P.o.v -João
Mais tarde, estava sentado no bar do clube da máfia, virando um copo de bebida forte. A ardência descia pela garganta, e tossi involuntariamente. O sabor intenso me fez pensar: "Eu não fiz isso só porque quero algo em troca, só queria ajudar... Mas ele não gosta de mim. Eu tenho que entender."
Júlio se aproximou, sentando ao meu lado com aquele sorriso habitual.
— Bebendo hoje, na quinta-feira, senhor?
Olhei para ele, sem muita vontade de conversar.
— Pede o que quiser — murmurei, tomando mais um gole.
Antes que Júlio pudesse responder, Luriel chegou, sentando-se ao meu lado. Sem aviso, colocou a mão na minha coxa. Fiquei surpreso, especialmente ao perceber que ele estava não estava tão sóbrio.
— Estou sóbrio, sei o que estou fazendo — ele disse, com um sorriso que me deixou desconcertado.
Júlio olhou para Luriel, sério.
— Qual é a sua, cara? Está de brincadeira?! — disse ele, meio irritado.
Levantei a mão, tentando acalmar a situação.
— Calma, Júlio, está tudo bem. Luriel, podemos conversar em particular? Agora...
Levantei-me, indo até uma sala próxima, usada como um closet para as funcionárias da noite. Luriel me seguiu, e assim que entramos, ele perguntou:
— O que quer falar comigo?
Fechei a porta e o encarei, tentando encontrar as palavras certas.
— Não quero que você se sinta pressionado...
— Do que você está falando? — ele perguntou, confuso.
— Sobre nós... — me aproximei dele. — Eu só quero uma coisa agora, talvez ajude você.
— Pode falar — ele respondeu, olhando-me de perto.
Antes que pudesse pensar demais, puxei-o pela gola da camisa e o beijei, segurando sua nuca com a outra mão. No início, ele pareceu sem reação, mas logo retribuiu, pegando minha nuca e intensificando o beijo. Encostamo-nos na parede, e eu puxei seus cabelos, sentindo o calor do momento.
Quando a falta de ar se tornou inevitável, afastei-me, ofegante, e ele sorriu.
— O que foi? Quer parar? — ele provocou.
— Nada... — respondi, ainda perto, nossos corpos quase colados.
Ele aproximou o rosto novamente, sussurrando:
— Se começou, tem que aguentar até o final.
Fechei os olhos, sentindo seus lábios encostarem nos meus novamente, quando um barulho nos interrompeu.
— Lu... — Mirela apareceu, e sua expressão de surpresa era inconfundível.
Afastei Luriel, assustado com a chegada dela. Ele olhou para Mirela, também espantado.
— O que está fazendo aqui?
— Vim ver se você ainda ia para o quarto comigo — ela respondeu, desapontada.
Luriel balançou a cabeça, confuso.
— Mas eu não tinha combinado nada com ninguém.
Fiquei em silêncio, observando a interação deles, pensando: "Ele marcou com ela mesmo?"
Luriel suspirou.
— Vai pro seu quarto. Eu não estou com cabeça pra ficar marcando algo com alguém.
Mirela balançou a cabeça em desaprovação e saiu. Luriel a observou partir, despreocupado.
— Até parece que é dona da minha vida.
Aproximei-me, tocando seu rosto com carinho.
— Você literalmente gosta mesmo de mim, né? — ele perguntou, sentindo meu toque.
Afastei a mão, desconfortável.
— Não fale bobagens.
"Será que ele está certo?" — pensei, antes de sair dali.
Luriel riu, vindo atrás de mim.
— Pra que esconder algo que está tão aparente? — ele provocou.
Suspirei, sem vontade de continuar aquela conversa.
— Porque quer falar disso? — perguntei, enquanto andava.
Thiago apareceu, interrompendo nossa conversa.
— João! Não esperava te encontrar hoje aqui.
Parei, encarando-o.
— Aqui é minha propriedade. Já deveria estar acostumado a me ver por aqui.
Luriel ficou sério ao ver Thiago.
— Lá vem a carniça — murmurou.
Thiago se aproximou, desdenhoso.
— Ainda está com esse segurança? Na reunião, não vou aprovar ele aqui.
Luriel respondeu com frieza.
— Pelo que eu sei, você não aprova nada aqui. Não passa de um sócio inútil.
Thiago se aproximou de mim, sussurrando algo ao meu ouvido.
— Relaxa, logo você vai morrer.
Luriel não esperou mais. Agarrou o pescoço de Thiago, apertando-o com força.
— Calma, não demora muito pra morrer.
Thiago lutou para respirar, pegando no pulso de Luriel.
— Solta! Seu merda! — ele disse, com dificuldade.
— Luriel! Já tá bom... — interrompi, preocupado com a situação.
Luriel apertou um pouco mais antes de soltá-lo.
— Sai daqui, seu inútil.
Thiago segurou o pescoço, lançando-me um olhar ameaçador.
— Vai se arrepender disso — ele disse antes de sair.
Júlio se aproximou, preocupado.
— Senhor João, está bem?
— Sim... — respondi, ainda atônito.
Luriel sorriu.
— Ainda bem que sou seu segurança, senhor João.
Suspirei, cansado.
— É... Eu vou descansar. Até amanhã.
Caminhei até meu quarto, no fim do corredor, Luriel me acompanhando.
— Vai com calma, tem que tomar cuidado com o Thiago — ele advertiu.
— Estou bem... E ele não vai fazer nada — garanti, tentando tranquilizá-lo.
— Melhor prevenir qualquer coisa, né? Por que fica com vergonha quando está perto de mim? — ele perguntou, desafiador.
Parei na porta do quarto, abri-a e virei para ele.
— Não tenho vergonha de você...
Luriel olhou ao redor, curioso.
— Hummm, sei. Boa noite, João.
Aproximei-me, puxando-o pela blusa, e nossos rostos ficaram muito próximos.
— Boa noite...
Ele entrou no quarto me segurando, fechando a porta atrás de si.
— Um simples boa noite? — ele murmurou, a excitação era evidente no seu tom de voz.
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Atualizado até capítulo 41
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