Capítulo 11

...Isaac Castellani...

Desde o momento em que a segurei pela cintura no estúdio, senti algo que não podia ignorar. O calor do corpo dela contra o meu era quase desconcertante, algo que me tirava do eixo de uma forma que eu não estava preparado para lidar.

Então o fotógrafo pediu o beijo.

Por um instante, pensei em recusar. Não porque eu não queria beijá-la, mas porque sabia o que aquilo significava para mim. Já havia sentido o suficiente só com o contato do corpo dela. O beijo seria como abrir uma porta que eu não teria forças para fechar depois.

Mas, como sempre, o trabalho e o objetivo falaram mais alto. Eu tinha que manter o foco.

Quando segurei seu rosto e me inclinei, percebi o quanto ela estava tensa. A respiração rápida, os olhos hesitantes… Era quase como se ela nunca tivesse feito aquilo antes. Assim que nossos lábios se tocaram, senti algo estranho. Algo real demais para o que deveria ser apenas parte de um acordo.

O beijo foi breve, mas foi o suficiente para despertar sensações que eu não queria explorar. Os lábios dela eram incrivelmente macios, e havia uma doçura ali que me pegou de surpresa. Não era o tipo de beijo que eu estava acostumado—não havia nada de ensaiado ou estratégico. Era puro, quase inocente.

E, justamente por isso, era perigoso.

Eu me afastei rapidamente, forçando-me a manter o controle. Não podia deixar que ela percebesse o impacto que aquilo teve em mim.

O fotógrafo parecia encantado.

— Perfeito! Isso conquistará qualquer um!

Mal prestei atenção nas palavras dele. Minhas mãos ainda estavam firmes contra os lados do meu corpo, como se eu precisasse lembrar a mim mesmo de que não podia puxá-la para perto de novo, e enfiar minha língua em sua boca deliciosa.

Eu sabia que tinha ido longe demais no estúdio. Assim que as palavras saíram da minha boca—sobre o beijo sem graça e o hálito dela—percebi o impacto. Vi como ela apertou os punhos, a maneira como seus olhos se estreitaram antes de sair apressada, sem sequer olhar para trás.

Ela estava furiosa.

E com razão.

Eu deveria ter mantido o controle. Não era como se aquele beijo tivesse sido tão ruim quanto deixei transparecer. Na verdade, foi o oposto. Desde o momento em que a puxei para perto, meu corpo reagiu como se fosse algo mais do que apenas um contrato. Era irritante, desconcertante, e o único jeito que encontrei de lidar com isso foi atacando.

“Esse sou eu,” pensei, enquanto olhava para a porta por onde ela havia saído. Essa é a única maneira que sei como agir quando sinto que estou perdendo o controle.

Mas naquele momento, meus pés se moveram para ir atrás dela. Mas fui impedido pelo fotógrafo.

— Senhor Castellani, ainda precisamos de algumas fotos do senhor sozinho — disse ele, puxando-me de volta à realidade.

Suspirei, ajustando o terno.

— Vamos terminar isso logo.

A sessão demorou mais meia hora. Mantive a expressão neutra e profissional enquanto posava, mas minha mente continuava vagando. Era difícil me concentrar sabendo que eu havia atravessado uma linha com Aylme.

Assim que terminei, peguei meu celular e enviei uma mensagem para Ramon.

— Estou voltando para a empresa. Encontre-me no escritório em 30 minutos.

Não esperei resposta. Saí do estúdio com passos rápidos, ignorando a equipe que me agradecia pelo trabalho. Eu não tinha tempo para amabilidades.

De volta à empresa, entrei no meu escritório e fechei a porta atrás de mim. Era o único lugar onde eu podia pensar com clareza.

Larguei o celular sobre a mesa e me recostei na cadeira, tentando organizar meus pensamentos.

Quando segurei Aylme para aquele beijo, algo mudou. Eu sabia que era só uma encenação, algo para a mídia comprar, mas meu corpo não parecia entender isso. O toque dela, o calor, os lábios macios… Foi tudo muito mais do que deveria ser.

E foi exatamente por isso que ataquei com aquelas palavras. Chamei o beijo dela de sem graça, mencionei o hálito dela. Qualquer coisa para quebrar a tensão, para esconder o quanto aquele momento me afetou.

Mas agora, sozinho no meu escritório, eu sabia que tinha exagerado.

Ramon entrou logo depois, trazendo uma pilha de documentos.

— Estou aqui, e trouxe os convites. Quer revisar antes de enviar? — ele perguntou, direto ao ponto.

Assenti, mas minha mente estava em outro lugar.

— Eu só queria perguntar, se ela já voltou para casa? — perguntei, tentando parecer indiferente.

Ramon me lançou um olhar curioso, mas não questionou.

— Não sei, não fui deixar ela.

— Como assim, não foi deixar ela?

— Eu estava esperando para levá-la para o apartamento, mas ela não quis. Mas Posso descobrir, se quiser.

— Não precisa — respondi rapidamente, balançando a cabeça. — Concentre-se no que temos pela frente.

Ramon deu de ombros e começou a revisar os detalhes do casamento comigo, mas minha atenção continuava dividida.

Mais tarde naquela noite, quando fiquei sozinho novamente, decidi mandar uma mensagem para ela. Algo simples, talvez até uma desculpa.

Abri o aplicativo do WhatsApp e digitei:

Sobre hoje… Espero que saiba que não quis ofender.

Mas antes de enviar, apaguei a mensagem.

— Por que estou me preocupando tanto com isso? — pensei.

Este era um contrato. Um negócio. Ela sabia disso desde o começo. Tanto faz se ela está chateada comigo ou não.

Mesmo assim, a sensação de que eu precisava corrigir as coisas não me abandonava.

Levantei-me e fui até a janela, olhando para a cidade abaixo. Eu não deveria ter dito o que disse, mas, ao mesmo tempo, não sabia como lidar com o que estava sentindo.

Aylme não era como as mulheres que normalmente cruzavam meu caminho. Ela não se deixava impressionar pelo dinheiro ou pelo poder. Era teimosa, honesta e, de alguma forma, isso a tornava muito mais perigosa do que qualquer pessoa que eu já conheci.

Passei as mãos pelo rosto, sentindo o cansaço do dia pesar sobre mim.

“Você precisa manter o foco,” disse a mim mesmo. “Isso é um jogo, Isaac. E você nunca perde.”

Com esse pensamento, voltei para a minha mesa, tentando ignorar o gosto dela que ainda permanecia nos meus lábios. E o perfume tipicamente feminino em minhas narinas.

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Comments

Marcia Patette

Marcia Patette

Eu sabia que a grosseria dele foi pq sentiu alguma coisa por ela,canalha, covarde

2025-04-12

0

Anonyamor

Anonyamor

Já está com um pneu arriado e o outro já está no caminho......... vamos aguardar

2025-03-21

0

fofura

fofura

não estou gostando do comportamento dele

2025-03-13

1

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