...Isaac Castellani...
Eu não acreditava em coincidências. O fato de Aylme estar ali, sentada na minha frente, era algo que parecia quase… providencial. Seu currículo havia cruzado minha mesa por acaso, durante uma conversa com o setor de recrutamento. Eles mencionaram a quantidade absurda de candidatos para uma vaga administrativa simples e me mostraram alguns perfis interessantes. Foi quando vi o nome dela.
Aylme. Um nome incomum, fácil de lembrar. Pesquisei rapidamente. Soube do restaurante da avó, o Casa de Alma, e do fechamento recente. Ela havia tentado manter o negócio funcionando, mas as circunstâncias foram cruéis. Isso chamou minha atenção. Primeiro, pela determinação que ela mostrou em tentar salvar algo tão importante. Segundo, pela vulnerabilidade da situação.
Era exatamente isso que eu precisava: alguém que estivesse com as costas contra a parede. Alguém que precisasse de mim tanto quanto eu precisasse dela.
Quando pedi para que ela fosse chamada para a entrevista, eu sabia que ela esperava algo totalmente diferente do que estava prestes a ouvir. Não era uma vaga comum que eu tinha em mente. Era algo muito mais arriscado, muito mais… fora do padrão.
Ela estava sentada na minha frente, nervosa, mas mantendo a compostura. A camisa branca impecável, o cabelo preso em um coque simples, as mãos segurando a bolsa com força suficiente para fazer os nós dos dedos ficarem brancos. A tensão era quase palpável.
Decidi começar devagar. Não podia assustá-la.
— Então, Aylme, por que você acha que seria uma boa adição à Castellani Enterprises? — perguntei, cruzando as mãos e me inclinando levemente na direção dela.
Era uma pergunta típica, quase entediante, mas eu precisava avaliá-la. Sua resposta foi direta, mas carregada de emoção. Ela falou sobre sua experiência em administração, a habilidade de lidar com pressão, sua capacidade de gerenciar equipes e encontrar soluções rápidas para problemas inesperados. Eu ouvia atentamente, mas não era isso que realmente me interessava.
— E o restaurante? — interrompi, sem rodeios.
Ela parou por um momento, surpresa pela pergunta, mas se recuperou rapidamente.
— Foi um sonho da minha avó, algo que tentei manter vivo o máximo que pude. Mas, infelizmente, as circunstâncias não estavam a meu favor.
Havia uma sombra de tristeza em sua voz, mas também uma firmeza que me chamou a atenção. Ela era resiliente. Era disso que eu precisava.
Continuei com as perguntas, uma após a outra. Quase parecia que eu estava tentando desmontá-la, peça por peça.
— E você? Tem família? Amigos próximos?
Ela hesitou.
— Minha mãe mora em outra cidade. Não tenho muitos amigos aqui, para ser honesta.
Um ponto a favor. Menos laços, menos complicações.
— E quanto ao futuro? O que você espera daqui a cinco anos?
— Quero estabilidade. Quero construir algo que dure.
Sua resposta foi tão simples e direta que quase me fez sorrir. Ela era prática, exatamente como eu precisava que fosse.
Depois de mais algumas perguntas, decidi ir direto ao ponto.
— Aylme, vou ser sincero com você. A vaga administrativa para a qual você foi chamada não existe.
Ela me olhou, confusa, e eu continuei antes que pudesse protestar.
— Eu pedi para você vir aqui porque tenho uma proposta. Algo muito diferente do que você pode imaginar, mas que acredito que pode ser benéfico para nós dois.
Ela inclinou a cabeça, os olhos arregalados de curiosidade e cautela.
— Estou ouvindo.
— Preciso de uma esposa.
O silêncio que se seguiu foi tão intenso que eu quase pude ouvir sua respiração prendendo.
— Desculpe, o quê?
Eu sabia que a ideia parecia absurda, então decidi explicar com calma.
— Meu avô colocou uma condição no testamento. Para assumir o controle completo do setor imobiliário da Castellani Enterprises, preciso me casar. É uma exigência antiquada, mas é o que ele quer. E eu não tenho tempo ou disposição para romances, ou dramas.
Ela ainda me olhava como se eu fosse louco, mas eu continuei.
— Por isso, estou propondo um contrato. Um casamento de fachada, com regras bem claras. Você será bem recompensada financeiramente, é claro.
— E por que eu? — ela perguntou, finalmente encontrando sua voz.
— Porque você está em uma posição que pode se beneficiar tanto quanto eu. Você precisa de estabilidade financeira, não é? Posso oferecer isso. E você pode me ajudar a resolver meu problema.
Ela ficou em silêncio por um longo momento, processando o que eu havia dito. Finalmente, ela perguntou:
— Quais seriam os termos desse… contrato?
Era um bom sinal. Ela não havia descartado a ideia imediatamente.
— Seria um casamento com prazo definido. Um ano, no máximo. Durante esse tempo, você seria minha esposa em público, mas teríamos nossas vidas separadas em particular. Nenhum envolvimento emocional. Você receberia um valor substancial pelo tempo que dedicar a isso, além de outras cláusulas que poderíamos negociar.
— Parece um acordo frio — ela disse, com um tom que não era exatamente de reprovação, mas também não era de aceitação.
— É frio — admiti. — Mas é claro e direto. Não estou pedindo que você se apaixone por mim, Aylme. Estou pedindo que seja minha parceira nisso. Mas quero deixar claro, está proibida de se apaixonar por mim e eu por você. Se bem, que isso para mim não é problema.
Ela mordeu o lábio, pensativa. Eu podia ver a batalha interna acontecendo em seus olhos. Ela sabia que estava em uma posição difícil, mas aceitar algo assim? Era um grande passo.
— E se eu disser não? — ela perguntou.
— Nada. Você pode sair por aquela porta agora mesmo e nunca mais ouvir falar de mim. Mas, considerando sua situação, acho que deveria pensar no que estou oferecendo. Pode ser a solução que você precisa.
Aylme me olhou longamente antes de responder.
— Preciso de tempo para pensar.
Assenti, já esperando essa resposta.
— Claro. Mas, Aylme, não demore muito. O tempo está contra nós dois.
Enquanto ela se levantava para sair, eu a observei com atenção. Ela era inteligente, resiliente e, acima de tudo, estava disposta a considerar algo fora do comum.
Assim que a porta se fechou, recostei-me na cadeira. Agora, restava saber se ela aceitaria o jogo. Porque, para mim, não havia plano B. Ela era a peça que faltava em tudo isso.
E eu faria de tudo para prendê-la nesse contrato.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 41
Comments
Paula Mendes
pra a maior bobagem desses contratos é determinar que é proibido se apaixonar, afinal a depender das circunstâncias não se pode evitar. Na minha opinião deveriam acordar que qualquer envolvimento dependeria da disposição de ambos, simples e sem muita expectativa
2025-03-09
2
Fatima Maria
EU GOSTARIA DE SABER ESTA MÁGICA DE VC CONTOLAR O CORAÇÃO ♥. QUANDO O VELHO CORAÇÃO ♥ QUE É ENGANOSO PRA BURRO E TEIMOSO. EU QUERO UMA COISA E ELE QUER OUTRA. AH COMO AS VEZES É BIRRENTO. E COMO É DIFÍCIL DE FALAR, QUANDO O CORAÇÃO ♥ ESTÁ CHEIO DE VONTADE DIZER "EU TE AMO ".
2025-03-15
0
Magna Figueiredo
Ah miseravi...eles começam cheios de marra, aí é só algum homem olhar mais demorado pra elas q o ciúme cai matando...mas continue, meu caro.../CoolGuy//CoolGuy//CoolGuy//CoolGuy//Proud//Proud//Proud//Proud/
2025-03-30
0