...Isaac Castellani...
Apresentei Aylme ao meu avô na manhã seguinte ao casamento, pouco antes de partirmos para a lua de mel. Era uma formalidade necessária, mas eu sabia que Lorenzo não deixaria passar a oportunidade de avaliar cada detalhe dela.
Estávamos na sala de estar da mansão, ele sentado em sua poltrona de couro usual, com uma xícara de café em mãos, e ela ao meu lado, impecável em um vestido simples, mas elegante.
— Então, você é a famosa Aylme. — Lorenzo lançou um olhar penetrante a ela. Não era maldoso, mas definitivamente avaliador.
Ela manteve o queixo erguido, sem hesitar.
— E o senhor deve ser Lorenzo Castellani. É um prazer finalmente conhecê-lo.
Meu avô deu um leve sorriso, satisfeito com a resposta dela.
— Isaac disse que você é uma mulher trabalhadora. Isso é raro hoje em dia.
— Trabalhei desde cedo, e não vejo por que isso deveria mudar — respondeu ela, com um leve tom.
Eu reprimi um sorriso. Aylme era corajosa, não havia dúvida.
Lorenzo tomou um gole de café e voltou-se para mim.
— Você fez uma escolha interessante, Isaac. Espero que saiba o que está fazendo.
— Não se preocupe, vô. Ela é exatamente o que sonhei — respondi, cruzando os braços, enquanto contava a boa mentira.
O comentário não parecia convencer meu avô completamente, mas ele apenas assentiu, voltando sua atenção para Aylme.
— Espero que você o mantenha sob controle. Isaac pode ser… complicado.
— Isso eu já percebi — disse ela, sem perder a compostura, e Lorenzo soltou uma gargalhada genuína.
Era raro ver meu avô rir assim, e, por um momento, fiquei surpreso. Aylme tinha algo que o conquistava, mesmo sem tentar.
— A conversa está boa, mas precisamos ir. — interrompi.
— Vamos então, senhor Lorenzo, foi um prazer. — Disse Aylme se levantando do sofá.
— Prazer todo meu, minha querida. Apareça depois, para jantarmos juntos, como uma família. — disse Lorenzo.
— Prometo que venho sim.
Aylme apertou as mãos do velho Lorenzo, e saímos da mansão.
Pouco depois, partimos para o aeroporto.
A viagem para a ilha paradisíaca foi longa, mas tranquila. Enquanto o jato particular cortava as nuvens, mantivemos a conversa mínima. Aylme passava o tempo lendo um livro, enquanto eu revisava e-mails no meu laptop. Era melhor assim.
Quando chegamos, a recepção foi digna de um espetáculo. A imprensa local já estava lá, tirando fotos nossas enquanto descíamos do avião e caminhávamos para o carro que nos levaria ao resort.
— Diga algo que pareça romântico — murmurei para ela, enquanto sorríamos para as câmeras.
Ela virou-se levemente para mim, mantendo o sorriso falso no rosto.
— Amor, não aguento mais olhar para você?
Soltei um suspiro.
— Você é impossível.
— E você adora, não é?
Ignorei o comentário e a conduzi até o carro.
O resort era ainda mais impressionante do que eu esperava. Situado em uma praia isolada, o local era luxuoso e discreto, exatamente o que precisávamos para manter as aparências sem sermos perturbados.
Quando chegamos à recepção, o gerente nos cumprimentou calorosamente.
— Senhor Castellani, senhora Castellani, sejam bem-vindos. Preparamos a melhor suíte para vocês.
— Na verdade, prefiro dois quartos separados — interrompi antes que Aylme pudesse dizer algo.
O gerente pareceu surpreso, mas assentiu rapidamente.
— Como preferir, senhor.
Aylme me lançou um olhar que era uma mistura de surpresa e alívio.
— Não sabia que era tão atencioso — disse ela, enquanto caminhávamos para o elevador.
— Isso não tem nada a ver com você. É apenas… mais prático.
— Claro. Você sempre tem uma justificativa.
— Sempre — respondi, secamente.
Horas mais tarde, nos encontramos para jantarmos, como um belo casal.
O jantar foi servido na área externa de um dos restaurantes privativos do resort. A mesa ficava em uma varanda ampla, com vista para o oceano, que se estendia como um tapete de prata sob a luz da lua. Era um cenário deslumbrante, mas a atmosfera entre nós estava longe de ser romântica.
— Então, o que acontece agora? — perguntou Aylme, quebrando o silêncio, enquanto pegava um pedaço de peixe com o garfo.
— O que acontece é que fingimos ser o casal perfeito durante as próximas semanas e depois seguimos nossas vidas. Você faz o que quiser, e eu faço o que eu quiser.
Ela riu, mas sem humor.
— Simples assim, não é?
— Exatamente.
Ela me encarou por um momento, como se estivesse tentando decifrar algo em mim.
— Você sempre foi assim, tão… Pateticamente prático?
— Funciona para mim.
— Talvez funcione para você, mas aposto que afasta todo mundo ao seu redor.
Seu comentário me irritou mais do que deveria.
— Não preciso que ninguém se aproxime. Isso facilita as coisas.
Ela balançou a cabeça, voltando sua atenção para o prato à sua frente.
Apesar das farpas, não pude deixar de notar pequenas coisas sobre ela durante o jantar. O jeito que segurava o garfo com cuidado, a maneira como franzia o nariz levemente quando algo a irritava, e, mais do que tudo, sua sinceridade.
Ela não tentava esconder o que sentia, fosse irritação ou curiosidade. Era um contraste gritante com as pessoas do meu círculo, que mediam cada palavra e gesto.
Depois do jantar, nos despedimos sem cerimônia. Cada um foi para o seu quarto, e, pela primeira vez em dias, senti que poderia ter um momento de paz.
Deitado na cama, ouvi o som suave das ondas quebrando na praia. Mas, em vez de relaxar, minha mente continuava voltando para ela.
Aylme era um enigma. Por um lado, sua teimosia e resistência me irritavam profundamente. Por outro, havia algo fascinante em sua autenticidade. Ela não fingia, não tentava agradar.
E isso a tornava diferente.
Fechei os olhos, tentando dormir um pouco.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Hanah Oliveira
Interessante o seu livro autora!
A escrita da história é boa, não tem erros ortográficos...demonstrando respeito ao leitor!
Muito bom!
2025-03-04
1
Marcia Patette
Algo me diz que o avô vai fazer esses dois conviver juntos, ele está achando que depois de algumas semanas cada para o seu lado kkkkkkk
2025-04-12
0
Raimunda Neves
Parabéns autora você escreve divinamente bem, seus livros são maravilhosos /Drool//Drool//Drool//Drool//Drool//Drool/
2025-03-16
1