A aurora surgiu pálida no horizonte, banhando o deserto em tons de laranja e dourado, mas a luz do dia parecia incapaz de dissipar a escuridão que vinha junto com o exército do Império Tecnocrata. O som ensurdecedor de máquinas, veículos blindados e botas marchando no chão ressoava ao longe, cada vez mais próximo da base da resistência.
Raven estava na torre de vigia, o olhar fixo no horizonte. Ao longe, as tropas do Império se aproximavam em formação impecável. Torres móveis de batalha, drones flutuando em padrões calculados, caminhões armados com canhões de plasma, e, no centro, um veículo imponente como um colosso de metal. Ali, ela sabia, estava o líder tecnocrata.
Ferreira subiu até ela, o rosto carregado de preocupação.
— É isso. Eles vieram com tudo.
Raven apertou os punhos contra o parapeito, seu olhar fixo. — Não vamos entregar a doutora. Se vamos cair, Ferreira, que seja lutando.
Ferreira assentiu, mas o peso da responsabilidade parecia dobrar seus ombros.
O exército do Império se posicionou a poucos metros da base, parando com precisão militar. O silêncio que se seguiu era quase pior do que o barulho das máquinas. Então, do veículo central, desceu um homem.
O líder tecnocrata era alto, com uma postura imponente e uma aparência impecável. Seu rosto era pálido, quase inumano, e seus olhos brilhavam com uma inteligência fria. Ele vestia um uniforme escuro com insígnias brilhantes no peito. Caminhou calmamente até ficar à vista de todos, um sorriso de desprezo nos lábios.
— Raven — ele começou, sua voz firme e cheia de sarcasmo. — A grande líder da resistência. Finalmente nos encontramos.
Raven desceu da torre e caminhou até a entrada da base, ficando a poucos metros dele. Ferreira e Lina estavam ao seu lado, ambos tensos, armas em mãos.
— Quem é você? — Raven perguntou, sua voz firme, mas carregada de desconfiança.
Ele fez uma pequena reverência, zombeteira. — Meu nome é Augustin Kroll. Talvez já tenha ouvido falar de mim. Eu sou o homem que vai decidir o destino desse seu pequeno grupo rebelde.
— Não vamos entregar a doutora — Raven disse, sua voz cortante.
Kroll ergueu uma sobrancelha, como se estivesse genuinamente surpreso. — Oh, mas por que não? Eu até ofereci a chance de se renderem pacificamente. Vocês não querem poupar essas... vidas insignificantes?
Ferreira deu um passo à frente, mas Raven o segurou pelo braço. Kroll notou o movimento e riu baixinho.
— Entendo. Vocês preferem a violência. Muito bem, então. — Ele fez um gesto simples com a mão, e as tropas do Império começaram a se mover. — Destruam tudo, mas deixem a doutora viva.
O som das primeiras explosões rompeu o silêncio. Torres de vigia caíram em chamas enquanto os drones do Império sobrevoavam a base, disparando contra qualquer movimento. Os soldados da resistência reagiram imediatamente, tentando conter o avanço, mas o número esmagador das tropas do Império tornava a tarefa quase impossível.
Ferreira comandava uma equipe na entrada principal, tentando manter os rebeldes e soldados tecnocratas afastados com barricadas improvisadas e tiros precisos. Lina estava em outro ponto, liderando um grupo que tentava derrubar os drones.
Raven corria entre os pontos estratégicos, coordenando os movimentos, mas mesmo ela sabia que estavam em desvantagem.
— Eles estão vindo de todos os lados! — Lina gritou pelo rádio.
— Mantenham suas posições! Não recuem! — Raven respondeu, sua voz firme.
As máquinas de guerra do Império avançavam sem piedade. Torres de plasma disparavam feixes que desintegravam estruturas e homens em segundos. Explosões ecoavam por todos os lados, e os gritos dos feridos e moribundos se misturavam ao som da batalha.
Enquanto o caos se desenrolava, Kroll permaneceu à distância, observando tudo com calma perturbadora. Ele estava cercado por um pequeno grupo de guardas pessoais, mas não parecia preocupado.
— Impressionante, não é? — ele comentou com um de seus comandantes. — Como esses ratos lutam até o fim, mesmo sabendo que estão perdidos.
Ele pegou um pequeno comunicador e apertou um botão. — Enviem os reforços do sul. Quero acabar com isso antes do amanhecer.
Apesar da resistência desesperada, a base estava sendo destruída. Explosões derrubaram as muralhas, e soldados tecnocratas começaram a invadir o interior. Ferreira lutava ao lado de seus homens, mas o cansaço e as perdas eram evidentes.
Lina, coberta de poeira e sangue, conseguiu derrubar um último drone antes de ser forçada a recuar para o centro da base.
Raven, com um corte profundo no braço, tentava reorganizar os sobreviventes, mas era claro que estavam sendo derrotados.
— Não podemos segurar mais! — Ferreira gritou para ela.
Raven olhou ao redor, vendo a destruição e os corpos de seus aliados espalhados pelo chão. Ela sentiu a dor da derrota se intensificar em seu peito, mas não podia deixar isso transparecer.
— Recuem para o setor três! Protejam a doutora a todo custo!
Mesmo com a ordem, o avanço do Império era implacável. Quando a noite caiu, a base estava em ruínas. Os poucos soldados restantes da resistência estavam escondidos ou mortos.
Raven, Ferreira e Lina se encontraram no que restava do centro de comando. Todos estavam feridos, sujos e exaustos.
— Estamos encurralados — Lina disse, ofegante.
Ferreira olhou para Raven, seus olhos cheios de raiva e desespero. — O que fazemos agora?
Raven não respondeu. Lá fora, Kroll observava a base destruída e sorria.
— Ainda não terminamos — ele disse, virando-se para seus homens. — Preparem-se para a próxima fase.
E assim, a noite caiu sobre a resistência, deixando apenas a sensação de perda e uma nova ameaça no horizonte.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Joelma Oliveira
nao é justo! pq o mal sempre triunfa?
2025-01-03
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