P.o.v -Luriel
Os dias estavam ficando mais rotineiros, e eu já começava a me adaptar ao meu papel como segurança de João. Depois de estacionarmos no clube, ele me conduziu até sua sala, mas parou na porta antes de entrar e virou-se para mim.
— Se eu precisar de você, eu te chamo — disse, com seu habitual tom direto.
— Tá bom, Sr. João — respondi, tentando manter a postura de profissionalismo.
Assim que ele entrou, dei meia-volta e fui para uma sala onde Mirela costumava estar. Sentei-me, pensando no estranho momento mais cedo, quando nossos olhares se cruzaram perto da cabana de frutas. A presença dela logo interrompeu meus pensamentos.
— E aí, gato? — perguntou Mirela, aproximando-se com aquele sorriso provocador de sempre.
Olhei para ela, tentando disfarçar a inquietação.
— E aí, gata? O que tem de bom?
Ela riu baixo, sentando-se próxima a mim.
— Fiquei sabendo de uma coisa sobre o seu chefinho...
Minha curiosidade despertou, e meu olhar encontrou o dela.
— O que você descobriu?
— Fiquei sabendo que o João já ficou com homens — sussurrou, inclinando-se como se aquilo fosse um grande segredo.
A informação me pegou de surpresa. Mirela percebeu e riu de leve.
— Também fiquei chocada, mas tem pessoas que sabem, e ele não faz disso um segredo.
Pensei por um momento, mas logo respondi:
— Ele é dono de uma máfia, não tem que ficar escondendo nada de ninguém. Se alguém não gostar, problema da pessoa.
Ela arqueou uma sobrancelha, surpresa.
— Tá defendendo ele agora?
— Não estou defendendo, só acho que ele tá certo. Ele não tem que ligar pra opinião de ninguém.
Ela deu de ombros, concordando.
— Verdade, mas logo ele morrerá, e você vai ser o chefe dessa máfia — sussurrou, com aquele tom conspiratório.
— Vamos parar de falar sobre isso aqui — cortei, também sussurrando. — Alguém pode escutar. Aqui só falamos de informações.
***
Algumas semanas depois, eu já estava mais acostumado ao trabalho e à rotina. Certo dia, entrei no bar do clube e vi João sentado à mesa, jogando cartas com alguns líderes. Peguei uma cadeira e sentei-me perto o suficiente para observá-lo, mas não tão perto para parecer invasivo.
Ele notou minha presença e fez um gesto para que eu me aproximasse. Levantei-me e fui até ele.
— Tudo bem, chefe?
João inclinou-se um pouco e falou baixo, próximo ao meu ouvido:
— Me traz uma bebida de morango. E, se quiser, pode sentar para jogar aqui.
Sua voz era tranquila, mas direta. Assim que ele terminou de falar, voltou a focar nas cartas, como se nada tivesse acontecido. Fiz o que ele pediu, indo até o balcão buscar a bebida. Enquanto esperava, vi que ele mandou colocarem uma cadeira ao lado dele.
Voltei à mesa com o drink e coloquei-o na frente dele antes de me sentar ao seu lado. João colocou as cartas na minha frente, me incluindo no jogo.
Peguei as cartas e mantive uma expressão calma e confiante, analisando o que tinha nas mãos.
Carlos, um dos líderes, olhou para mim e perguntou:
— E aí, Luriel, está gostando do trabalho?
— Estou sim, estou achando bem tranquilo — respondi, sem desviar o olhar das cartas.
Nesse momento, Júlio, o recepcionista, chegou e sentou-se quase ao lado de João.
— Boa noite, gente.
— Oi, Júlio. Boa noite — cumprimentou João, sem muita emoção.
— Boa noite — responderam Carlos e eu quase ao mesmo tempo.
— Vamos jogar valendo ou só por diversão? — perguntei, tentando quebrar o clima.
João me olhou.
— Jogamos muitas vezes só por diversão.
Ele tomou um gole da bebida e, surpreendentemente, ofereceu-me.
— Quer?
Aceitei, tomando um gole e devolvendo o copo.
— Esse drink tá bom.
João deu de ombros.
— Pode tomar comigo. Achei o copo grande.
Fiquei surpreso com a atitude dele, mas aproveitei a oportunidade.
— Se não tiver problema nenhum... — disse, tomando mais um gole antes de devolver.
Enquanto isso, Júlio se inclinou mais para perto de João.
— Chefe, o que acha de irmos almoçar qualquer dia desses?
João ergueu uma sobrancelha, encarando-o.
— Está me chamando pra sair?
Júlio pareceu ficar sem jeito.
— É... Não sei, senhor. Só queria retribuir o ótimo tratamento no trabalho... — disse, nervosamente.
Observei a interação e pensei comigo: "Corajoso ele, hein?"
João voltou a atenção as cartas.
— Relaxa. Podemos qualquer dia.
Aproveitei a deixa para sugerir:
— Podemos fazer um jantar aqui no clube, né?
João pareceu considerar a ideia.
— Seria uma boa... Fiquei sabendo que está perto do seu aniversário de 24 anos, Luriel. Podemos comemorar.
Olhei meio sem jeito, não esperando que ele soubesse disso.
— Não precisa se preocupar com isso.
— Aniversários devem ser comemorados — insistiu João, com um tom que parecia não aceitar objeções.
— Verdade — concordou Carlos. — Tem que comemorar.
Suspirei, rendendo-me.
— Se vocês querem comemorar, quem sou eu pra recusar?
Carlos riu, levantando seu copo.
— Isso aí!
A mesa voltou a focar no jogo, mas eu não pude deixar de pensar no rumo que as coisas estavam tomando. João estava se aproximando de mim mais rápido do que eu planejava, e isso só tornava minha missão ainda mais fácil... e interessante.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Mika_Scorpious
O pessoal dessa máfia parece que só fica cuidando da vida dos outros e fofocando, acho que eles devem ser uma das fontes do Léo Dias, só pode akakakakKaakakkaakak
2025-03-09
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Mika_Scorpious
por que alguém problema vadia? /Right Bah!/
2025-03-09
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