claro, mano! Se quiser passar aqui, pode vir."

Animado, Caio pula da cama, pega sua toalha e vai direto ao banheiro. Depois de escovar os dentes e ajeitar o cabelo, ele escolhe uma roupa confortável e se prepara para sair. Antes de sair de casa, ele dá uma última olhada no espelho, ajeitando a camisa com um sorriso confiante.

Já na rua, ele sente a energia típica do lugar: vizinhos conversando, um rádio tocando forró ao longe, e o cheiro de café fresco vindo de alguma casa próxima. Ele respira fundo e segue em direção à casa de Renato, cheio de ideias para o jogo que os dois estão planejando.

Caio chega ao portão da casa de Renato e chama pelo amigo. Depois de alguns minutos, Renato aparece, com um sorriso discreto no rosto, e abre o portão.

— "Entra aí, mano," diz Renato, enquanto Caio passa pela entrada.

Ambos seguem para o quarto de Renato, mas Caio percebe Dona Neide na sala, organizando algumas coisas. Ele não perde a chance de brincar:

— "Aí sim, hein, Dona Neide! Tá me copiando, pegou folga junto comigo?"

Dona Neide dá uma leve risada, mas sua resposta surpreende Caio:

— "Na verdade, fui demitida, meu filho."

Caio, visivelmente sem graça, tenta se desculpar:

— "Poxa, desculpa aí, Dona Neide, eu não sabia."

Dona Neide balança a cabeça, tranquila:

— "Não tem problema, querido. Isso acontece. A vida segue."

Com isso, Caio e Renato seguem para o quarto. Assim que entram, Renato fecha a porta e se joga na cadeira perto do computador, soltando um longo suspiro.

— "Complicado..." diz Renato, com um olhar pensativo.

— "O que exatamente?" pergunta Caio, curioso.

Renato coça a cabeça, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas:

— "Cara, com minha mãe sem emprego, é questão de tempo até ficarmos sem casa. Tô muito preocupado."

Caio, percebendo a angústia do amigo, tenta animá-lo:

— "Mano, relaxa. Sua mãe é guerreira. Ela vai arrumar algo melhor, tenho certeza. E, enquanto isso, a gente vai se virando."

Renato esboça um leve sorriso, mas a preocupação ainda é evidente:

— "Tomara, cara. Só não quero que as coisas piorem... Enfim, vamos focar no jogo. Melhor pensar em algo positivo."

Caio, sempre otimista, volta a se animar:

— "Bora! Vamos botar essas ideias em prática!"

Os dois começam a discutir o projeto, se perdendo no entusiasmo enquanto traçam planos para transformar o sonho em realidade.

Sonya está na sala assistindo TV quando ouve ao fundo seu pai, Marcelo, falando ao celular. A voz dele está carregada de preocupação.

— Não se preocupa... Você me deu um prazo e eu vou cumprir, só preciso de mais um pouco de tempo, ok? — diz Marcelo, tentando soar confiante, mas claramente inquieto.

Sonya, ao ouvir a conversa, desvia a atenção da TV e fica pensativa. Após um momento, Marcelo desliga o celular com um suspiro pesado.

— Quem era, pai? — pergunta ela, curiosa, tentando esconder sua desconfiança.

Marcelo hesita por um instante, mas rapidamente disfarça:

— Era um amigo do papai... Ele tá bravo porque talvez eu não consiga ir na sua festa de aniversário.

Sonya finge acreditar, mas o olhar dela ainda transparece dúvidas.

— Entendi... Bem, vou esperar a Bianca chegar. Quero conhecer esse pessoal da rua.

Marcelo sorri, aparentemente aliviado pela mudança de assunto.

— Bom saber que você está se enturmando. Inclusive, achei aquele rapaz que estava com você muito bacana.

Sonya suspira levemente, desviando o olhar, e responde:

— Verdade... Ele é, sim.

Os dois continuam conversando, mas na mente de Sonya a dúvida sobre o que realmente aconteceu na ligação persiste. Já Marcelo tenta a todo custo parecer calmo, escondendo suas preocupações para não alarmar a filha.

Caio e Renato estão sentados no quarto, rodeados por cadernos, anotações e rascunhos do jogo que estão desenvolvendo. Caio decide recapitular o conceito.

— Então, o jogo será ambientado em um mundo mágico onde humanos e seres como fadas, pôneis, duendes e outros vivem juntos, sem nenhum tipo de preconceito.

Renato concorda e acrescenta:

— Isso mesmo. Mas aí surge um grupo de intolerantes, liderados por um homem que odeia tudo o que é mágico, que decide atacar esse mundo e acabar com ele de uma vez por todas.

Caio pega o gancho e continua:

— E é aí que entra o protagonista. Ele precisa ser humano.

Renato arqueia a sobrancelha, curioso.

— Por que humano?

Caio explica com entusiasmo:

— Porque ele seria o contraponto perfeito para o vilão. Se tem um humano que quer destruir tudo o que é mágico, então faz sentido que o herói seja um humano disposto a lutar por esse mundo e protegê-lo.

Renato sorri, concordando.

— Gostei. É uma boa mensagem.

Caio dá uma olhada no celular e nota a hora. Ele se levanta, animado.

— Bom, daqui a pouco o pessoal vai se reunir lá na rua.

Renato faz que sim com a cabeça, mas olha para Caio, desconfiado.

— Certo... Mas isso não é nenhuma novidade. Por que você está tão ansioso por isso?

Caio hesita por um instante e responde, um pouco tímido:

— Bem... Eu convidei a Sony para ir conhecer o pessoal.

Renato para por um momento, pensativo, e depois comenta:

— Será que isso vai dar certo? Essa menina parece ser mó metida.

Caio sorri, confiante, e rebate:

— Ela não é essa pessoa que demonstra ser. Pode confiar.

Renato dá de ombros, pega sua carteira e diz:

— Tá bom, então vamos lá.

Caio o acompanha, com um leve sorriso no rosto, já antecipando como será apresentar Sony aos amigos.

Já na rua, o grupo habitual está reunido: Isabela, Júnior e Jefferson conversam animadamente, como sempre. Renato e Caio se aproximam e se juntam à roda. Jefferson, curioso, é o primeiro a falar:

— E aí, pessoal, qual é a boa de hoje?

Caio, com um sorriso no rosto, responde:

— Bom, gente, a Sonya, nossa nova vizinha, talvez venha nos conhecer hoje.

Isabela, com um tom carregado de arrogância, retruca:

— Ixi, essa menina é só problema. Não sei se seria legal ela andar com a gente.

Renato, sem perder tempo, rebate firme:

— Bom, a Bianca é super gentil, né? Vamos dar uma chance pra Sonya também.

Jefferson e Júnior concordam, acenando com a cabeça. Enquanto isso, Sonya e Bianca aparecem saindo pelo portão da casa. Caio, ao avistá-las, sente o coração acelerar. Seus olhos brilham, como se a presença de Sonya iluminasse seu dia inteiro. Ele mal consegue disfarçar a mistura de felicidade e ansiedade que sente naquele momento.

Sonya e Bianca finalmente chegam perto do grupo. Caio, tentando parecer calmo, se levanta e faz as apresentações:

— Bom, pessoal, essa é a Sonya.

Jefferson e Júnior sorriem e a cumprimentam educadamente. Já Isabela, mantendo o desprezo evidente, limita-se a lançar um olhar de julgamento e balançar a cabeça. Sonya percebe o clima, mas mantém a postura confiante, disfarçando o nervosismo que começa a surgir.

Ela e Bianca se sentam próximo de Caio e Renato, enquanto o grupo retoma a conversa. Aos poucos, o assunto flui e a integração entre os presentes começa, ainda que o clima com Isabela continue levemente tenso.

Já em outra parte da rua, Wallaf está encostado próximo à casa de Ketelin, com os olhos fixos no relógio de pulso. Ele pensa consigo mesmo:

— A Ketelin sempre sai essa hora para correr.

E, como previsto, após alguns minutos, ela aparece. Vestindo sua roupa de corrida e com fones de ouvido, Ketelin começa sua caminhada leve, imersa em sua própria rotina. Wallaf a observa à distância, seus olhos carregados de raiva e determinação.

— É hoje que eu tiro essa história a limpo — murmura ele, decidido.

Ketelin acelera o ritmo e, sem perceber, se afasta cada vez mais da segurança de sua rua. Wallaf a segue de maneira discreta, observando cada movimento. Após alguns minutos, ela chega a um beco que atravessa regularmente durante suas corridas.

Vendo a oportunidade perfeita, Wallaf rapidamente diminui a distância entre eles, segura firmemente o braço de Ketelin e a puxa para dentro do beco. Surpresa e assustada, Ketelin tenta se soltar, mas Wallaf, dominado pelo ódio, a prende contra a parede.

— Wallaf! O que você está fazendo? — pergunta Ketelin, com o coração disparado e a voz trêmula.

Wallaf, encarando-a com olhos ferozes, dispara:

— Me responde uma coisa, sua vagabunda. Você desistiu do nosso casamento pra ficar com aquele crente desgraçado, não foi?

Ketelin fica completamente paralisada, o choque da acusação e o medo do comportamento de Wallaf a impedem de formular uma resposta. Ela tenta desviar o olhar, mas a pressão de suas palavras e a situação intimidante a deixam sem saída.

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