Capítulo 6

P.o.v -Luriel

Os dias estavam ficando mais rotineiros, e eu já começava a me adaptar ao meu papel como segurança de João. Depois de estacionarmos no clube, ele me conduziu até sua sala, mas parou na porta antes de entrar e virou-se para mim.

— Se eu precisar de você, eu te chamo — disse, com seu habitual tom direto.

— Tá bom, Sr. João — respondi, tentando manter a postura de profissionalismo.

Assim que ele entrou, dei meia-volta e fui para uma sala onde Mirela costumava estar. Sentei-me, pensando no estranho momento mais cedo, quando nossos olhares se cruzaram perto da cabana de frutas. A presença dela logo interrompeu meus pensamentos.

— E aí, gato? — perguntou Mirela, aproximando-se com aquele sorriso provocador de sempre.

Olhei para ela, tentando disfarçar a inquietação.

— E aí, gata? O que tem de bom?

Ela riu baixo, sentando-se próxima a mim.

— Fiquei sabendo de uma coisa sobre o seu chefinho...

Minha curiosidade despertou, e meu olhar encontrou o dela.

— O que você descobriu?

— Fiquei sabendo que o João já ficou com homens — sussurrou, inclinando-se como se aquilo fosse um grande segredo.

A informação me pegou de surpresa. Mirela percebeu e riu de leve.

— Também fiquei chocada, mas tem pessoas que sabem, e ele não faz disso um segredo.

Pensei por um momento, mas logo respondi:

— Ele é dono de uma máfia, não tem que ficar escondendo nada de ninguém. Se alguém não gostar, problema da pessoa.

Ela arqueou uma sobrancelha, surpresa.

— Tá defendendo ele agora?

— Não estou defendendo, só acho que ele tá certo. Ele não tem que ligar pra opinião de ninguém.

Ela deu de ombros, concordando.

— Verdade, mas logo ele morrerá, e você vai ser o chefe dessa máfia — sussurrou, com aquele tom conspiratório.

— Vamos parar de falar sobre isso aqui — cortei, também sussurrando. — Alguém pode escutar. Aqui só falamos de informações.

***

Algumas semanas depois, eu já estava mais acostumado ao trabalho e à rotina. Certo dia, entrei no bar do clube e vi João sentado à mesa, jogando cartas com alguns líderes. Peguei uma cadeira e sentei-me perto o suficiente para observá-lo, mas não tão perto para parecer invasivo.

Ele notou minha presença e fez um gesto para que eu me aproximasse. Levantei-me e fui até ele.

— Tudo bem, chefe?

João inclinou-se um pouco e falou baixo, próximo ao meu ouvido:

— Me traz uma bebida de morango. E, se quiser, pode sentar para jogar aqui.

Sua voz era tranquila, mas direta. Assim que ele terminou de falar, voltou a focar nas cartas, como se nada tivesse acontecido. Fiz o que ele pediu, indo até o balcão buscar a bebida. Enquanto esperava, vi que ele mandou colocarem uma cadeira ao lado dele.

Voltei à mesa com o drink e coloquei-o na frente dele antes de me sentar ao seu lado. João colocou as cartas na minha frente, me incluindo no jogo.

Peguei as cartas e mantive uma expressão calma e confiante, analisando o que tinha nas mãos.

Carlos, um dos líderes, olhou para mim e perguntou:

— E aí, Luriel, está gostando do trabalho?

— Estou sim, estou achando bem tranquilo — respondi, sem desviar o olhar das cartas.

Nesse momento, Júlio, o recepcionista, chegou e sentou-se quase ao lado de João.

— Boa noite, gente.

— Oi, Júlio. Boa noite — cumprimentou João, sem muita emoção.

— Boa noite — responderam Carlos e eu quase ao mesmo tempo.

— Vamos jogar valendo ou só por diversão? — perguntei, tentando quebrar o clima.

João me olhou.

— Jogamos muitas vezes só por diversão.

Ele tomou um gole da bebida e, surpreendentemente, ofereceu-me.

— Quer?

Aceitei, tomando um gole e devolvendo o copo.

— Esse drink tá bom.

João deu de ombros.

— Pode tomar comigo. Achei o copo grande.

Fiquei surpreso com a atitude dele, mas aproveitei a oportunidade.

— Se não tiver problema nenhum... — disse, tomando mais um gole antes de devolver.

Enquanto isso, Júlio se inclinou mais para perto de João.

— Chefe, o que acha de irmos almoçar qualquer dia desses?

João ergueu uma sobrancelha, encarando-o.

— Está me chamando pra sair?

Júlio pareceu ficar sem jeito.

— É... Não sei, senhor. Só queria retribuir o ótimo tratamento no trabalho... — disse, nervosamente.

Observei a interação e pensei comigo: "Corajoso ele, hein?"

João voltou a atenção as cartas.

— Relaxa. Podemos qualquer dia.

Aproveitei a deixa para sugerir:

— Podemos fazer um jantar aqui no clube, né?

João pareceu considerar a ideia.

— Seria uma boa... Fiquei sabendo que está perto do seu aniversário de 24 anos, Luriel. Podemos comemorar.

Olhei meio sem jeito, não esperando que ele soubesse disso.

— Não precisa se preocupar com isso.

— Aniversários devem ser comemorados — insistiu João, com um tom que parecia não aceitar objeções.

— Verdade — concordou Carlos. — Tem que comemorar.

Suspirei, rendendo-me.

— Se vocês querem comemorar, quem sou eu pra recusar?

Carlos riu, levantando seu copo.

— Isso aí!

A mesa voltou a focar no jogo, mas eu não pude deixar de pensar no rumo que as coisas estavam tomando. João estava se aproximando de mim mais rápido do que eu planejava, e isso só tornava minha missão ainda mais fácil... e interessante.

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Comments

Mika_Scorpious

Mika_Scorpious

O pessoal dessa máfia parece que só fica cuidando da vida dos outros e fofocando, acho que eles devem ser uma das fontes do Léo Dias, só pode akakakakKaakakkaakak

2025-03-09

1

Mika_Scorpious

Mika_Scorpious

por que alguém problema vadia? /Right Bah!/

2025-03-09

1

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