P.o.v -Luriel
Acordei em alerta ao escutar a voz da Ana, invadindo a sala de João. Me virei rapidamente para encará-la, fingindo não reconhecê-la, embora soubesse muito bem quem ela era.
— Quem é você? E o que faz aqui? — perguntei, minha voz calma, mas firme.
João se mexeu ao meu lado, esfregando os olhos, ainda meio sonolento.
— Oi, mãe Ana — disse ele, finalmente despertando por completo.
Ah, então era isso.
— Ah, a senhora é mãe do João — comentei, levantando-me e dobrando o lençol antes de colocá-lo no mesmo lugar. Vesti minha blusa, mas, ao me virar para ela, uma raiva antiga começou a borbulhar dentro de mim. Suprimi, mantendo minha expressão neutra.
Ana nos observava, parecendo desconcertada.
— Vocês... é...
João interveio rapidamente.
— Ele é meu segurança, Ana... E não, Luriel, ela é só minha mãe de consideração.
— E a sua mãe verdadeira, ela está viva? — perguntei, tentando soar casual, mas atento às reações.
— Sim...
Ana me encarou por um momento antes de se dirigir ao João.
— Vim ver como você está. Faz tempo que você não nos visita.
Decidi me retirar para deixá-los à vontade.
— Licença, vou deixar vocês a sós.
— Não precisa... Se você é o segurança, pode ficar — Ana respondeu, mas fui até a porta, dando espaço para ela se sentar no sofá.
Ela se acomodou, e João a acompanhou, sentando-se ao seu lado.
— Então, João, como andam as coisas por aqui?
— Estão bem, só o Thiago que anda dando um pouco de problemas — ele disse, lançando-me um olhar furtivo.
Ana suspirou, revirando os olhos.
— Sempre ele, né?
— Sim — João respondeu, acomodando-se melhor no sofá.
Eu observava em silêncio, mas minha mente fervilhava. "Como pode não lembrar do seu filho verdadeiro e ter um de consideração?"
Ana continuou, sua voz mais suave.
— Seu pai quer que você vá visitá-lo qualquer dia desses. Ele não está podendo vir por conta dos negócios internacionais.
Minha raiva voltou a aumentar, embora eu mantivesse a fachada. "Foi uma ótima mãe para ele, né? Ele sempre teve o que quis... Agora fui esquecido e deixado de lado. Nunca tive luxos e nem uma mãe para ir às minhas festas na escola."
João assentiu.
— Entendi.
Ana olhou para nós, um pouco hesitante.
— E vocês dois, estão namorando?
Minha oportunidade perfeita.
— Talvez, né, João? — provoquei.
João me olhou surpreso, corando levemente.
— É... eu acho.
Ana sorriu, um pouco surpresa.
— Nossa, que legal... Qual é o seu nome, rapaz? — perguntou para mim.
— Prazer, meu nome é Luriel.
Ela pareceu chocada, seus olhos se arregalando levemente.
— Seu nome é... Luriel?
— Sim, e o seu? — perguntei, forçando um sorriso.
— Ana... — disse ela, sua voz frágil, como se um fantasma tivesse acabado de surgir.
Houve um momento tenso, e eu senti que algo estava errado. João percebeu também, olhando para nós com curiosidade. Decidi cortar o clima.
— Prazer, Ana. Esse nome me lembra minha mãe... Mas não estamos aqui para contar histórias tristes.
Ana ficou em silêncio por um tempo antes de se levantar.
— Melhor eu ir... Tenho que resolver uns assuntos. João, eu venho outro dia te ver...
— Tá bom, até — João se despediu.
— Tchau, João, e senhor Luriel — ela disse antes de sair rapidamente.
Assim que ela se foi, João se aproximou, seu olhar curioso.
— Que expressão é essa? Eu acho que você parece bravo...
Mudei rapidamente, sorrindo para aliviar a tensão.
— Estou normal, só estava pensativo.
— Não gostou da Ana? Ela te lembrou sua mãe?
— Não é isso... Ela lembra minha mãe — admiti.
João franziu a testa, intrigado.
— Você tem raiva da sua mãe porque ela te abandonou?
— Sim, ela me abandonou para morar com um cara rico, e meu pai sempre jogou isso na minha cara.
— Nossa... Não fica chateado com ela.
Soltei um riso amargo.
— Fácil julgar quando sempre viveu em berço de ouro e teve duas mães presentes.
João recuou um pouco, surpreso.
— Como sabe disso?
— Ué, foi o que você deu a entender quando eu perguntei quem era a Ana e você falou que ela era sua mãe de consideração.
— Mas como sabe que tive a outra na mesma casa? Você me investigou?
— Não pesquisei você... Foi o que eu entendi, eu apenas chutei.
— Entendi...
Houve um silêncio tenso antes que eu o quebrasse com um sorrisinho.
— Parece que você ficou com medo de mim. Quem deveria ter medo era eu.
— Não foi isso, eu só estava meio confuso.
Aproximei-me dele, mantendo meu tom leve.
— Você dormiu bem confortável.
— Sim... Você é um ótimo travesseiro.
Sorri com a provocação.
— Pretende sair para comer fora hoje?
— Sim, o Júlio me chamou para almoçar... — respondeu ele, casualmente.
Meus olhos estreitaram ligeiramente.
— O Júlio? Você vai almoçar com ele e eu?
— O que tem você?
Minha voz endureceu levemente.
— Se sou só seu, você tem que ser só meu.
João ergueu o queixo, desafiador.
— Quem dita as regras aqui sou eu...
Soltei uma risada sarcástica, olhando-o com deboche.
— Você quem sabe. Depois, não quero ouvir reclamações.
Ele lançou um olhar penetrante para mim.
— Não reclamo de você dormir com aquela moça.
— Não estou falando disso... — murmurei, aproximando-me mais, deixando nossos rostos perigosamente próximos. Dei-lhe um beijo, aprofundando a intimidade.
João retribuiu, segurando meu rosto, mas eu o puxei para o meu colo, me sentando no sofá e deslizando os beijos para seu pescoço. Ele segurou meus cabelos, mordendo os lábios.
Eu estava completamente envolvido, o desejo crescendo, manifestando-se de maneira visível em minha calça. Ele me olhou, ofegante.
— Você não tinha falado que nunca tinha ficado com outro cara?
Sorri, malicioso.
— Mas não fiquei. Você vai ser o primeiro.
João arqueou a sobrancelha, ajustando minha blusa.
— Você parece bem confortável.
— Pensei que ia ganhar um carinho especial — brinquei.
Ele sorriu, levantando-se e se ajeitando.
— Você pensa demais. Veste seu paletó logo, preciso almoçar.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 41
Comments