O dia seguinte amanheceu com a luz filtrando-se pelas frestas da caverna. No interior, o pequeno grupo de sobreviventes tentava se recuperar, tanto física quanto emocionalmente, após a fuga desesperada e a destruição da base.
Raven estava sentada perto da entrada da caverna, olhando para o horizonte. Sua camisa estava rasgada na altura do braço esquerdo, expondo uma ferida profunda que latejava com dor. A Doutora aproximou-se com sua maleta de primeiros socorros improvisada.
— Você precisa cuidar disso antes que infeccione, Raven — a Doutora disse, ajoelhando-se ao lado dela.
Raven suspirou, mas não resistiu. — Não é nada. Já lidei com coisas piores.
— Claro que é algo — a Doutora rebateu, enquanto limpava o corte com cuidado. — Você não vai liderar ninguém se estiver caída de febre.
O toque gentil de Elise surpreendeu Raven. Ela observava a concentração nos olhos da médica, a forma como ela mordia levemente o lábio enquanto trabalhava. Era uma visão diferente, um momento de quietude em meio ao caos.
— Você é teimosa, sabia? — Raven murmurou, com um pequeno sorriso.
A Doutora Elise olhou para ela, um brilho nos olhos. — Alguém tem que ser, já que você insiste em carregar o peso do mundo sozinha.
Um silêncio confortável se instalou entre elas, mas o olhar da Doutora ficou mais intenso. — Sobre aquela noite...
Raven desviou o olhar, claramente desconfortável. — Não era o momento certo.
— E agora é? — a Doutora perguntou, esperançosa, mas sem pressão.
Raven hesitou, mas antes que pudesse responder, Ferreira chamou por elas do outro lado da caverna.
— Precisamos conversar sobre os próximos passos — ele anunciou, sua voz firme.
Raven levantou-se, puxando a camisa sobre o braço. — Vamos.
Enquanto Raven e a Doutora se aproximavam do grupo, Lina estava sentada com Ferreira. Ele segurava sua mão, os olhos cheios de preocupação.
— Você não precisa fazer tudo sozinha, Lina — Ferreira disse, a voz suave, mas firme. — Eu sei que você quer proteger todos, mas... eu não quero te perder.
Lina sorriu, apertando a mão dele. — Eu sei. Mas se não fizermos algo agora, o Império vai nos achar, e aí não haverá nada para proteger.
— Raven vai decidir o que fazer — Ferreira respondeu, embora claramente desconfortável. — E eu confio nela.
Lina inclinou-se para beijá-lo rapidamente. — Eu também. Mas preciso confiar em mim mesma, Ferreira.
Os dois trocaram olhares, uma mistura de amor e preocupação.
— Precisamos decidir — Raven começou, cruzando os braços. — O Império sabe que fugimos, e eles não vão parar até nos encontrar.
— Então temos que nos mover antes que eles nos localizem — Lina sugeriu.
— Não é tão simples — Ferreira retrucou. — Estamos exaustos, sem recursos suficientes para viajar por muito tempo.
A discussão continuou por algum tempo, com Lina e Ferreira apresentando alternativas, enquanto a Doutora sugeria encontrar aliados em outras áreas. No entanto, antes que pudessem chegar a uma decisão, um som interrompeu a conversa.
Passos ecoaram do lado de fora da caverna, seguidos por uma respiração ofegante. Raven sinalizou para que todos ficassem em silêncio e pegou sua arma, enquanto Ferreira e Lina faziam o mesmo.
— Quem está aí? — Raven perguntou, a voz fria e autoritária.
Um jovem apareceu na entrada, levantando as mãos em sinal de rendição. Ele usava o uniforme do Império, mas seu rosto jovem e hesitante contrastava com o estereótipo de um soldado tecnocrata.
— Calma, calma! — ele disse, a voz trêmula. — Eu só quero falar.
Raven estreitou os olhos. — Falar sobre o quê?
O jovem apontou para Lina, seu olhar acusador. — Sobre ela.
Lina congelou, mas não demonstrou nada além de frieza.
— Eu sabia que você era uma espiã — ele continuou, encarando Lina. — Eu desconfiava desde que você começou a desaparecer sem explicação na base. Agora tenho certeza.
— E o que pretende fazer com essa certeza? — Raven perguntou, aproximando-se dele com a arma em mãos.
O jovem hesitou, mas levou a mão ao comunicador em seu cinto. — Vou informar ao meu líder...
Antes que pudesse terminar, um tiro ecoou pela caverna. Lina havia sacado sua arma e atirado no peito do soldado. Ele caiu no chão, os olhos arregalados, enquanto o sangue manchava sua roupa.
— Não havia outra escolha — Lina disse, guardando a arma e olhando para Ferreira.
Ferreira assentiu, mas seu olhar estava carregado de preocupação.
Raven suspirou, abaixando a arma. — Agora eles sabem que estamos perto. Não temos mais tempo.
Todos olharam para o corpo caído. A guerra contra o Império só estava começando, e as consequências de cada ação estavam ficando mais pesadas a cada dia.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Joelma Oliveira
por um instante achei q seria um aliado msm q fraco.. q pena
2025-01-03
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