... Isaac Castellani...
Já fazia uma semana desde que Aylme saiu da minha sala sem dar uma resposta. Nem, sim, nem não, nem mesmo um pedido de mais tempo. O silêncio dela poderia ser interpretado de várias maneiras: indecisão, cautela, talvez até rejeição. Mas eu não acreditava que fosse isso.
Eu sabia que ela viria.
Aylme não tinha muitas opções, e pessoas como ela—inteligentes, práticas, mas sem as mesmas oportunidades que outros—sabiam reconhecer uma chance quando a viam. Ainda assim, seu silêncio me incomodava. Eu não estava acostumado a esperar por respostas. Em meu mundo, quando eu apresentava uma proposta, as pessoas aceitavam imediatamente ou eram descartadas. Com ela, era diferente.
E talvez por isso eu estava particularmente irritado enquanto me dirigia à mansão do meu avô. Lorenzo havia insistido que eu comparecesse a mais uma de suas “jantas de apresentação”. Era sua forma antiquada de me pressionar a encontrar uma esposa “de verdade”, como ele dizia.
— Isaac, um casamento precisa ter substância, conexão. Não basta assinar papéis — ele repetiu tantas vezes que a frase parecia gravada na minha mente.
Na prática, as jantas eram encontros às cegas organizados por ele e sua assistente pessoal, uma mulher de meia-idade que parecia viver para complicar minha vida. A seleção de pretendentes era sempre a mesma: filhas de empresários, socialites em busca de posição, mulheres deslumbrantes, mas sem nada de interessante a oferecer além de um sobrenome conhecido.
Quando cheguei à sala de estar, Lorenzo estava sentado em sua poltrona de couro preferida, uma taça de vinho na mão e um sorriso satisfeito no rosto.
— Chegou cedo hoje, Isaac — ele comentou, sem tirar os olhos da lareira.
— Não tive escolha, não é? — retruquei, pegando um copo de uísque no bar e me sentando no sofá oposto a ele.
Ele ignorou minha resposta, como sempre fazia quando eu demonstrava qualquer sinal de resistência.
— Tenho boas opções para você esta noite. Mulheres inteligentes, bonitas, bem conectadas. Quem sabe você finalmente veja que não precisa complicar as coisas.
— Não sabia que meu casamento era uma decisão que deveria ser feita como se escolhe um carro novo, Lorenzo.
Ele apenas riu, mas eu sabia que por trás daquele riso estava a intenção clara de me manipular.
A primeira pretendente da noite era Isabella, uma mulher elegante, com um sorriso ensaiado e uma conversa tão rasa que eu mal me lembrava do que ela disse cinco minutos depois. A segunda foi um pouco melhor: Julia, uma especialista em artes que pelo menos tinha algo interessante a dizer. Mas ela estava claramente mais interessada no meu sobrenome do que em mim.
Suportei as apresentações com paciência mínima, sorrindo educadamente e fingindo interesse, tudo para evitar outro sermão do meu avô.
A última pretendente, porém, quase me fez perder a compostura. Seu nome era Vanessa, e ela entrou na sala com a confiança de quem acha que já ganhou. Não passou nem dois minutos antes de ela começar a me fazer perguntas invasivas sobre minha vida pessoal, minha rotina e, surpreendentemente, meu gosto por flores.
— Você gosta de rosas-vermelhas ou acha que são muito clichês? — ela perguntou, inclinando-se para frente com um sorriso que provavelmente funcionava com outros homens.
— Não tenho tempo para pensar em flores — respondi secamente, mas isso não a desanimou.
Enquanto ela continuava a falar sobre como poderia “organizar minha vida social”, minha mente vagou para Aylme. Onde ela estava agora? O que estava fazendo? Ela ainda estaria pensando na proposta, ou havia descartado completamente a ideia?
Puxei o celular do bolso, ignorando Vanessa, que agora descrevia em detalhes sua última viagem à Grécia.
Mandei uma mensagem rápida para Ramon, meu braço direito na Castellani Enterprises e, provavelmente, a única pessoa em quem eu realmente confiava.
— Preciso que descubra se Aylme continua no apartamento dela. Agora.
A resposta veio quase instantaneamente.
— Quer que eu vá pessoalmente ou apenas confirme com nossos contatos?
— Vá pessoalmente. Preciso de certeza.
Ramon não era apenas eficiente; ele era discreto. Se alguém podia descobrir onde Aylme estava sem levantar suspeitas, era ele.
— Algum problema, Isaac? — perguntou Vanessa, finalmente percebendo que eu não estava prestando atenção.
— Não, nenhum — respondi, levantando-me. — Foi um prazer conhecê-la, mas preciso ir.
Ela pareceu chocada com a minha saída abrupta, mas eu não me importava. Lorenzo provavelmente reclamaria mais tarde, mas naquele momento minha paciência tinha se esgotado.
— Vai embora tão cedo? — perguntou meu avô, enquanto eu pegava meu casaco no hall de entrada.
— Tenho assuntos mais importantes para resolver — respondi, sem me virar.
Quando entrei no carro, a mensagem de Ramon já estava na tela do meu celular.
— Acabei de passar pelo prédio dela. As luzes do apartamento estão acesas. Ela está lá.
Senti uma estranha onda de alívio. Eu sabia que ela não estava fugindo, pelo menos não ainda. Mas o tempo estava passando, e eu precisava de uma resposta.
Enquanto o motorista me levava de volta para casa, meus pensamentos giravam em torno de Aylme. Ela era diferente de todas as mulheres que conheci. Não estava tentando impressionar ninguém, nem jogar charme para conseguir algo. Ela era prática, direta, e, acima de tudo, tinha uma força silenciosa que eu admirava.
Mas será que ela era forte o suficiente para entrar no meu mundo?
Eu sabia que, se ela aceitasse, não seria fácil para nenhum de nós. Um casamento falso podia parecer simples no papel, mas, na prática, envolveria aparições públicas, imprensa, talvez até mentiras para pessoas próximas.
Eu só precisava convencê-la de que valia a pena.
Enquanto o carro avançava pela cidade iluminada, tomei uma decisão: se Aylme não viesse até mim, eu iria até ela.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Cleidilene Silva
se Maomé não vai até montanha A montanha vai até Maomé,vice versa kkk
2025-03-13
2
Marcia Patette
Eitaaa acho que temos um soldado sendo abatido meninas kkkkkkkkk. Isso pq ele não se apaixona humm
2025-04-12
0
Fatima Maria
MEU LINDO VC JÁ É UM HOMEM ABATIDO. OLHE QUE VC VAI SE APAIXONAR PRIMEIRO DO AYLMA.
2025-03-15
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