Capítulo 9

P.o.v -João

**Mais tarde**

A festa no clube estava cheia de líderes, música e risadas. Mas eu não tinha ânimo para me misturar. Preferi ficar no balcão, afastado, com um copo na mão. O barulho ao redor parecia distante, como se eu estivesse isolado em uma bolha de pensamentos.

Então, ouvi a voz familiar de Luriel.

— Tudo bem, chefe? — perguntou, enquanto colocava uma caixa sobre o balcão.

Olhei para ele, minha expressão séria.

— Tudo bem.

Ele inclinou a cabeça, observando-me.

— Estranhei ver o senhor aqui no balcão e não jogando com os outros.

— Eu não só jogo — respondi, tomando um gole do meu drink sem perceber o tom grosseiro na minha voz.

Luriel percebeu e, em vez de retrucar, apenas disse com um tom tranquilo:

— Não está mais aqui quem falou.

Suspirei, sentindo o peso da irritação que não tinha a ver com ele.

— Desculpa, não queria descontar em você.

Ele deu de ombros e sugeriu:

— Normalmente, quando estou com raiva, faço algo de que gosto.

Levantei a sobrancelha, curioso.

— E o que você gosta de fazer?

Luriel sorriu de lado.

— Gosto de fazer sexo, praticar luta ou ir atirar.

— Entendi... — murmurei, tentando manter a neutralidade, mas sua resposta despertou minha curiosidade.

— E o senhor? O que gosta de fazer? — perguntou, me encarando com um interesse genuíno.

Aproximei-me dele, inclinando-me para sussurrar perto de seu ouvido.

— Não seja tão curioso.

Ele afastou-se um pouco, mas com um sorriso que denunciava que não tinha se intimidado.

— Não sou curioso. Só gosto de estar informado.

Afastei-me também, sentindo que a conversa estava tomando um rumo desnecessário.

— Pode ir para casa. Você está liberado por hoje.

Luriel, no entanto, não se moveu.

— Não tenho nada para fazer em casa. Prefiro ficar aqui.

— Como quiser. — Dei de ombros e voltei a beber, tentando ignorar sua presença.

— Não vou para casa. Prefiro ficar por aqui, já que não posso deixar sua sala sem supervisão.

Olhei para ele, ponderando sua dedicação ou teimosia.

— Senta aí. Pode beber algo, se quiser.

— Que tal assistirmos uma Fórmula 1? Sei que pessoas ricas gostam de corrida.

Franzi a testa, confuso.

— Como assim?

— Vamos assistir algo para nos aproximarmos mais.

Sua sugestão me pegou de surpresa, mas decidi questionar.

— Por que deveríamos nos aproximar mais?

Luriel sorriu, mas dessa vez havia algo mais no seu olhar.

— Podemos fazer coisas além de chefe e segurança.

— Tipo? — perguntei, desconfiado.

— Tipo sair para comer.

Dei uma risada breve.

— Já saímos para comer.

Antes que ele pudesse responder, Júlio chegou até nós com um sorriso amistoso.

— Senhores, boa noite.

— Boa noite, Júlio — respondeu Luriel, com a mesma tranquilidade de sempre.

Júlio sentou-se ao meu lado, olhando para nós.

— O que estão fazendo?

— Só bebendo — respondi, simples.

— Bebendo e conversando sobre a vida — completou Luriel.

— Senhor João, o que acha de darmos uma volta qualquer dia? — sugeriu Júlio, casualmente.

Antes que eu pudesse responder, Luriel interveio:

— Melhor não, né, senhor João?

Júlio franziu a testa.

— Ué, por que não?

— A cidade está muito perigosa ultimamente — respondeu Luriel, com um tom firme.

— Para isso que tem seguranças — retrucou Júlio, com um sorriso brincalhão.

Luriel deu de ombros.

— Quem tem é o chefe. Nós não temos nada.

Interrompi a conversa, sentindo que o tema estava ficando cansativo.

— Vamos mudar de assunto. Vocês já...? É...

Luriel percebeu minha hesitação.

— Pode completar a pergunta, João. Não precisa ter vergonha.

— Deixa para lá... tô bêbado — desconversei.

— Nossa, chefe, nos deixando curiosos — brincou Júlio, rindo e tocando meu ombro.

Luriel olhou para ele com seriedade.

— Senhor João não gosta muito de toques, né?

— Fica na boa, Luriel. Nem todos querem me matar. — Sorri para ele, tentando aliviar o clima.

Nesse momento, Mirela apareceu, colocando a mão no ombro de Luriel.

— Oi, gente. — Ela deu um selinho nele e sorriu. — Oi, gato.

Luriel retribuiu o sorriso.

— Oi, Mirela. Parece feliz.

— Estou sempre feliz — respondeu ela, com um brilho nos olhos.

Observei os dois por um momento antes de comentar:

— Vocês formam um belo casal.

Luriel balançou a cabeça.

— Não somos um casal, apenas amigos.

— Mas realmente parecem um casal — insistiu Júlio, divertido.

— As aparências enganam — disse Luriel, sem perder o tom leve.

Voltei minha atenção para meu copo, deixando-os conversar.

— Ela combina com você, Júlio — sugeriu Luriel, mudando o foco.

— Eu não fico com muitas meninas — respondeu Júlio, rindo.

— Isso é novo. Não sabia — disse Luriel, curioso.

Olhei para Júlio com um sorriso irônico.

— Ele, pelo visto, dorme mais com homens.

Júlio confirmou sem hesitar.

— Isso é verdade, senhor.

Luriel arregalou os olhos, surpreso.

— Isso é interessante.

Olhei para ele, divertido.

— E você, Luriel? Tem cara de que só teve experiências com mulheres.

Ele deu um sorriso enigmático.

— Isso é verdade. Mas estou querendo uma experiência nova.

O clima ficou diferente. Mirela olhou para Luriel, claramente surpresa. Júlio riu, parecendo gostar da honestidade.

— É bom ser aberto a novas experiências, Luriel — incentivou Júlio.

— Mas ainda não tive oportunidade — respondeu ele, com um ar tranquilo.

— Um dia vai — disse Júlio, rindo.

Olhei para Luriel por um momento, tentando decifrá-lo. Ele sustentou meu olhar e sorriu. Retribui o sorriso, voltando a beber.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!