Capítulo 8

P.o.v -João

O silêncio pairava por um momento, enquanto eu observava o rosto de Luriel, curioso com sua resposta.

— E você está satisfeito com isso? — perguntei, referindo-me ao salário.

Ele deu de ombros, mas respondeu com firmeza:

— Por enquanto sim, mas sempre busco correr atrás de mais.

Assenti, sem desviar o olhar.

— Entendi.

Entramos no restaurante, e eu me dirigi à mesa que havia reservado previamente. Sentei-me, enquanto Luriel hesitou, escolhendo uma mesa ao lado.

— Senta aqui — falei, apontando para a cadeira à minha frente. — Fiz reserva para nós dois nessa mesa.

Ele levantou-se devagar, como se ainda estivesse desconfortável com a ideia.

— É que tem chefes que não gostam que os funcionários sentem na mesma mesa — murmurou, antes de se acomodar à minha frente.

Sorri de leve.

— Eu sei... mas eu não sou assim.

Ele retribuiu o sorriso, um pouco mais relaxado desta vez.

— Percebi isso. Você é um chefe, gente boa.

Enquanto esperávamos o garçom, decidi puxar conversa.

— Descobri que você mora em uma casa mais simples com seu pai. Pensa em se mudar agora que está trabalhando?

— Penso sim, mas primeiro quero deixar meu pai em uma situação confortável.

— Entendi... — Fiz uma pausa antes de continuar, um pouco provocativo. — Não pensa em se casar com alguém de classe econômica alta? Tipo, filha de algum prefeito ou governador?

Ele riu, balançando a cabeça.

— Não gosto muito de me envolver com esse tipo de pessoa. Prefiro alguém tipo máfia.

O garçom chegou à nossa mesa, interrompendo a conversa.

— Boa tarde, senhores. O que vão pedir?

— Vou querer macarrão ao molho branco e um suco natural de morango — respondi, sem pensar muito.

— O mesmo para mim, mas o suco de abacaxi, por favor — disse Luriel.

O garçom anotou os pedidos e se retirou educadamente. Assim que ele saiu, Luriel retomou a conversa.

— E seus pais?

Levantei a sobrancelha.

— O que tem meus pais?

— Você tem um bom convívio com eles?

Suspirei, sem entrar em muitos detalhes.

— Antes tinha mais.

Ele assentiu, parecendo ponderar a resposta.

— O que fez o senhor me contratar?

— Carlos falou que seu currículo é bom. E gostei quando me defendeu no refeitório. Você pôs em prática para que veio.

Ele sorriu, um pouco orgulhoso.

— Sou uma pessoa bem proativa e não gosto de ver injustiça com ninguém.

— Eu notei.

— Também não gosto de pessoas que se acham melhores do que os outros — completou ele, com seriedade.

— Eu entendo... também não gosto.

Ele inclinou-se levemente, me observando com atenção.

— Andei percebendo que o senhor é bonzinho, mas gosta de observar.

Dei uma risada breve.

— Sim, eu observo as pessoas.

— O senhor é uma pessoa observadora, interessante.

— Talvez...

Nessa hora, a comida chegou, encerrando nossa conversa por enquanto.

***

Horas mais tarde, no escritório

Folheava alguns papéis, mas algo não parecia certo. Faltava uma boa quantia nas contas da máfia. Mandei chamar Thiago, e ele entrou com um ar presunçoso que só piorava minha irritação.

— O que você quer, hein? — disparou, já na defensiva.

— O que fez com tanto dinheiro? Pensou que eu não ia perceber?

Ele deu um passo à frente, a expressão endurecida.

— Está me acusando de roubo?!

Levantei, encarando-o de frente.

— Quero saber o que fez.

— Você é ousado, né, seu filho da puta!!! — retrucou ele, avançando e me segurando pelo pescoço com força. — Está se achando porque tem maior parte dessa merda, né? Mas e se você morrer? Eu faria um favor, porque não sou o único que quer te matar.

Minha mão voou para o pulso dele, tentando me soltar.

— Solta... — murmurei, minha voz saindo fraca.

Thiago finalmente me soltou, empurrando-me de forma brusca e rindo como se tivesse vencido.

— Calminho, João.

Tossi, tocando meu pescoço, ofegante. Antes que pudesse reagir, a porta se abriu e Luriel entrou, com uma expressão tensa.

— Está tudo bem, senhor João? — perguntou, ignorando Thiago.

— Ele está bem! — gritou Thiago, tentando disfarçar. — Né, João?

Minha mão disparou no rosto dele, um tapa que ecoou pela sala.

Thiago levou a mão ao rosto, furioso.

— Bastardo de merda!

Luriel riu, debochado.

— O bastardo aqui é você, pelo que eu sei.

Thiago rosnou, apontando para mim.

— Conversamos logo mais, João. A sós.

Saiu batendo a porta com força.

Luriel se aproximou, a expressão mais séria agora.

— Parece que ele quer te matar pelo jeito que te trata.

Olhei para ele, ainda tentando me recompor.

— Onde você estava?

— Estava passando aqui na frente da sala quando escutei a voz do Thiago.

Assenti, firme.

— Não o quero por perto da minha sala. Cuide disso. Pode sair.

Ele abriu um sorriso maldoso.

— Pode deixar, chefe.

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Comments

Mika_Scorpious

Mika_Scorpious

eu amo suco de abacaxi /Kiss/, e de limão/Proud/, de salada de frutas/Hey/, de uva/Casual/, de maracujá/Chuckle/, de laranja/Smirk/, de guaraná/Sneer/, e de tangerina/Smile/, o de morango faz tempo que eu não tomo então não lembro o gosto /Shy/

2025-03-09

1

Mika_Scorpious

Mika_Scorpious

eu acho, só acho, que ele gosta de morangos /Sneer//Ok/🍓🍓

2025-03-09

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