Capítulo 11

P.o.v -Luriel

—Certo, eu vou morar aqui. Mais alguma coisa? — perguntei, cruzando os braços.

João deu de ombros.

— Por enquanto, não.

— Hummm, depois não quero surpresa — murmurei, desconfiado.

— Certo. Vou resolver uns assuntos na minha sala e, depois, quero os dados do hospital para fazer o pagamento — disse ele, levantando-se e saindo, me deixando sozinho com meus pensamentos.

Fiquei ali, o barulho ao redor parecia distante, como se eu estivesse isolado em uma bolha de preocupação.

Mirela chegou, sentando ao meu lado com aquele sorriso que tentava sempre trazer leveza.

— Oi, gato. Qual a boa? — perguntou, me observando de perto. — Pela sua cara, não parece muito bem. O que rolou?

Suspirei, já cansado de repetir a história.

— Meu pai está pior do câncer dele.

— Eita, sério? E agora? — Mirela parecia genuinamente preocupada.

— Não sei o que vou fazer, mas tive uma proposta — respondi, evitando seus olhos.

— Como assim, proposta?

— O João falou que pode me ajudar... Mas nem tudo é de graça e nem flores.

— Ele vai te ajudar? — Mirela perguntou, surpresa.

Fiquei mais tenso, o nervosismo transparecendo em minha voz.

— Sim, mas pra isso, eu vou ter que ser dele... E... eu nunca fiquei com homem.

Ela arregalou os olhos.

— Ele quer que você durma com ele?

Assenti, o incômodo evidente.

— Sim... Mas eu não sei como fazer isso... porque só fiquei com mulheres.

Mirela balançou a cabeça, indignada.

— Como ele teve coragem de usar isso? Que cara idiota...

— E eu vou ter que me mudar pra cá. Agora eu não sei o que eu faço — desabafei.

— Mudar? E você vai aceitar?

— E eu tenho outra escolha? — perguntei, exasperado.

Mirela suspirou.

— Ah, é... seu pai, né.

— Mas eu acho que é só meter, né? — tentei aliviar o peso da conversa com um tom irônico.

— Eu não sei... Tenta, ué — sugeriu, hesitante.

— Me ajudou muito em — respondi, a ironia carregada na voz.

***

***Horas mais tarde***

Entrei no quarto que haviam separado para mim. Era luxuoso, maior do que a minha própria casa. Eu estava começando a me sentir mais confortável, quando ouvi uma voz atrás de mim.

— Gostou desse quarto? — João estava encostado na porta, me observando.

Me assustei ao vê-lo.

— Gostei sim. Ele é maior que a minha casa.

João sorriu.

— Realmente, é um quarto bonito... Mas enfim, você não me mandou os dados bancários ou o pix para eu fazer o pagamento do valor. Mudou de ideia?

Neguei com a cabeça.

— Meu pix é meu número.

Ele pegou o celular e, após alguns instantes, disse:

— Feito — e mostrou o comprovante.

Olhei o comprovante, sentindo um alívio misturado com apreensão.

— Vou já mandar pro hospital. Obrigado.

João se aproximou, ajeitando meu cabelo com uma leveza surpreendente.

— Seu pai vai ficar bem... Não se preocupe.

— Estou fazendo o que posso para ele melhorar — murmurei, tentando esconder meu desconforto.

— Eu sei... — Ele se afastou, despedindo-se. — Até.

Depois que ele saiu, peguei meu celular e enviei o pix ao médico. Joguei-me na cama, pensativo:

"Como vou ser dele, sendo que eu só fiquei com mulheres até agora?"

***

***Três dias depois, no refeitório***

Estávamos almoçando, e a conversa fluía naturalmente até Júlio comentar:

— Não entendo por que o chefe sempre enrola para sair comigo.

Mirela riu.

— Talvez você não faça o tipo dele.

— Mas eu vou conseguir — disse Júlio, confiante, olhando para mim. — E você, Luriel, por que está tão quieto?

Levantei os olhos, sério.

— Porque eu não fico me perguntando por que o chefe não sai comigo.

Júlio franziu o cenho, confuso.

— Ué, como assim, cara? Qual seu problema?

— Gente, calma — Mirela tentou intervir.

— Ele que está se alterando por besteira! Só tava falando pra vocês o que eu quero fazer — Júlio resmungou.

Suspirei, sentindo o peso das últimas horas.

— Desculpa, Júlio, é que estou muito preocupado ultimamente.

Mirela colocou uma mão no meu ombro.

— Vamos entender. O Luriel está com problemas pessoais.

Nesse momento, João entrou no refeitório. Todos se levantaram, respeitosos, enquanto ele passava e se sentava com os outros líderes.

Fiquei no meu canto, com Mirela, sussurrando para ela:

— Preciso me distrair.

Ela se aproximou, sussurrando em meu ouvido:

— Posso ir no seu quarto hoje.

Percebi João nos observando e sussurrei de volta:

— Talvez...

O olhar de João, sério, seguia cada movimento nosso, como se estivesse decidindo algo importante.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!