P.o.v -Luriel
Sua mão tocava meu rosto, enquanto o outro braço envolvia meu ombro. Retribuí o beijo, segurando sua nuca, sentindo a tensão do momento. Ele mordeu meus lábios, e eu me encostei na porta, fazendo o mesmo. Minha mão deslizou até seus cabelos, puxando-os levemente.
Quando seus lábios desceram para o meu pescoço, fechei os olhos, ofegante e excitado, deixando-me levar pela sensação. Mas, de repente, ele parou, ofegante.
— É... Melhor a gente... parar por aqui... — ele disse, a voz entrecortada.
Toquei seu rosto, tentando entender.
— Por quê?
— É... Que você bebeu... — ele respondeu, meio sem jeito.
Suspirei, tentando não pressioná-lo.
— Tá bom, melhor não forçar.
— Sim... — ele murmurou, afastando-se um pouco, visivelmente desconfortável.
Olhei para ele, sentindo que havia algo mais.
— Você parece estar escondendo alguma coisa.
Sorri levemente e me preparei para ir embora, mas ele segurou meu braço.
— Você já vai?
Encarei-o, tentando decifrar suas intenções.
— Ué, você falou que era melhor a gente parar porque eu bebi. Não quero te atrapalhar.
— A... — ele soltou meu braço, envergonhado. — Boa noite... Até...
— Não sei por que, mas senti algo diferente hoje — comentei antes de me retirar para o meu quarto.
***
Na manhã seguinte, entrei no refeitório, peguei meu café e avistei João sentado sozinho, com um abafador de ruídos nos ouvidos. A imagem dele mais jovem, usando um abafador na minha festa, surgiu na minha mente. Sentei-me ao lado dele, observando-o por um momento antes de ele perceber minha presença e tirar o abafador.
— Oi... Bom dia — ele disse, guardando o abafador.
— Bom dia, chefe. Tem algo te incomodando hoje? — perguntei, curioso.
— Como assim?
— O senhor estava usando o abafador, e sempre que alguém usa o abafador, é porque tem algo incomodando.
Ele sorriu levemente.
— Não precisa ser formal comigo... e estava usando porque bebi ontem e acordei com dor de cabeça.
Assenti, respeitando seu espaço.
— Entendi... Estou sendo formal porque você é o meu chefe.
— E eu estou falando que você não precisa ser. Eu nem sou um senhor, tenho 18 anos... você é mais velho que eu, sabia?
— Estou ciente disso. Não vou chamar mais de senhor.
Ele ofereceu seu café.
— Você quer? Eu comprei fora...
— Quero não, estou bem com esse aqui, obrigado.
João ficou em silêncio por um momento, depois falou:
— Sobre ontem, foi mal te beijar daquele jeito.
Colocou o café de volta na mesa.
— Não precisa pedir desculpas. Eu... meio que senti algo que nunca tinha sentido... Mas não foi ruim.
Ele me olhou surpreso.
— Então você curtiu?
Cocei a cabeça, refletindo.
— É, acho que sim.
— Que bom — ele murmurou, olhando para a minha mão sobre a mesa.
— Você é bem atencioso comigo, né? — perguntei, tentando entender sua gentileza.
— Como assim?
— Sempre prestando atenção no que eu faço e até em mim mesmo.
Ele desviou o olhar, meio sem jeito.
— Só quero ser um chefe legal.
Mirela e Júlio chegaram, trazendo uma nova energia ao ambiente.
— Oi, gente, bom dia — disse Mirela.
— Bom dia — Júlio cumprimentou.
— Bom dia — João respondeu, educadamente.
— Bom dia, pessoal. Tudo bem? — perguntei.
— Tudo bem — Mirela e Júlio responderam em uníssono.
João ofereceu um convite.
— Podem sentar se quiserem.
Mirela puxou Júlio para o lado.
— Vem, Luriel, senta do meu lado. Deixa o Júlio sentar do lado do João.
Neguei com a cabeça.
— Estou bem aqui. Estou meio cansado pra sair daqui.
— Para de brincadeira, Luriel — ela insistiu, rindo forçadamente.
— Não vou levantar — falei sério.
Júlio deu de ombros e sentou-se ao lado dela.
— Tudo bem, eu sento aqui.
João terminou seu café, levantando-se.
— Bem... Eu vou indo trabalhar... até depois.
Antes de sair, colocou uma fatia de bolo à minha frente e foi embora para sua sala.
— Pode ficar pra você...
Peguei o bolo e dei uma mordida, saboreando.
— Hummm, que bolo delicioso.
— Como você é maldoso, Luriel — Júlio comentou.
— Concordo... — Mirela acrescentou.
Dei de ombros.
— Não posso fazer nada. Ele deixou pra mim.
Júlio me lançou um olhar repreensivo.
— E você é um amigo da onça, hein? Sabendo que eu tenho crush no João, nem deixou eu sentar ao lado dele.
Sorri, divertido.
— Fica triste não. Você não faz o tipo dele, só você que não percebeu ainda.
— Mas eu posso conseguir ele, tá bom?! — Júlio insistiu.
— Pode tentar, mas fique sabendo que vai falhar.
Mirela entrou na conversa.
— E você, Luriel, faz o tipo dele?
— Acho que não, mas não fico correndo atrás de quem não me dá atenção.
— Ah, fica quieto — Júlio retrucou, irritado.
— Fica na sua, boneca — provoquei, rindo.
Júlio me mostrou o dedo do meio, e eu apenas ri.
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Atualizado até capítulo 41
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