Capítulo 20

...Isaac Castellani...

A manhã começou como de costume, com reuniões, e-mails e uma lista interminável de tarefas que me mantinham ocupado. Mas algo parecia fora do lugar. Por mais que tentasse me concentrar, minha mente vagava.

Aylme.

Desde cedo, não a tinha visto pelo hotel. Não era raro ela sumir por um tempo, mas havia algo diferente naquela manhã. Talvez fosse o jeito casual com que ela saiu do quarto, carregando uma bolsa como se tivesse planejado algo. Algo que não incluía me avisar. Pois é, eu não estava dormindo. Quando fui saindo do quarto para ir até a recepção, vi ela saindo do quarto dela. Quando retornei para o quarto, decidido em saber para onde ela foi, meu celular tocou, era meu avô ligando. Começamos a conversar, e não deu para ir atrás dela naquela hora. Tive que mentir para o velho, que ela estava no banho, quando ele me perguntou por ela.

Quando a ligação foi finalizada, suspirei, largando o celular e descendo até o saguão para procurá-la. Como esperado, ela não estava em lugar algum. Perguntei a um dos funcionários do hotel, e a resposta foi quase óbvia demais.

— Ela foi para a praia, senhor Castellani.

Claro.

Era típico dela, sair sem dizer nada, sem se preocupar com as implicações. Estávamos em um lugar público, cercados de paparazzi, e ela agia como se nada pudesse acontecer.

Peguei meus óculos de sol e fui atrás dela.

A praia estava cheia, como sempre, mas não foi difícil encontrá-la. Aylme sempre chamava atenção.

Ela estava deitada em uma cadeira de praia, com os óculos escuros cobrindo os olhos e o corpo relaxado sob o sol da manhã. Por um momento, fiquei parado, observando-a de longe. Ela parecia completamente à vontade, como se estivesse em um mundo à parte, onde nada mais importava, vestida em um biquíni tão pequeno, que pensei que ela havia roubado de alguma criança na praia.

Mas o que realmente me chamou a atenção foi o homem ao lado dela.

Ele estava sentado na areia, ainda molhado de um provável mergulho. Com a pele bronzeada e o sorriso fácil, parecia alguém que sabia exatamente como atrair a atenção das pessoas.

Eles estavam rindo juntos, em uma conversa tão descontraída que era quase impossível ignorar a química entre eles.

Senti meu maxilar se contrair.

Não fazia sentido me incomodar com aquilo. Eu sabia disso. Nosso casamento era um contrato, e eu não tinha direito algum de me sentir ofendido ou traído por algo assim.

Mas, ainda assim, algo dentro de mim queimava como chama, que nem rios de água poderia apagar.

Caminhei em direção a eles, ignorando a areia quente sob meus sapatos, com cada passo alimentando a irritação crescente. Quando finalmente cheguei, joguei o jornal dobrado no colo de Aylme, interrompendo o momento com uma força que não era intencional, mas definitivamente necessária.

Ela me olhou com surpresa, e o homem ao lado dela pareceu confuso.

Eu me sentei entre os dois, sem pedir permissão, criando uma barreira clara e inegociável.

Depois que ele finalmente se afastou, algo que não aconteceu tão rapidamente quanto eu gostaria, virei-me para ela.

— Você gosta de causar problemas, não é? — perguntei, a voz baixa e controlada.

Ela tirou os óculos e me encarou, a expressão desafiadora.

— Do que você está falando?

— Você acha que é seguro sair assim? Sabe muito bem que há fotógrafos escondidos em cada canto.

— E daí? Estou aqui aproveitando a praia. Não sabia que precisava da sua permissão para isso.

A maneira como ela falou, com tanta calma e desdém, fez minha paciência se desgastar ainda mais.

— Não é sobre permissão, Aylme. É sobre bom senso. Você é uma figura pública agora, quer queira, quer não.

— Figura pública? — Ela riu, mas não havia humor no som. — Vamos ser honestos, Isaac. Sou só a mulher que você escolheu para preencher um contrato. Nada mais.

Engoli em seco, tentando manter o controle.

— E você aceitou o contrato. Então, sim, você faz parte da minha imagem.

— Engraçado como tudo para você se resume a “imagem”.

O sarcasmo dela era irritante, mas a verdade nas palavras era ainda pior.

— Não estamos discutindo isso agora. Estou falando sobre aquele homem.

Ela arqueou uma sobrancelha, fingindo surpresa.

— Heitor? Ele foi muito educado. Diferente de você, aliás. Você é um gigolô.

— Ele não estava sendo educado. Ele estava flertando com você.

Ela soltou uma risada curta, cruzando os braços.

— E se estivesse? Não é como se você pudesse dizer alguma coisa, não é? E mesmo estando presa a um contrato com você, ainda posso dizer que sou solteira. — disse se ajeitando na cadeira — Espera aí, você está com ciúmes?

— Isso não tem nada a ver com ciúmes, não viaja. E não, você não é solteira, não quando está casada comigo, mesmo que isso não seja verdade.

— Claro que não — respondeu ela, com um sorriso de canto.

Eu não respondi. Não sabia o que dizer sem entregar mais do que deveria.

O silêncio que se seguiu foi pesado, carregado de coisas que nenhum de nós estava disposto a admitir.

Por que aquilo me incomodava tanto? Por que a ideia de outro homem ao lado dela, arrancando risadas tão genuínas, parecia uma afronta?

Olhei para o relógio, usando o gesto como uma desculpa para me recompor.

— Já passou da hora de irmos.

Ela não respondeu de imediato, mas o brilho desafiador nos olhos dela era impossível de ignorar.

— Certo. Proponho terminarmos isso, então.

Peguei as coisas dela, sem pedir, e comecei a caminhar de volta ao hotel, sabendo que ela me seguiria, mesmo a contragosto.

Cada passo na areia parecia mais pesado que o último, enquanto a sensação incômoda no meu peito permanecia, recusando-se a ir embora.

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Comments

Elenilda Soares

Elenilda Soares

Tais feito isaac o biquíni de criança foi demais/Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm/

2025-03-03

0

Marcia Patette

Marcia Patette

kkkkkkk ela tá lascado, espero que ela reencontra o Heitor kkkk

2025-04-12

0

Vó Ném

Vó Ném

Cara se entrega a esse amor verdadeiro!!
Puxa a Aylme, taca- lhe um bjão e vão ser felizes!!!

2025-01-16

2

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