O sol estava alto no céu, castigando o deserto sem piedade. Raven dirigia um carro desgastado pelo tempo, com o motor roncando fraco e o tanque de gasolina quase vazio. Cada quilômetro parecia uma eternidade, e o peso do desespero a pressionava. Tudo o que restava dela, da sua força e da sua liderança, havia ficado para trás na base destruída. Ela se agarrava à única coisa que ainda fazia sentido: chegar à segunda base da resistência, comandada pelo amigo que não via há anos, Ferreira.
Quando o carro finalmente alcançou os limites da base, a visão da fortaleza improvisada trouxe um nó à garganta de Raven. O portão foi aberto rapidamente quando os guardas reconheceram o veículo. Ferreira estava lá, parado, esperando.
Assim que ela saiu do carro, cambaleando, com o rosto marcado pela exaustão e a poeira do deserto, Ferreira caminhou até ela.
— Raven… — ele começou, mas não teve tempo de dizer mais nada.
Ela correu para ele e se jogou em seus braços. O choro que vinha segurando desde que tudo desmoronou finalmente explodiu. Raven soluçava como uma criança perdida, agarrando-se ao amigo como se ele fosse a última âncora em um mundo que desmoronava ao seu redor.
— Eu perdi tudo, Ferreira… Tudo! — ela disse entre lágrimas. — Eles destruíram minha base. Mataram meus soldados… Meus amigos… Eu…
Ferreira a abraçou com força, permitindo que ela desabafasse. Ele sabia que palavras não seriam suficientes naquele momento, então ofereceu o que podia: presença e conforto.
Mais tarde, depois de um banho rápido e alguns minutos para recuperar o fôlego, Raven encontrou Lina e a doutora Elisa em uma sala improvisada usada para reuniões. Lina levantou-se imediatamente ao vê-la.
— Raven! — ela exclamou, atravessando a sala para abraçar a líder.
Raven retribuiu o abraço, mas sua expressão ainda estava marcada pela dor.
— Você conseguiu trazê-la até aqui — disse Raven, olhando para Lina e depois para Elisa.
Lina assentiu.
— Foi difícil, mas estamos aqui. Estamos seguras.
Raven suspirou, passando a mão pelo rosto.
— Eu queria poder dizer o mesmo sobre os outros.
Elisa, que havia permanecido em silêncio, deu um passo à frente.
— Eu sinto muito pelo que aconteceu — disse ela, com sinceridade.
Raven balançou a cabeça.
— Não é culpa sua. Isso tudo começou muito antes de você. Mas agora é minha responsabilidade garantir que o sacrifício deles não tenha sido em vão.
Mais tarde naquela noite, Raven e Ferreira estavam sentados lado a lado em uma área externa da base, olhando para o céu estrelado. O silêncio era confortável, mas pesado.
— Eles chegaram com tudo — começou Raven, quebrando o silêncio. — Tanques, soldados, drones… Eu tentei, Ferreira. Dei tudo de mim, mas…
Ela engasgou, segurando as lágrimas que ainda teimavam em cair.
Ferreira colocou uma mão no ombro dela.
— Você fez o que podia, Raven. Às vezes, sobreviver já é uma vitória.
Ela olhou para ele, os olhos vermelhos.
— Mas a que custo? Todos eles… mortos. E a base…
— Você ainda está aqui — Ferreira interrompeu. — E enquanto você estiver aqui, a resistência ainda tem uma chance. Nós temos uma chance.
O silêncio voltou, mas desta vez parecia menos sufocante.
Dentro da base, Lina e a doutora conversavam enquanto organizavam suprimentos. Elisa parecia mais à vontade agora, mas ainda carregava uma expressão de culpa.
— Você acha que ela vai ficar bem? — perguntou Elisa, referindo-se a Raven.
Lina deu de ombros, mas seus olhos demonstravam empatia.
— Raven é forte. Mais forte do que a maioria de nós. Mas até os fortes têm seus limites.
Elisa assentiu, pensativa.
— Talvez eu possa fazer mais para ajudar.
Lina sorriu.
— Só o fato de você estar aqui já ajuda. Raven acredita em você. Todos nós acreditamos.
Na escuridão do deserto, a silhueta de um soldado do Império destacava-se contra a luz da lua. Ele estava agachado em uma duna, observando a base com um binóculo de alta tecnologia.
— Então é aqui que eles estão escondidos… — murmurou para si mesmo, ajustando o foco para capturar mais detalhes.
Ele recuou cuidadosamente, garantindo que não fosse detectado. Assim que estava seguro, ativou um comunicador em seu capacete.
— Base do Império, aqui é o Recon 7. Localizei a segunda base da resistência. Aguardo ordens.
A resposta veio imediatamente, fria e calculada:
— Continue monitorando. Enviaremos reforços ao amanhecer.
O soldado desligou o comunicador e voltou a se posicionar, seus olhos fixos na base.
Dentro da base, Raven finalmente conseguiu dormir por algumas horas, exausta demais para resistir. Ferreira continuava em alerta, estudando mapas e estratégias, enquanto Lina e Elisa compartilhavam histórias em um raro momento de tranquilidade.
Mas o deserto estava longe de ser um lugar tranquilo. E o amanhecer traria com ele mais do que apenas luz. O próximo ataque estava mais próximo do que imaginavam.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Joelma Oliveira
dá nem sossego. pq o mal tem sempre uma vantagen
2025-01-02
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