Capítulo 12

...Isaac Castellani...

A noite estava fria e silenciosa enquanto eu dirigia em direção à mansão do meu avô. O trajeto, normalmente familiar e tranquilo, parecia mais pesado do que nunca. Meu encontro com Aylme no estúdio ainda estava na minha mente, ecoando como um lembrete irritante de que ela era muito mais difícil de lidar do que eu havia previsto. Não sei como ela e seu perfume barato, impregnou nos meus sentidos que não consigo tirá-los de mim.

Quando cheguei, estacionei o carro e respirei fundo antes de entrar. Precisava manter a compostura. Meu avô, Lorenzo Castellani, não era conhecido por sua paciência, muito menos por ser indulgente.

Assim que entrei na mansão, o ambiente caloroso e familiar não fez nada para aliviar aquele momento tenso. Meu avô estava sentado em seu sofá de couro favorito, assistindo a uma série qualquer na televisão. Ele não desviou os olhos da tela quando ouviu meus passos, mas a pergunta veio imediatamente, com aquele tom casual que só ele conseguia usar para disfarçar algo sério.

— Por que não me disse que estava noivo?

Soltei um suspiro e caminhei até o sofá, sentando-me próximo a ele. Olhei para a mesa de centro, havia um jornal. Claro, ele havia descoberto.

— Me disse que eu me virasse para casar. Foi o que fiz. Deveria estar feliz por isso.

Lorenzo pegou o controle remoto e pausou o programa, finalmente me olhando com aquela expressão dura que sempre usava quando estava avaliando algo importante.

— Espero que sua noiva seja alguém que tenha cabeça no lugar e que seja diferente de você.

Revirei os olhos, mas mantive o tom neutro.

— Ela é uma boa mulher.

— Isso não me diz nada. — Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Ela é modelo? Trabalha em alguma coisa? Ou é daquelas que depende do marido para tudo?

— Ela trabalha, e muito. É independente — respondi com firmeza.

Minha resposta parecia ter chamado sua atenção. Ele me encarou por alguns segundos antes de se recostar novamente no sofá.

— Independente, hein? Isso é raro hoje em dia. Especialmente em mulheres que aceitam se casar com homens como você.

Havia um leve tom de provocação na voz dele, mas eu sabia que era uma pergunta disfarçada.

— Ela não é como as mulheres do meu círculo, se é isso que está insinuando — acrescentei.

Lorenzo riu, aquele riso baixo que parecia mais um grunhido.

— Então você a escolheu porque ela é diferente?

Fiquei em silêncio por um momento, ponderando a resposta. Não queria revelar muito, mas também sabia que ele não se deixaria enganar por mentiras mal elaboradas.

— Eu a escolhi porque ela é inteligente e forte. É isso que importa.

Meu avô levantou uma sobrancelha, claramente intrigado.

— Forte? Não sei se isso é algo bom ou ruim, considerando sua personalidade.

Ignorei o comentário.

— Fiz o que você pediu. Vou me casar amanhã. Está satisfeito?

Ele ficou em silêncio por um momento, estudando-me.

— Não ainda. — Sua voz estava mais séria agora. — Um casamento é mais do que conveniência, Isaac. Você pode ter feito isso para manter o controle da empresa, mas espero que entenda que não basta fingir.

Meu maxilar se contraiu involuntariamente. Eu sabia o que ele estava fazendo. Ele queria me desafiar, me fazer questionar minhas escolhas, e ainda por cima estava desconfiado de alguma coisa.

— Estou cuidando disso. E não, não é fingimento, nos amamos bastante. — Minto.

— Espero que tudo seja verdade. Porque, se não for, descobrirá que não sou tão bonzinho quanto aparento ser.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, ambos olhando para a televisão sem realmente assistir. Por fim, ele voltou a falar, dessa vez com um tom mais calmo.

— Como vocês se conheceram?

Ponderei minha resposta, escolhendo cuidadosamente as palavras.

— Ela é dona de um restaurante. Lutou muito para mantê-lo funcionando. Em meio a uma crise, ela levantou ele sozinho. Ela é resiliente, trabalhadora e esforçada.

Meu avô balançou a cabeça lentamente, como se estivesse processando a informação.

— Parece alguém interessante. Resiliente, trabalhadora… talvez até forte demais para você. Eu admito.

— Consigo lidar com ela — retruquei, mais defensivo do que pretendia.

Ele riu novamente, mas dessa vez parecia menos irônico.

— Espero que sim. Porque um casamento com você é bem complicado. Quero ver como isso evoluirá. E além de tudo, não quero só isso, quero netos, muitos netos.

Aquelas palavras saíram como uma ameaça velada.

— Você terá o que quer — garanti, levantando-me para ir embora. — O casamento, os filhos eu não tenho tanta certeza.

— Espero que sim, Isaac. Espero que sim.

Enquanto caminhava para fora da sala, senti o olhar dele me seguir. Ele sabia que havia algo mais por trás desse casamento, e isso me deixou inquieto, ele não é burro. Mas, por ora, tudo o que eu precisava era garantir que o plano continuasse funcionando.

Naquela noite, enquanto dirigia de volta para casa, as palavras do meu avô ecoavam na minha mente. “Resiliente, trabalhadora… talvez forte demais para você.”

Talvez ele tivesse razão. Aylme me saiu uma mulher bem diferente do que eu queria para toda essa farsa. Eu só espero que tudo isso, não acabe mal.

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Comments

Fatima Maria

Fatima Maria

É COMO DISSE É BRIGA DE TITÃOS E TEMPERAMENTO FORTES. NÃO SEI COMO AUTORA FEZ OU FAZR QUE JÁ FEITO. QUEM VAI DAR O PRIMEIRO PASSO DA PAIXÃO.

2025-03-15

0

Rosilene Oliveira

Rosilene Oliveira

vc já começou errado vai ser difícil conquistar ela, depois do que vc falou a humilhou idiota 😠😡

2025-04-12

0

Hanah Oliveira

Hanah Oliveira

Até que enfim apareceu uma mulher que não se deixa enganar!
Ela não vai se submeter aos caprichos desses 2 homens autoritários!
Fico só vendo 👀!!

2025-03-04

1

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