A base da Resistência estava mergulhada em uma atmosfera sufocante. Os soldados, antes determinados, agora murmuravam entre si, visivelmente tensos. A ameaça do Império pairava sobre eles como uma sombra, tornando o ar denso, quase palpável. Raven sabia que precisava agir rápido, mas cada decisão parecia ter um peso insuportável.
Na sala de planejamento, Lina se mantinha de pé, apoiada em uma das mesas. Seus olhos estavam fixos em Raven, que caminhava de um lado para o outro, o rosto coberto por preocupação. Elise, escondida no abrigo subterrâneo, era a fonte de toda essa tormenta — não por culpa própria, mas pela importância que ela representava tanto para a Resistência quanto para o Império.
— Você quer que eu volte? — Lina finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa, mas carregada de uma determinação perigosa.
Raven parou abruptamente, fixando os olhos nela.
— É a única chance que temos — disse Raven. — Você é a única que pode entrar e sair daquela fortaleza sem ser detectada.
Lina sabia que isso era verdade. Como espiã disfarçada, havia passado meses infiltrada nas fileiras do Império antes de voltar para a Resistência. A ideia de retornar para aquele inferno, porém, era algo que fazia seu estômago revirar.
— E se eles descobrirem? — Lina perguntou, cruzando os braços.
Raven deu de ombros, o olhar sombrio.
— Então você terá que fazer o que sempre faz: sobreviver.
Lina soltou um suspiro profundo, mas assentiu.
— O que exatamente você quer que eu descubra?
Raven caminhou até a mesa de planejamento e apontou para um mapa desatualizado da região.
— Quero saber o que eles estão planejando caso a gente não entregue Elise. Quantas tropas eles têm, quais armas vão usar, e o mais importante... quero entender o que faz Elise ser tão valiosa para eles.
Lina estreitou os olhos, intrigada.
— Você acha que há mais sobre Elise do que ela nos contou?
— Tenho certeza disso — respondeu Raven. — O líder do Império não enviaria tropas para destruir uma base inteira apenas por uma médica comum.
O silêncio pairou entre as duas, até que Lina finalmente pegou seu capuz e o vestiu.
— Então está decidido. Estou indo.
A entrada da base do Império era um espetáculo de opressão e controle. Torres altas de vigia, equipadas com metralhadoras automáticas, circundavam o perímetro. Soldados marchavam em fileiras perfeitamente alinhadas, suas botas ressoando em sincronia contra o chão de concreto. A bandeira do Império tremulava no alto, negra e vermelha, com o símbolo do regime estampado no centro como um lembrete constante de sua tirania.
Lina, com sua armadura roubada do Império, passou pela primeira barreira de segurança. Ela manteve a postura rígida e disciplinada, igual a qualquer outro soldado. Havia passado meses treinando para imitar o comportamento deles.
— Identificação? — um guarda pediu, sua voz mecânica vinda do capacete.
Lina entregou o cartão de acesso, que ainda estava ativo graças ao trabalho cuidadoso que havia feito antes de desertar. O guarda o escaneou e assentiu.
— Prosseguir.
Ela avançou para o pátio interno, onde a verdadeira monstruosidade do Império se revelava. Oficiais de alta patente discutiam em grupos próximos a hologramas tridimensionais de cidades destruídas. Soldados novatos eram treinados brutalmente, com gritos constantes dos instrutores ecoando pelo lugar. Mas o que mais chamou sua atenção foi a área central: um laboratório gigantesco com paredes de vidro reforçado, onde cientistas trabalhavam freneticamente em algo que Lina não conseguia identificar à distância.
— Ei! — Uma voz familiar a fez se virar rapidamente. Era Ethan, um oficial que a conhecia desde seus dias de infiltração.
— Ethan — ela respondeu, forçando um sorriso.
— Faz tempo que não te vejo. Você estava em missão? — ele perguntou, cruzando os braços.
— Sim. Fui enviada para uma base próxima ao deserto. Coletar informações sobre grupos de resistência.
Ethan ergueu uma sobrancelha, claramente desconfiado, mas não insistiu.
— Eles estão convocando todos para o salão principal. O líder quer falar conosco.
O coração de Lina acelerou. O líder do Império raramente fazia aparições públicas. Isso poderia ser a oportunidade que Raven queria.
Lina se misturou à multidão de soldados no salão principal. O espaço era cavernoso, com paredes metálicas adornadas por banners do Império. No centro, uma plataforma elevada exibia o líder: um homem alto, de rosto pálido e traços aristocráticos. Seus olhos eram penetrantes, e sua presença emanava autoridade absoluta.
— Soldados do Império! — ele começou, sua voz amplificada por alto-falantes ocultos. — Estamos à beira de uma vitória decisiva.
O salão explodiu em aplausos, mas Lina permaneceu em silêncio, observando cada movimento.
— A Resistência ousou nos desafiar — continuou o líder. — Eles abrigam um recurso vital para nossa causa: a doutora Elise. Ela é a chave para garantir a supremacia do nosso regime.
Lina arregalou os olhos. "A chave?"
— No entanto, se eles se recusarem a cooperar — o líder disse, inclinando-se para frente —, destruiremos tudo. Não deixaremos pedra sobre pedra.
O silêncio no salão era absoluto, quebrado apenas pelo som da respiração pesada dos soldados.
— Preparem as tropas. Em dois dias, se não tivermos a doutora, atacaremos com força total.
Lina sabia que precisava sair dali antes que fosse tarde demais. Mas algo no discurso a deixou inquieta. Por que Elise era tão importante?
Quando o líder terminou de falar, Lina discretamente se retirou do salão. Antes de partir, ela deu uma última olhada no laboratório central. Algo ali estava conectado a Elise, ela tinha certeza.
Lina chegou à base sob a escuridão da noite. Raven a esperava ansiosa, os olhos fixos na entrada.
— O que você descobriu? — Raven perguntou assim que Lina entrou.
Lina tirou o capuz, revelando um rosto cansado, mas determinado.
— Eles estão prontos para atacar — disse Lina. — E Elise... ela não é apenas uma médica. Eles a chamaram de “a chave”. Algo nela é crucial para o plano deles.
Raven franziu o cenho, tentando compreender o que aquilo significava.
— A chave para o quê?
Lina balançou a cabeça.
— Eu não sei. Mas o que quer que seja, temos que descobrir antes que eles ataquem.
A tensão na base crescia ainda mais. A luta que estava por vir prometia ser a mais brutal de todas.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Joelma Oliveira
a única opção é Elize contar toda a verdade se quiser sobreviver
2025-01-02
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