Capítulo 15

P.o.v -Luriel

Acordei em alerta ao escutar a voz da Ana, invadindo a sala de João. Me virei rapidamente para encará-la, fingindo não reconhecê-la, embora soubesse muito bem quem ela era.

— Quem é você? E o que faz aqui? — perguntei, minha voz calma, mas firme.

João se mexeu ao meu lado, esfregando os olhos, ainda meio sonolento.

— Oi, mãe Ana — disse ele, finalmente despertando por completo.

Ah, então era isso.

— Ah, a senhora é mãe do João — comentei, levantando-me e dobrando o lençol antes de colocá-lo no mesmo lugar. Vesti minha blusa, mas, ao me virar para ela, uma raiva antiga começou a borbulhar dentro de mim. Suprimi, mantendo minha expressão neutra.

Ana nos observava, parecendo desconcertada.

— Vocês... é...

João interveio rapidamente.

— Ele é meu segurança, Ana... E não, Luriel, ela é só minha mãe de consideração.

— E a sua mãe verdadeira, ela está viva? — perguntei, tentando soar casual, mas atento às reações.

— Sim...

Ana me encarou por um momento antes de se dirigir ao João.

— Vim ver como você está. Faz tempo que você não nos visita.

Decidi me retirar para deixá-los à vontade.

— Licença, vou deixar vocês a sós.

— Não precisa... Se você é o segurança, pode ficar — Ana respondeu, mas fui até a porta, dando espaço para ela se sentar no sofá.

Ela se acomodou, e João a acompanhou, sentando-se ao seu lado.

— Então, João, como andam as coisas por aqui?

— Estão bem, só o Thiago que anda dando um pouco de problemas — ele disse, lançando-me um olhar furtivo.

Ana suspirou, revirando os olhos.

— Sempre ele, né?

— Sim — João respondeu, acomodando-se melhor no sofá.

Eu observava em silêncio, mas minha mente fervilhava. "Como pode não lembrar do seu filho verdadeiro e ter um de consideração?"

Ana continuou, sua voz mais suave.

— Seu pai quer que você vá visitá-lo qualquer dia desses. Ele não está podendo vir por conta dos negócios internacionais.

Minha raiva voltou a aumentar, embora eu mantivesse a fachada. "Foi uma ótima mãe para ele, né? Ele sempre teve o que quis... Agora fui esquecido e deixado de lado. Nunca tive luxos e nem uma mãe para ir às minhas festas na escola."

João assentiu.

— Entendi.

Ana olhou para nós, um pouco hesitante.

— E vocês dois, estão namorando?

Minha oportunidade perfeita.

— Talvez, né, João? — provoquei.

João me olhou surpreso, corando levemente.

— É... eu acho.

Ana sorriu, um pouco surpresa.

— Nossa, que legal... Qual é o seu nome, rapaz? — perguntou para mim.

— Prazer, meu nome é Luriel.

Ela pareceu chocada, seus olhos se arregalando levemente.

— Seu nome é... Luriel?

— Sim, e o seu? — perguntei, forçando um sorriso.

— Ana... — disse ela, sua voz frágil, como se um fantasma tivesse acabado de surgir.

Houve um momento tenso, e eu senti que algo estava errado. João percebeu também, olhando para nós com curiosidade. Decidi cortar o clima.

— Prazer, Ana. Esse nome me lembra minha mãe... Mas não estamos aqui para contar histórias tristes.

Ana ficou em silêncio por um tempo antes de se levantar.

— Melhor eu ir... Tenho que resolver uns assuntos. João, eu venho outro dia te ver...

— Tá bom, até — João se despediu.

— Tchau, João, e senhor Luriel — ela disse antes de sair rapidamente.

Assim que ela se foi, João se aproximou, seu olhar curioso.

— Que expressão é essa? Eu acho que você parece bravo...

Mudei rapidamente, sorrindo para aliviar a tensão.

— Estou normal, só estava pensativo.

— Não gostou da Ana? Ela te lembrou sua mãe?

— Não é isso... Ela lembra minha mãe — admiti.

João franziu a testa, intrigado.

— Você tem raiva da sua mãe porque ela te abandonou?

— Sim, ela me abandonou para morar com um cara rico, e meu pai sempre jogou isso na minha cara.

— Nossa... Não fica chateado com ela.

Soltei um riso amargo.

— Fácil julgar quando sempre viveu em berço de ouro e teve duas mães presentes.

João recuou um pouco, surpreso.

— Como sabe disso?

— Ué, foi o que você deu a entender quando eu perguntei quem era a Ana e você falou que ela era sua mãe de consideração.

— Mas como sabe que tive a outra na mesma casa? Você me investigou?

— Não pesquisei você... Foi o que eu entendi, eu apenas chutei.

— Entendi...

Houve um silêncio tenso antes que eu o quebrasse com um sorrisinho.

— Parece que você ficou com medo de mim. Quem deveria ter medo era eu.

— Não foi isso, eu só estava meio confuso.

Aproximei-me dele, mantendo meu tom leve.

— Você dormiu bem confortável.

— Sim... Você é um ótimo travesseiro.

Sorri com a provocação.

— Pretende sair para comer fora hoje?

— Sim, o Júlio me chamou para almoçar... — respondeu ele, casualmente.

Meus olhos estreitaram ligeiramente.

— O Júlio? Você vai almoçar com ele e eu?

— O que tem você?

Minha voz endureceu levemente.

— Se sou só seu, você tem que ser só meu.

João ergueu o queixo, desafiador.

— Quem dita as regras aqui sou eu...

Soltei uma risada sarcástica, olhando-o com deboche.

— Você quem sabe. Depois, não quero ouvir reclamações.

Ele lançou um olhar penetrante para mim.

— Não reclamo de você dormir com aquela moça.

— Não estou falando disso... — murmurei, aproximando-me mais, deixando nossos rostos perigosamente próximos. Dei-lhe um beijo, aprofundando a intimidade.

João retribuiu, segurando meu rosto, mas eu o puxei para o meu colo, me sentando no sofá e deslizando os beijos para seu pescoço. Ele segurou meus cabelos, mordendo os lábios.

Eu estava completamente envolvido, o desejo crescendo, manifestando-se de maneira visível em minha calça. Ele me olhou, ofegante.

— Você não tinha falado que nunca tinha ficado com outro cara?

Sorri, malicioso.

— Mas não fiquei. Você vai ser o primeiro.

João arqueou a sobrancelha, ajustando minha blusa.

— Você parece bem confortável.

— Pensei que ia ganhar um carinho especial — brinquei.

Ele sorriu, levantando-se e se ajeitando.

— Você pensa demais. Veste seu paletó logo, preciso almoçar.

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