P.o.v -Luriel
Dias depois, o peso do mundo parecia repousar em meus ombros. Sentei de frente ao médico, tentando manter a compostura enquanto ele explicava.
— Quero falar com o senhor hoje sobre o estado de seu pai — disse ele, com aquele tom clínico que mal disfarçava a gravidade do assunto.
Assenti, cruzando os braços.
— Pode falar. Como está a situação dele?
— A doença de seu pai está evoluindo rapidamente. Ele precisa de um tratamento com medicamentos caros, que não temos aqui.
As palavras perfuraram meu peito como uma faca. Cerrei os punhos sob a mesa.
— Quanto custam esses remédios? Onde posso consegui-los?
O médico hesitou por um momento antes de responder.
— Precisaremos fazer o pedido fora do país. O tratamento completo custará 100 mil... Podemos iniciar o processo?
Respirei fundo, minha mente já calculando possibilidades, nenhuma delas agradável.
— Podem sim. Vou dar um jeito de conseguir esse dinheiro.
Por dentro, um pensamento sórdido me invadiu:
"Vou ter que matar o João logo ou fazê-lo me dar esse dinheiro."
— Ok, senhor. Vou iniciar os trâmites — finalizou o médico, sem saber das engrenagens sombrias que giravam em minha cabeça.
***
**Mais tarde, na máfia**
Cheguei no clube com a cabeça em um turbilhão, atravessando o salão em direção ao bar sem nem olhar para João. Pedi um drink quente e sentei em silêncio, tentando me reorganizar mentalmente.
Ele, claro, não deixou passar. Aproximou-se e sentou ao meu lado, o olhar curioso de sempre.
— Está atrasado...
Levantei os olhos para ele, minha expressão séria.
— Tá bom, eu sei. Não tô na vibe de ser chamado atenção.
João inclinou a cabeça, avaliando-me como se pudesse ler minha alma.
— É algo com seu pai doente, né?
Minhas sobrancelhas se ergueram.
— Como sabe disso?
— Você estava no hospital, não é? Então... — disse ele, casual, enquanto pegava uma lata de Coca-Cola.
Minha desconfiança aumentou.
— Como você sabe dessas informações se eu não contei pra ninguém?
João deu de ombros, como se fosse óbvio.
— Sou o chefe. Sei de muitas coisas sobre meus funcionários.
Cruzei os braços, apertando os lábios.
— Então, se você sabe de tudo, deve saber o que eu estou precisando, certo?
— Não, Luriel. Eu não sei de tudo.
Suspirei, pesado. Não havia por que esconder.
— Preciso pagar o tratamento do meu pai. O hospital não tem os remédios, e é necessário fazer um pedido porque eles vêm de fora do país.
— Entendo... E seu pai pode morrer? — perguntou, direto.
Assenti, sem rodeios.
— Provavelmente sim.
— E é caro o tratamento?
— Pra mim, sim. Só os remédios custam 100 mil.
Ele inclinou-se um pouco mais para mim, a expressão curiosa agora suavizada por algo que parecia compaixão.
— É por isso que você está nervoso?
— Sim. Se eu não comprar os remédios, meu pai pode piorar e acabar morrendo.
João ficou em silêncio por alguns segundos, depois disse calmamente:
— Posso conseguir isso pra você.
Fiquei atônito por um momento.
— Sério?! Como?
— Te dou o dinheiro.
Minha desconfiança voltou com força total.
— O que eu vou ter que fazer pra pagar esse dinheiro?
Ele me olhou como se minha pergunta fosse absurda.
— Pagar? Por que acha que terá que me pagar?
— Porque ninguém faz nada de graça pra ninguém.
João sorriu de canto, como se estivesse apreciando a minha lógica.
— Tem razão... Mas, enfim, não pense nisso agora. Pense no bem-estar do seu pai.
— Não gosto de ficar devendo nada pra ninguém. Então, me fala logo como vou te pagar.
João inclinou-se para mim, a proximidade inesperada deixando-me tenso.
— Pago o que seu pai precisar. Relaxa...
Ele sussurrou isso, quase como uma promessa, mas aquilo só me deixou mais inquieto.
— Não gosto de surpresas. Quero saber o que vou ter que fazer.
João fixou seus olhos nos meus, sua expressão carregada de algo que eu não conseguia decifrar.
— Você só terá que ser meu.
Piscando, me endireitei no banco.
— É simples... — continuou ele.
Minha mente disparou. Não sabia como reagir.
— Me explica isso melhor.
— Você não queria ter novas experiências? Então... tenha comigo. Serei o seu primeiro — disse ele, com uma naturalidade desconcertante.
Minha cabeça girava. Por fora, eu mantinha a calma, mas por dentro só pensava:
"Vou fazer isso só pra salvar meu pai. Como ele consegue falar isso de forma tão natural?"
Respirei fundo e assenti.
— Tá bom, mas quero que cumpra com sua palavra.
João sorriu, satisfeito.
— E eu vou. Não se preocupe. Também quero que você more aqui no clube... por precaução.
Ele parecia tão seguro de si, enquanto eu me sentia entrando em um território desconhecido.
— Certo... — murmurei, já me preparando mentalmente para o que viria a seguir.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Mika_Scorpious
Rapaz, até eu que sou eu, que já li de tudo, me surpreendi, imagina a cabeça do Luriel :/
(minino ousado /Blush/)
2025-03-09
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Mika_Scorpious
se bobear até já sabe que estão tramando contra a vida dele /Sly//Sweat/
2025-03-09
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