A tensão na base da Resistência estava sufocante. Os corredores, antes cheios de conversas e movimentos ágeis, agora pareciam mais lentos, como se cada passo fosse um fardo. A notícia trazida por Lina ecoava em todos os cantos: Elise era mais do que uma simples médica. Ela era “a chave”. Mas a chave para quê?
Raven convocou os líderes da Resistência para uma reunião emergencial na sala de planejamento. Uma mesa grande ocupava o centro, com mapas detalhados e documentos espalhados. Lina estava sentada no canto, com os braços cruzados, ainda absorvendo tudo o que tinha visto.
— Eles atacam em dois dias se não entregarmos Elise — Raven começou, com a voz firme, mas carregada de preocupação. — Não precisamos discutir o que já sabemos. O que precisamos decidir é como vamos reagir.
Um dos soldados mais experientes, Marcos, bateu a mão na mesa.
— Não podemos enfrentá-los de frente. Não com o que temos. As tropas do Império são infinitamente maiores e mais equipadas.
— Então entregamos Elise? — questionou Lara, uma jovem estrategista da Resistência.
O silêncio que se seguiu foi como um soco no estômago. Todos sabiam que essa era a única maneira de evitar a destruição imediata, mas Raven não hesitou.
— Não vamos entregá-la — disse ele com firmeza, olhando para cada um deles. — Elise é uma de nós agora, e a Resistência não sacrifica os seus.
Lara abaixou os olhos, sem dizer nada. Lina, no entanto, interveio.
— Entregar Elise não resolveria o problema. Se ela é tão importante para eles, isso significa que têm um plano maior. Entregá-la seria apenas adiarmos nossa destruição.
Raven assentiu.
— Exatamente. E é por isso que precisamos descobrir o que Elise significa para eles e por que ela é tão crucial.
— E como faremos isso? — perguntou Marcos, cruzando os braços. — Ela mal fala sobre si mesma.
— Vamos descobrir — respondeu Raven, antes de se virar para Lina. — E você, Lina, viu mais alguma coisa? Algo que possamos usar a nosso favor?
Lina hesitou por um momento, antes de responder.
— O laboratório deles. É gigantesco. Eles estão desenvolvendo alguma coisa lá dentro. Não consegui descobrir o quê, mas há cientistas trabalhando sem parar. Tenho certeza de que está relacionado a Elise.
Raven franziu o cenho e olhou para o mapa sobre a mesa.
— Isso complica as coisas. Precisamos de mais informações antes de tomarmos qualquer decisão definitiva.
Enquanto a reunião acontecia, Elise estava em seu abrigo, um pequeno quarto subterrâneo improvisado. Ela caminhava de um lado para o outro, as mãos tremendo. A ameaça do Império não era novidade para ela, mas agora era pessoal.
Ela sabia por que era chamada de “a chave”.
O trabalho que realizara no passado, quando ainda fazia parte dos laboratórios do Império, era o motivo de toda essa perseguição. Elise havia ajudado a desenvolver uma tecnologia biogenética capaz de alterar o DNA humano em níveis nunca antes imaginados. A promessa inicial era de avanços médicos, mas o Império rapidamente transformara a pesquisa em uma arma: soldados geneticamente modificados, imunes a dor e mais letais do que qualquer humano comum.
O problema era que a pesquisa de Elise nunca fora concluída. Ela desertara antes que o projeto alcançasse todo o seu potencial. Sem ela, o Império estava estagnado.
Sentada na beira da cama, Elise sussurrou para si mesma:
— Eles não podem me encontrar. Não agora.
A porta do abrigo se abriu, e Raven entrou. Ela parecia cansada, mas determinada.
— Precisamos conversar — disse ela, fechando a porta atrás de si.
Elise olhou para ela, sabendo exatamente o que ela queria perguntar.
— Você quer saber por que eles me chamam de “a chave”, não é?
Raven assentiu.
— Isso pode determinar como enfrentaremos o Império. Por que você é tão importante para eles?
Elise suspirou, sentindo o peso de sua decisão. Finalmente, ela começou a falar.
— Trabalhei para o Império como pesquisadora chefe em biotecnologia. Desenvolvi um programa que poderia transformar humanos em armas vivas, soldados perfeitos. Mas antes que o projeto fosse concluído, percebi o que eles realmente queriam. Era mais do que apenas soldados. Eles queriam controlar a própria evolução humana.
Raven arregalou os olhos.
— Controle absoluto?
— Sim — confirmou Elise. — Eles acreditam que, com minha pesquisa, podem criar uma geração inteira de humanos geneticamente superiores, eliminando qualquer traço de fraqueza ou independência.
O silêncio tomou conta do pequeno quarto. Raven precisava de alguns segundos para processar tudo.
— Isso significa que, se conseguirem colocar as mãos em você...
— Eles poderão terminar o que comecei — concluiu Elise.
Na base do Império, o líder caminhava pelo laboratório, acompanhado por dois de seus comandantes. Os cientistas trabalhavam freneticamente, com hologramas exibindo modelos genéticos e fórmulas complexas.
— Quanto tempo temos até o programa ser finalizado? — perguntou o líder, sua voz fria.
Um dos cientistas, nervoso, respondeu:
— Sem a doutora, precisaremos de pelo menos mais cinco anos. Mas se a recuperarmos... podemos concluir tudo em questão de meses.
O líder parou e observou o trabalho ao redor.
— Dois dias — disse ele, virando-se para seus comandantes. — Quero o ataque pronto em dois dias. Se a Resistência não nos entregar Elise, não deixaremos sobreviventes.
Os comandantes assentiram e se retiraram para preparar as tropas. O líder permaneceu no laboratório, observando uma tela onde o rosto de Elise estava projetado.
— Você não pode se esconder para sempre, doutora.
De Volta à Resistência
Raven retornou à sala de planejamento, onde os líderes esperavam por ela. Ela respirou fundo antes de compartilhar o que acabara de descobrir.
— Elise nos contou tudo. E é muito pior do que pensávamos.
Os rostos ao redor da mesa se tornaram ainda mais sombrios.
— Então, qual é o plano? — perguntou Lina.
Raven olhou para ela, determinado.
— Não vamos esperar pelo ataque. Vamos agir primeiro.
O plano começava a tomar forma. Elas sabiam que não podiam vencer o Império em uma batalha direta, mas talvez, apenas talvez, houvesse uma maneira de virar o jogo antes que a guerra realmente começasse.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Joelma Oliveira
controle supremo é o sonho de todo ditador. tomara q isso nunca se torne realidade. como está ja é ruim demais
2025-01-02
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