O som de vozes acaloradas ecoava pela sala de reuniões improvisada da base. Ferreira e Raven estavam sentados em lados opostos de uma mesa repleta de mapas e relatórios. Lina e Elisa, a doutora, estavam próximas, acompanhando o debate que se desenrolava entre os dois líderes.
— Não temos força suficiente para bater de frente com o Império! — Ferreira exclamou, batendo a mão na mesa. — Você viu o que eles fizeram com a sua base, Raven. Se tentarmos enfrentá-los diretamente, vamos acabar da mesma forma.
Raven estreitou os olhos.
— Fugir não é a resposta, Ferreira. Já perdemos terreno demais. Cada base que eles destroem, cada grupo que eles aniquilam, é mais um passo para o fim da resistência.
Ferreira balançou a cabeça, claramente frustrado.
— E o que sugere? Que coloquemos todos aqui em risco por uma batalha que não podemos vencer?
— Sim, se for necessário! — Raven retrucou, levantando-se. — Eu não vou recuar e deixar o Império nos caçar como animais.
O silêncio caiu por um momento, pesado e tenso. Lina quebrou o clima, levantando-se com um olhar decidido.
— Talvez eu possa voltar à base do Império — sugeriu ela.
Todos se viraram para ela, surpresos. Ferreira imediatamente balançou a cabeça em negação.
— Não. Isso está fora de questão. Eles já sabem que você é uma espiã, Lina. Seria suicídio.
— Eles podem não saber — Lina insistiu. — E mesmo que saibam, posso me infiltrar de outra forma. Precisamos de informações sobre o que eles estão planejando.
Ferreira a encarou com intensidade, os olhos brilhando com uma mistura de raiva e preocupação.
— Não vou permitir isso. Não vou perder você.
Lina hesitou, surpresa pela intensidade da resposta.
— Ferreira, não é sobre nós. É sobre todos aqui.
Ele suspirou, desviando o olhar.
— Não. Vamos encontrar outra maneira.
Raven observou a troca silenciosa entre os dois e percebeu o peso que Lina tinha para Ferreira. Ela olhou para Elisa, que estava quieta no canto da sala, observando tudo com uma expressão pensativa.
— Elisa, o que acha? — perguntou Raven.
A doutora levantou o olhar, surpresa por ser chamada.
— Acho que estamos presos em um dilema impossível. Mas concordo com Ferreira em um ponto: Lina correria um risco muito grande se tentasse voltar. Precisamos pensar em algo mais seguro, mesmo que isso nos custe mais tempo.
Raven assentiu lentamente, mas não parecia completamente convencida.
Mais tarde, enquanto a base estava relativamente calma, Raven foi para o topo de uma das estruturas improvisadas da base. O céu estrelado do deserto era amplo e silencioso, oferecendo um breve alívio das preocupações.
Ela estava tão imersa em seus pensamentos que não percebeu Elisa subindo atrás dela.
— Você está bem? — perguntou Elisa, sua voz suave cortando o silêncio.
Raven virou-se, surpresa, mas logo relaxou.
— Bem é relativo. Estou cansada de perder, Elisa. Cansada de ver pessoas que amo morrerem.
Elisa aproximou-se, parando ao lado dela.
— Você carrega muito peso nos ombros, Raven. Mais do que qualquer um deveria carregar.
— Não é como se eu tivesse escolha. Alguém tem que fazer isso — Raven respondeu, olhando para o horizonte.
Elisa ficou em silêncio por um momento, depois colocou a mão no ombro de Raven.
— Mesmo as pessoas mais fortes precisam de alguém com quem possam contar.
Raven olhou para ela, seus olhos suavizando-se por um instante.
— E você, Elisa? Tem alguém com quem pode contar?
Elisa sorriu levemente, mas havia um toque de tristeza em seus olhos.
— Não por muito tempo. Mas talvez isso possa mudar.
As palavras pairaram entre elas, carregadas de significados não ditos. O olhar de Raven encontrou o de Elisa, e por um breve momento, o peso do mundo parecia diminuir.
— Obrigada por estar aqui — disse Raven, sua voz mais suave.
— Sempre — Elisa respondeu, sua mão ainda no ombro de Raven.
A troca foi interrompida pelo som de passos apressados vindo do corredor. Ferreira apareceu, com um mapa na mão e uma expressão tensa.
— Temos notícias — disse ele. — Um grupo do Império está se movendo na direção norte. Não é uma tropa grande, mas o suficiente para ser uma ameaça.
Raven e Elisa trocaram olhares antes de descerem apressadamente. As decisões tinham que ser tomadas rapidamente, e o tempo estava contra eles.
A batalha contra o Império continuava, mas algo novo crescia entre Raven e Elisa — algo que poderia ser uma força adicional ou um novo tipo de vulnerabilidade em meio ao caos.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Joelma Oliveira
um relacionamento nessa é uma situação é faca de dois gumes.. mas quem consegue fugir do cupido
2025-01-02
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