P.o.v -Luriel
João era sério, discreto, o tipo de pessoa que evitava contato visual sempre que podia. Eu notei isso desde o começo, o que só reforçava a ideia de que ele era calculista e fechado. Depois de pensar por alguns minutos na sala, me levantei e fui até o local onde Mirela trabalhava. Encontrei um canto para me sentar, mas não demorou para ela perceber minha presença e vir ao meu encontro.
— Como está sendo hoje? — perguntou, um sorriso curioso brincando em seus lábios.
Levantei o olhar para ela, mantendo a expressão neutra.
— Fui contratado, mas o chefe falou que só vai me chamar quando precisar sair.
— Que coisa boa... — respondeu, aproximando-se um pouco mais. Seus olhos, sempre cheios de segundas intenções, brilhavam com curiosidade. — Como pensa em matá-lo?
A pergunta foi sussurrada, como um segredo proibido, mas ela parecia se divertir com isso. Inclinei-me para frente, respondendo no mesmo tom:
— Não vai ser difícil, mas agora vou me aproximar o máximo possível dele.
Ela assentiu, satisfeita, como se aprovar minha estratégia fosse parte do plano.
— Isso mesmo. Melhor que ele confie em você...
Puxei-a pela cintura, aproximando-a de mim. Meu sorriso era tão provocador quanto o dela.
— E você, sempre com suas ideias brilhantes.
Ela deslizou os dedos pela minha nuca, inclinando-se ainda mais.
— Alguém tem que ser esperta aqui, não é?
Antes que pudesse responder, minha atenção foi desviada pela presença de João entrando no bar. Ele parecia tranquilo, mas seus olhos passaram direto por nós, parando apenas por um segundo. Soltei Mirela e ajeitei minha postura, ficando sério.
— Relaxa, ele não liga pra isso — sussurrou ela, mas eu não estava tão seguro quanto ela parecia estar.
— Não sei não — murmurei. — Sou novo aqui, preciso ficar atento o tempo todo.
— Relaxa, Luriel — insistiu, mas meu foco já estava novamente em João.
Ele se sentou em uma mesa com alguns líderes e começou a jogar cartas. Mesmo ali, parecia frio e calculista, observando as cartas como se o mundo ao redor fosse irrelevante.
— Ele vai jogar por horas ali. Se prepara para esperar — sussurrou Mirela, mas meu sorriso apareceu de canto.
— Eu tenho bastante paciência — respondi.
A porta do bar abriu-se com força, e Thiago entrou fazendo barulho.
— João?!
Ele marchou até a mesa, claramente irritado, mas João mal ergueu os olhos de suas cartas.
— O que você quer? Está atrapalhando nosso jogo — disse João, com um suspiro.
— Como ousa me expulsar do refeitório daquele jeito? Esqueceu quem eu sou? — Thiago bufava, cruzando os braços.
João levantou os olhos, finalmente.
— Você estava bêbado, e eu não gosto de barulho.
Thiago parecia prestes a explodir, mas tentou se controlar.
— Não esqueça que eu também tenho autoridade aqui!
João sorriu de forma fria.
— Então aprenda a agir como líder, ou sempre será assim.
Mirela se inclinou novamente, aproximando-se do meu ouvido.
— Eu descobri que ele quer o mesmo que nós. Matar o João.
— Então ele vai tirar o cavalo da chuva — murmurei.
***
Na manhã seguinte, João saiu de casa e entrou no carro. Eu estava esperando do lado de fora e o cumprimentei.
— Bom dia.
— Bom dia — respondeu, com os olhos no celular.
— Já tomou café?
Ele ergueu os olhos, franzindo a testa.
— Não. Tomo no clube. Por quê?
— Nada não. É que preciso estar atento ao senhor.
— E você? Tomou café?
— Não costumo tomar café de manhã — admiti enquanto dirigia de forma segura e rápida em direção ao clube.
— Tem que tomar. Não conseguirá ter bom desempenho sem se alimentar.
— Já tenho um certo costume com isso e continuo tendo bom desempenho — retruquei.
Enquanto dirigíamos, João apontou para uma cabana de frutas na beira da estrada.
— Vamos parar ali.
Fiz uma varredura rápida no local antes de descer, garantindo que não havia perigo. João foi direto para os morangos, pegando uma cartela. Fiquei ao seu lado, observando a movimentação ao redor, mas ele acabou trombando em mim quando se virou.
Seus olhos encontraram os meus por um instante. A proximidade foi desconfortável, mas senti algo estranho no ar. Afastei-me, tentando manter a compostura.
— Desculpa, chefe. O erro foi meu.
Ele pareceu meio sem jeito.
— É... Você... Não precisa ficar tão perto.
Ele saiu andando até o caixa, apressado.
***
No caminho para o clube, João comeu os morangos em silêncio. Eu dirigia, atento à estrada, mas ele quebrou o silêncio com um gesto inesperado.
— Você quer?
— Não, obrigado. Chefe, me desculpe a pergunta, mas qual é o seu nome?
Ele olhou para mim, como se minha curiosidade fosse incomum.
— João. E o seu é Luriel, né?
— Isso mesmo, senhor João.
— Nome legal. E você tem 24 anos, né?
— Sim. Mais alguma coisa?
Ele hesitou, mas logo disparou:
— Você namora a prostituta?
A pergunta me pegou de surpresa, mas mantive o tom casual.
— Não. Ela é apenas uma ficante.
João assentiu, com um sorriso discreto.
— Entendi. Ela é bonita.
— Ela é apenas um passatempo — respondi, sem me prolongar.
— Entendi...
Logo estacionamos no clube. Ele desceu, e eu o acompanhei. Era mais um dia de vigilância, mas também mais uma oportunidade para me infiltrar ainda mais em sua rotina.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 41
Comments
Mika_Scorpious
ah salafrarios /Angry//Angry//Angry//Angry/
Tadin do meu baby João /Grimace//Whimper//Cry//Frown/
2025-03-09
1