O sol nascia preguiçoso no horizonte, tingindo o deserto de tons dourados e laranja. Na base da resistência comandada por Ferreira, o clima era de cautela, mas não de desespero. O pequeno grupo de sobreviventes sabia que cada dia era uma nova batalha, e a chegada da Doutora Elisa e de Lina na noite anterior trouxe uma tensão inesperada, mas também uma oportunidade.
Ferreira, um homem de meia-idade com o rosto marcado por cicatrizes e o olhar endurecido pelo tempo, observava os recém-chegados com atenção. Ele estava em pé na sala central da base, onde os mapas e os planos de ação estavam espalhados pela mesa. Lina entrou, trazendo consigo um pouco de poeira do deserto ainda grudada no casaco.
— Bom dia — disse ela, a voz firme, mas os olhos revelando o cansaço de dias difíceis.
Ferreira assentiu, esboçando um sorriso contido.
— Vocês chegaram em boa hora — respondeu ele. — Mas também trouxeram consigo um fardo enorme. A doutora é valiosa, e isso faz de todos nós um alvo.
— Eu sei — Lina respondeu, cruzando os braços. — Raven confiou em mim para trazê-la até aqui. Sei o que isso significa.
Ferreira a observou por um momento, admirando sua determinação.
— Raven sempre soube escolher bem quem confiar — disse ele, com um tom quase nostálgico. — Ela é teimosa, mas tem um coração que carrega mais peso do que deveria.
Lina concordou em silêncio. Ela sabia que Raven estava em perigo e que sua decisão de lutar até o fim era uma tentativa de dar a eles uma chance de sobreviver.
Horas depois, a Doutora Elisa estava em um pequeno alojamento, organizando seus equipamentos e papéis. Lina entrou no espaço apertado, fechando a porta atrás de si.
— Como está se sentindo? — perguntou Lina, sentando-se em uma cadeira improvisada.
Elisa ergueu os olhos, a expressão cansada.
— Já passei por muita coisa, mas nunca algo assim — admitiu ela. — Sinto que sou apenas um fardo para vocês.
Lina balançou a cabeça.
— Você é mais do que isso, doutora. Você é a única chance que temos de vencer o Império. E Raven sabe disso, por isso arriscou tanto para proteger você.
Elisa suspirou, mexendo nos óculos.
— Não sei se consigo carregar essa responsabilidade. Sou só uma cientista. Nunca imaginei que minhas pesquisas levariam a isso.
Lina a olhou nos olhos, falando com seriedade.
— Você não está sozinha. Nós estamos aqui para garantir que você tenha a chance de consertar isso. Mas você precisa acreditar que é capaz.
Elisa sorriu levemente, tocada pelas palavras de Lina.
— Obrigada, Lina. É bom saber que há pessoas como você nesse mundo destruído.
Quase noite, enquanto o sol já começava a se pôr, Ferreira e Lina se encontraram na sala central novamente. Ele estava analisando os mapas e escrevendo anotações, mas parou quando Lina entrou.
— Lina — disse ele, sem levantar os olhos imediatamente. — Você é mais parecida com Raven do que imagina.
Ela riu suavemente, aproximando-se.
— Espero que isso seja um elogio.
Ele levantou o olhar, sorrindo de canto.
— É. Você é forte, leal e determinada. Mas também carrega um peso enorme.
Lina hesitou antes de responder.
— Acho que todos nós carregamos. Só aprendemos a disfarçar bem.
O silêncio caiu entre eles, carregado de algo não dito. Ferreira afastou-se da mesa e deu alguns passos na direção dela.
— O mundo mudou tanto… — ele começou, mas a frase se perdeu.
Lina olhou para ele, sentindo o peso da tensão.
— Sim, mudou — ela disse, a voz baixa.
Sem mais palavras, os dois se aproximaram, deixando que o momento os conectasse. Se beijaram intensamente, e tiveram uma tarde de amor secreta. Foi algo rápido, quase desesperado, como duas almas buscando um pouco de conforto no caos.
Quando a noite caiu, Lina estava sentada sozinha em um dos corredores da base, pensando em tudo o que havia acontecido. Ferreira passou por ela, trocando um olhar cúmplice, mas sem palavras. Ambos sabiam que o dia seguinte traria novos desafios e que não havia espaço para arrependimentos.
Enquanto isso, a doutora Elisa revisava seus planos em silêncio, ciente de que cada decisão tomada ali poderia mudar o curso da guerra.
O vento do deserto soprava através das janelas quebradas da base, trazendo consigo a promessa de mais batalhas e sacrifícios. E embora Lina sentisse a exaustão pesando sobre seus ombros, ela sabia que precisava continuar lutando. Por Raven. Pela resistência. E pelo futuro.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Joelma Oliveira
jurei q ia ser uma história sem amor! me enganei completamente. que eles consigam ficar juntos n final
2025-01-02
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