P.o.v -Luriel
***12 Anos Depois***
A vida dá voltas estranhas, e eu, Luriel, estava prestes a começar a minha em um caminho que jamais imaginei. Naquela manhã, no meu apartamento, eu me arrumava para uma entrevista que poderia mudar tudo.
— Como você ficou sabendo que o dono da maior máfia da cidade está precisando de segurança? — perguntei para Mirela, enquanto ajustava a gravata.
Ela estava sentada no sofá, verificando o celular, com aquele ar despreocupado que só ela tinha.
— Eu trabalho por lá, né? — disse, sem levantar os olhos. — E sua entrevista é hoje.
— Sei bem o seu trabalho... — comentei, rindo de leve. — Por isso estou indo bem arrumado. Vai que não seja um homem.
Ela revirou os olhos, divertida.
— Não é mulher, é homem. Disso eu tenho certeza. — Ela riu, mas eu não resisti à provocação.
— Pô, se fosse, já ia mostrar as minhas táticas pra ela.
Mirela riu alto dessa vez. Sempre me divertia com essas trocas de farpas entre nós dois. Quando terminei de me arrumar, fomos para o carro.
No caminho, ela me deu as últimas instruções:
— Quando chegar lá, diz que veio por indicação. Eles adoram saber que alguém confiável mandou você.
— Eu sei o que vou falar, Mirela. Relaxa. Agora você já pode ir trabalhar, deixa o resto comigo.
Chegamos ao clube da máfia, um prédio imponente que exalava poder. Na recepção, fui atendido por um cara bem apresentável, que se apresentou como Júlio.
— Bom dia, como posso ajudar? — ele perguntou com profissionalismo.
— Bom dia. Fui indicado para uma entrevista que vai acontecer hoje.
Ele fez um gesto educado, apontando para o elevador ao lado.
— Segundo andar, sala 21.
Agradeci e entrei no elevador. Assim que as portas começaram a se fechar, alguém as segurou. Era um rapaz com uma caneca de café na mão. Ele entrou calmamente, quase ignorando minha presença.
— Bom dia, senhor — cumprimentei, tentando ser educado.
Ele respondeu sem sequer olhar para mim.
— Bom dia.
O jeito casual dele me fez franzir a testa. Ele parecia... diferente. Não no jeito de se vestir ou falar, mas na forma como parecia desconectado do mundo à sua volta.
— Veio para a entrevista? — perguntei, tentando puxar conversa.
Ele me olhou rápido, quase por reflexo, antes de desviar o olhar de novo.
— Não. E você?
— Sim. Vim por indicação. — Minha resposta foi firme, mas ele parecia pouco interessado.
Tomou um gole de seu café antes de dizer:
— Para segurança?
— Sim — confirmei.
Ele me encarou por um breve momento e, para minha surpresa, estendeu a caneca para mim.
— Pega, toma um pouco.
Fiquei confuso. Quem oferece café para um estranho no elevador?
— Já tomei antes de vir. Muito obrigado. — Tentei ser educado, mas ele arqueou as sobrancelhas como se soubesse algo que eu não sabia.
— Não parece que tomou. Pode ficar.
O elevador parou no segundo andar. Ele saiu primeiro deixando a caneca na minha mão, caminhando com a tranquilidade de quem já sabia exatamente onde estava.
— Boa sorte na entrevista — disse ele, ainda sem olhar para trás.
— Obrigado — respondi, observando enquanto ele seguia para a última sala do corredor.
Entrei na sala 21 e esperei ser chamado. O tempo parecia arrastar enquanto eu tomava o café devagar, mas finalmente alguém apareceu, um homem com a postura rígida e olhar atento.
— Luriel?
Levantei-me, ajeitando a gravata.
— Sim, senhor. Sou eu.
Era a hora de provar meu valor, sem saber que aquele rapaz no elevador já tinha mais a ver com meu futuro do que eu poderia imaginar.
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Atualizado até capítulo 41
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