...Aylme...
Desde que assinei aquele contrato, parecia que tinha vendido minha alma. Não apenas para Isaac, mas também para a mídia, que estava obcecada com a nossa suposta história de amor. Desde cedo, fotógrafos e repórteres se amontoavam em frente ao meu prédio, gritando perguntas e tirando fotos. Era sufocante.
E Isaac? Ele parecia completamente indiferente. Para ele, isso era só mais um dia de trabalho. Claro, ele estava acostumado a ter tanta atenção, ele gosta disso.
Após sair da estilista, e escolher meu vestido para o casamento, fui até o local onde seria a cerimônia de casamento, o local era enorme e bonito. Fiquei por ali por alguns segundos a mais, sendo acompanhado pelo amigo e braço direito de Isaac. O tal Ramon.
Antes de irmos embora, ele me avisou que eu teria que estar pela manhã cedo no estúdio de fotos.
Então, no dia seguinte fui despertada pelo alarme do meu celular. Sai da cama com passos lentos até o banheiro, tomei banho, lavei os cabelos, escovei os dentes e depois fui me arrumar. Optei por usar um vestido azul-marinho, que realçava perfeitamente minhas curvas.
Quando desci, Ramon já estava a minha espera. Entrei no carro e seguimos para o estúdio.
Quando cheguei ao estúdio para o ensaio de fotos, senti como se estivesse entrando em uma armadilha. Tudo parecia perfeito demais: o ambiente elegante, a equipe sorridente, a música suave tocando ao fundo. Mas eu sabia que aquilo era uma encenação, assim como o casamento que estávamos planejando. Mas isso, ninguém de fora poderia saber.
Fui empurrada para a cadeira de maquiagem antes que pudesse reclamar. A equipe me arrumava como se eu fosse uma boneca, ajustando meu cabelo e escolhendo o batom mais adequado.
— Você vai ficar deslumbrante! — disse a maquiadora, sorrindo como se estivesse fazendo um favor para mim.
Eu apenas sorri de volta, sem forças para discutir.
Então, ouvi a porta do estúdio se abrir, e, sem nem precisar olhar, sabia que era ele. O som dos passos firmes de Isaac era inconfundível. Ele entrou no estúdio como se fosse dono do lugar—o que provavelmente era verdade.
— Estamos prontos? — ele perguntou, a voz firme e segura.
Eu me virei para olhá-lo e, como sempre, ele estava impecável. O terno cinza-escuro ajustado, o cabelo penteado para trás, e aquele ar de superioridade que parecia tão natural quanto respirar para ele. E seu perfume? Parece que ele dormia numa banheira de perfume.
— Parece que sim — respondi, cruzando os braços.
Ele me lançou um olhar avaliador, mas não disse nada. Apenas riu, como se estivesse gostando de todo esse espetáculo.
Me levantei da cadeira, ajeitei meu vestido e parei diante das câmeras.
As primeiras fotos foram simples. Ficamos lado a lado, sorrindo para a câmera. Depois, algumas poses com ele colocando a mão no meu ombro, como se quisesse mostrar ao mundo que eu era “dele”.
Eu estava prestes a pedir uma pausa quando o fotógrafo, um homem alto e magro com um cachecol exagerado, levantou a voz animadamente:
— Agora vamos fazer algo mais íntimo! Quero que vocês se aproximem, se abracem.
Olhei para Isaac, esperando que ele protestasse, mas ele apenas deu de ombros, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Tudo bem — disse ele, colocando a mão na minha cintura, e me puxou para si, quase me fazendo tropeçar e cair.
— Cavalo — Rosnei, enquanto ele segurava o sorriso.
Senti um arrepio subir pela espinha, mas não era de emoção. Era desconforto. O toque dele era firme, mas, ao mesmo tempo, calculado. Não havia calor ali, apenas a certeza de que ele estava no controle, e eu era um brinquedo novo.
— Está ótimo! Agora, Isaac, segure o rosto dela. Inclinem-se como se fossem se beijar. — disse o fotógrafo.
— O quê? — perguntei, girando a cabeça para o fotógrafo.
— É para parecer genuíno! A mídia adora um toque de romance — ele respondeu, como se fosse óbvio. — Afinal, vocês são um casal, ou não?
Isaac suspirou.
— Apenas faça, Aylme. Não arrancarei um pedaço seu.
Ele segurou meu rosto com uma das mãos e inclinou-se para mim. Meu coração disparou, mas não por causa de algum sentimento romântico. Era mais uma mistura de raiva e constrangimento.
— Vocês precisam mesmo se beijar — insistiu o fotógrafo. — A audiência precisa ver química!
— Você só pode estar brincando — murmurei, mas Isaac já estava me olhando com impaciência.
— Vamos acabar logo com isso, largue de reclamar ou ele perceberá que não somos um casal de verdade.
Antes que eu pudesse protestar mais ainda, ele fechou a distância entre nós e me beijou.
Por um momento, tudo parou. Eu não sabia o que fazer ou como reagir. Os lábios dele eram firmes, controlados, exatamente como ele era. Não era um beijo suave ou romântico. Era quase mecânico, mas, de alguma forma, fez meu coração disparar ainda mais.
Havia um calor estranho naquele momento, como se, por trás daquela fachada controlada, houvesse algo mais. Algo que ele estava escondendo de mim e, talvez, até de si mesmo.
Quando ele se afastou, os flashes ainda estavam disparando, e o fotógrafo aplaudia como se tivesse acabado de capturar a foto do século.
— Perfeito! Esse é o beijo que venderá a história de vocês!
Eu, por outro lado, mal conseguia pensar. Meu rosto estava quente, e minha mente ainda processava o que havia acabado de acontecer.
Isaac não parecia nem um pouco afetado. Ele apenas ajeitou o paletó e olhou para mim com uma expressão neutra.
— Isso não foi tão difícil, foi?
Minha raiva começou a crescer.
— Difícil não foi, mas…
— Mais, sendo sincero, precisa melhorar — ele me cortou, com um sorriso frio. — Seu beijo é... como posso dizer? Meio sem graça, sem gosto.
— O quê?
— E o hálito… — Ele fez uma pausa, como se estivesse considerando cuidadosamente as palavras. — Já ouviu falar de chicletes de menta? Se no dia do casamento for me beijar com esse hálito de quem caiu com a boca aberta numa força de merda, eu não beijarei você.
Fiquei sem palavras. Senti meu rosto esquentar ainda mais, mas dessa vez era pura raiva.
— Você só pode estar brincando — consegui dizer, a voz trêmula de ódio. Me deu vontade de pular no pescoço dele, e asfixiá-lo até a morte. Mas a primeira coisa que ia acontecer se eu fizesse isso, era sair nos jornais.
— Estou sendo honesto, Aylme. Honestidade é importante em um casamento, não acha?
Ainda bem que as pessoas ao redor não estavam prestando atenção em nós naquele momento. Porque se não, o constrangimento seria maior.
Sem dizer mais nada, virei-me e saí do estúdio, sem olhar para trás.
Quando saí para a rua, a brisa fresca bateu no meu rosto, mas não fez nada para aliviar a raiva que queimava dentro de mim.
Eu sabia que esse casamento era um contrato, um negócio. Mas, naquele momento, desejei nunca ter assinado aquele maldito papel.
Maldito seja, Isaac Castellani. Vai me pagar, filho de uma égua sem rabo.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Rosilene Oliveira
nossa ssa Isaque ridículo o que vc falou,eu acho que foi só para se proteger ,porque vc gostou foi é muito,só que não precisava humilhar ela assim seu idiota 😠😡😤
2025-04-12
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Joy Savage
Valamideuz que falar sobre o hálito de uma pessoa pra depreciá-la e deixá-la constrangida é o top da baixaria até na ficção. Que coisa feia e sem necessidade
2025-03-24
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Adriane Neiland
kkkkkk, filha de uma égua sem rabo??? Essa é boa...Rindo até.....
2025-03-08
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