P.o.v - João
O álcool já estava fazendo efeito enquanto eu caminhava pelos corredores do clube em direção ao meu quarto. Não queria ir para casa naquele estado, então decidi ficar ali mesmo. A cabeça rodava um pouco, mas eu me sentia bem o suficiente para me virar sozinho.
Foi quando Luriel apareceu no corredor e, sem pedir, me ajudou a chegar ao quarto.
— Eu tô bem... — murmurei, tentando afastar a mão dele de mim, mas ele sorriu.
— Sempre é bom uma ajuda — respondeu, como se aquilo fosse natural.
Entramos no quarto, e eu acendi a luz, encostando na porta por um instante antes de perguntar:
— Vai dormir aqui?
Ele riu, um pouco surpreso.
— Não estava pensando nisso... Mas isso é um convite?
Eu ri também, sem esconder a provocação.
— Pode dormir se quiser.
— Não sei se seria uma boa ideia — respondeu ele, parecendo mais descontraído do que de costume. — Mas qualquer coisa fico por aqui mesmo.
Deitei na cama, tirando os óculos e os colocando sobre a mesa de cabeceira.
— Não pode dirigir bêbado por aí.
Ele assentiu, concordando.
— Verdade... Bem, boa noite.
Luriel saiu do quarto e me deixou sozinho. Ouvi seus passos desaparecerem pelo corredor, e fechei os olhos, tentando ignorar os pensamentos que começavam a surgir.
***
**Na manhã seguinte**
Estava em minha sala, resolvendo algumas questões da máfia, quando Vini entrou de repente, com a expressão cheia de irritação.
— João! Por que não atendeu minhas ligações?!
Suspirei, sentindo a dor de cabeça aumentar. "Só o que faltava", pensei, enquanto ele se aproximava.
Antes que eu pudesse responder, Luriel entrou na sala com uma xícara de café. Ele não pareceu notar Vini imediatamente.
— Chefe, aqui está seu café.
Vini virou-se, claramente incomodado.
— Licença! Vamos conversar a sós aqui.
Luriel olhou para mim e depois para ele, avaliando a situação.
— Estou atrapalhando, senhor João? — perguntou, mantendo um tom neutro.
Peguei o café que ele trouxe e balancei a cabeça.
— Está tranquilo...
Mas Vini, sempre dramático, insistiu:
— João, quero falar só com você, não com o seu empregado aqui.
Luriel ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços.
— Você está achando que é quem para falar assim?
— É a verdade! Sai daqui!
— Vini, para com isso. Já chega — cortei, tentando manter a compostura.
Mas antes que eu pudesse intervir, Luriel agarrou o pulso de Vini, torcendo-o com força suficiente para fazê-lo se ajoelhar.
— Filho da puta! Solta! — gritou Vini, contorcendo-se.
Luriel sorriu de forma assustadoramente calma.
— Sou só um empregado, então, só solto se o meu chefe pedir.
Observei a cena com uma expressão neutra, mas por dentro, estava intrigado. "Interessante", pensei. "Poderia observá-lo por horas."
Luriel apertou um pouco mais o pulso de Vini e perguntou:
— Agora fala o que veio fazer aqui? E quem é você?
— Eu vim falar com o João! Ele é meu ex, porra! — gritou, contorcendo-se de dor.
Luriel pareceu surpreso com a revelação, mas manteve o controle.
— O que você quer falar com ele?
— Isso não é da sua conta!
Suspirei, cansado daquela cena.
— Luriel, pede para os outros o colocarem para fora, por favor.
Ele olhou para mim, com um sorriso maldoso.
— Senhor João, pode deixar que eu faço isso.
Em um movimento brusco, Luriel torceu o pulso de Vini novamente e o puxou da sala.
— Vamos, seu saco de merda.
Fiquei na sala, observando os papéis enquanto ouvia os gritos de Vini ecoarem pelo corredor. Um leve sorriso escapou enquanto tomava mais um gole do café.
***
Algum tempo depois, saí da sala e fui até o bar. Peguei uma coca e me sentei por alguns instantes, deixando minha mente vagar. "Acabei de tomar um café, agora uma coca. Que coisa, hein...", pensei.
Luriel apareceu logo depois, pegando um refrigerante no balcão. Ele me viu e se aproximou.
— Chefe, já dei um jeito naquele sujeito.
Olhei para ele com tranquilidade.
— Obrigado. Espero não vê-lo aqui novamente.
— Vai demorar para ele aparecer por aqui — respondeu ele, confiante.
Tomei mais um gole da coca e anunciei:
— Hoje vou almoçar fora.
— Olha que bom. Quando o senhor quiser ir, só me avisar.
— Então vamos.
Ele pegou a chave do carro e perguntou:
— Que tipo de comida o senhor gosta?
Tirei um cartão do bolso e mostrei a ele.
— Vamos aqui.
Ele colocou o endereço no GPS e, enquanto dirigíamos até o restaurante, a curiosidade dele veio à tona.
— Fiquei sabendo que lá tem comidas deliciosas.
— Sim... — respondi, mantendo os olhos na estrada.
Mas a próxima pergunta dele me pegou de surpresa.
— Por que o seu ex te persegue? Ele não aceita o término?
Suspirei, desconfortável.
— É... tipo isso...
— Desculpa a pergunta, sei que é pessoal — disse ele, parecendo sincero.
— Por que você quer esse trabalho? Por que defender alguém seria importante para você?
Ele pensou por um momento antes de responder:
— Porque a segurança de alguém tão importante para nossa sociedade, que faz mais pela gente do que os próprios governantes, é importante para mim.
— Ou tem algo a mais? — perguntei, olhando diretamente para ele.
Ele hesitou por um instante antes de admitir:
— Sempre quis entrar para a máfia desde criança. E quando eu era pequeno, ganhei um carrinho personalizado da máfia.
— Da minha máfia?
— Sim, senhor. — Ele tirou algo do bolso e mostrou um chaveiro feito com o carrinho.
Peguei o objeto, examinando-o.
— Ele é antigo...
— Sim, eu sei. Mas mesmo assim, guardei e fiz um chaveiro.
Fiquei pensativo por um momento. "Esse carro era o meu?"
Chegamos ao restaurante, e ele anunciou:
— Senhor, já chegamos.
Desci do carro, mas antes de entrar, perguntei:
— Luriel, quanto o Carlos está te pagando para ser meu segurança?
— Se eu não me engano, 30 mil.
— E você está satisfeito com isso? — perguntei, observando suas reações com atenção.
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Atualizado até capítulo 41
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