Revanche da Tempestade

Valentina estava de volta ao seu esconderijo, um local secreto no coração da cidade, onde as paredes de concreto e aço davam uma sensação de segurança, mas também de aprisionamento.

Ela não sentia mais que estava apenas fugindo do inimigo. Agora, ela estava planejando.

A batalha estava prestes a virar.

Cada movimento, cada palavra que Lorenzo dissera, estava gravado em sua mente. Ele a subestimara, e agora Valentina sabia que tinha a vantagem.

Ela sentou-se à mesa de comando, os olhos fixos no mapa da cidade. À sua frente, Nico e os outros homens estavam reunidos, esperando as ordens dela.

O clima na sala era denso, uma mistura de tensão e expectativa. Todos sabiam que a ação a seguir definiria o futuro da cidade – e talvez o deles também.

Valentina sentia o peso de sua posição, mas não havia mais medo.

Não depois de tudo o que passou.

Ela já havia enfrentado demônios, e agora, Lorenzo seria apenas mais um obstáculo a ser derrotado. Ele pensava que tinha o controle, mas não sabia que Valentina tinha algo que ele nunca teria: lealdade genuína de sua equipe, um poder invisível, mas imensurável.

– Temos que ser rápidos – Valentina disse, olhando para cada um deles com seriedade.

– Lorenzo não vai esperar muito tempo. Sabemos que ele já nos observou, mas ainda não conhece nossa verdadeira força. Eu vou agir como se fosse a última oportunidade, porque é exatamente isso que é. Se errarmos, não haverá segunda chance.

Nico, sempre o mais cético, franziu a testa, mas a confiança em Valentina era inegável.

– Qual é o plano, chefe? – ele perguntou, dando a entender que estava pronto para tudo, mas com um toque de apreensão.

Valentina apontou para o mapa, seu dedo traçando uma linha imaginária.

– Lorenzo cometeu um erro ao não me eliminar enquanto tinha a chance. Ele ainda acha que controla a situação, mas tudo o que ele fez foi abrir portas para nós. Vamos pegar tudo o que ele tem e usar contra ele. O Círculo Sombrio será a nossa vantagem.

Ela olhou para eles, seus olhos azuis cortantes como lâminas.

– Temos que invadir o lugar. Sabemos o que ele quer – o poder absoluto. Mas não vamos permitir que ele consiga. Vamos virar o jogo. Essa cidade será nossa, e não dele.

O plano estava traçado.

Não era simples.

Seria uma invasão silenciosa, mas decisiva. A primeira parte envolvia uma infiltração disfarçada para ganhar o tempo necessário.

Não poderiam atacar de frente sem dar uma chance de resposta. Eles precisavam de uma brecha, um ponto fraco para invadir o coração do Círculo Sombrio e desmantelar Lorenzo de dentro para fora.

A noite caiu como um manto sobre a cidade, e as ruas estavam vazias, exceto por alguns carros e os guardas de Lorenzo, que patrulhavam as ruas com um olhar desconfiado.

Era evidente que ele estava se preparando para um movimento de Valentina, e ela sabia que a qualquer momento, o risco de ser descoberta aumentaria. Mas ela estava pronta.

Valentina e Nico se disfarçaram de vendedores ambulantes, com roupas comuns e expressões despreocupadas. Seus homens estavam espalhados, prontos para agir ao sinal de comando.

O plano era simples: atrair a atenção dos vigias de fora, criando uma distração o suficiente para que eles pudessem se infiltrar pelas entradas secundárias.

– Está tudo bem, Valentina? – Nico perguntou enquanto caminhavam pelas ruas desertas. Sua voz baixa, mas carregada de tensão.

Valentina olhou para ele com uma expressão que misturava confiança e resolução.

– Nunca estive mais pronta. Se Lorenzo acha que me pegou, ele vai ver que é apenas uma ilusão. Vamos acabar com isso.

Atravessaram os portões de segurança, movendo-se rapidamente pelas sombras. Eles estavam dentro do perímetro do Círculo Sombrio.

O ambiente era gélido e sombrio, mais silencioso do que Valentina imaginava.

O edifício parecia uma fortaleza, mas ela conhecia todos os seus pontos frágeis. Eles sabiam como agir, e mais importante, o que fazer quando chegassem até Lorenzo.

Com o sinal de Valentina, os homens começaram a avançar, espalhando-se por corredores e passagens secretas.

O objetivo era claro: não permitir que Lorenzo tivesse tempo para reagir. A primeira etapa do plano envolvia desativar os sistemas de segurança, os quais foram hackeados pelos aliados de Valentina, e garantir que a comunicação externa fosse cortada.

Eles estavam chegando perto.

Ela podia sentir.

A cada passo, o cheiro de perigo e vingança estava mais próximo.

Quando Valentina chegou à sala de controle, a atmosfera estava elétrica. Os computadores estavam ligados, mostrando imagens ao vivo do que acontecia nas ruas e na entrada principal.

Ela sabia que Lorenzo estava acompanhando cada movimento, esperando o momento certo para atacar. Mas Valentina não era mais uma presa em sua teia.

Ela tinha o controle agora.

A sala estava vazia, exceto pelos monitores e câmeras. Valentina observou cada detalhe, absorvendo tudo rapidamente.

A porta se abriu lentamente e, ao fundo, uma sombra familiar apareceu.

Lorenzo.

Ele estava lá, como sempre, imperturbável, com seu olhar imenso e imponente.

– Eu sabia que você viria, Valentina – ele disse, seu tom calmo, mas com uma nota de surpresa. – Sempre fui bom em prever movimentos. Achei que você era mais inteligente, mas agora vejo que subestimei a sua determinação.

Valentina não hesitou. Ela se aproximou, seus olhos queimando com uma intensidade feroz.

– Você errou. Pensou que podia me dominar e agora se tornou vulnerável. – ela disse, sua voz carregada de ódio, mas também de confiança. – Essa cidade vai ser minha. O controle que você acha que tem sobre ela vai desaparecer.

Lorenzo sorriu, e, por um momento, parecia mais triste do que arrogante.

– Você nunca entenderá, Valentina. O que você chama de controle é apenas uma ilusão. – Ele deu um passo em direção a ela. – Mesmo agora, quando pensa que tudo está ao seu alcance, você não sabe como tudo isso acaba. Eu nunca perco.

Valentina se aproximou mais, a tensão entre os dois era palpável.

– Vamos ver. Porque eu não sou como você, Lorenzo. Não sou um fantoche no seu jogo de sombras. E não vou permitir que você destrua tudo o que construí.

Eles ficaram em silêncio por um momento, ambos cientes de que aquele seria o confronto final.

As palavras de Lorenzo, por mais ameaçadoras que fossem, não poderiam mais assustá-la. Ele jogava o jogo dele, mas Valentina agora jogava o dela.

– Você pensa que pode acabar comigo? – ele perguntou, sua voz carregada de desprezo. – Eu sou o Círculo Sombrio, Valentina. Você não pode destruir o que já está dentro de você.

Em um movimento rápido, Lorenzo avançou.

Ele era mais rápido do que Valentina imaginava, suas mãos firmes como ferro. O som do impacto do soco contra o rosto de Valentina ecoou na sala.

Ela cambaleou para trás, sentindo o gosto metálico do sangue em sua boca, mas não perdeu o foco.

Com um grito, ela revidou, tentando um golpe no estômago de Lorenzo, mas ele desvia, e seu braço a agarra, puxando-a para perto dele com uma força assustadora.

– Você sempre foi boa no que faz, Valentina. Mas você se esqueceu de um detalhe – ele disse, apertando-a contra o chão, seu olhar de ferocidade se misturando com uma satisfação cruel. – Eu sempre soube onde seus pontos fracos estavam.

Valentina, agora de joelhos, respirava com dificuldade, seu corpo sangrando, mas sua vontade intacta.

Ela forçou um sorriso.

– Não me subestime, Lorenzo – ela sussurrou, a dor percorrendo seu corpo, mas não parando sua determinação.

Ela girou seus quadris, se livrando do aperto dele e aproveitou a abertura para se levantar rapidamente.

O olhar de Lorenzo escureceu.

Ele estava cansado de brincar.

– Está vendo, Valentina? – ele disse, avançando mais uma vez, dessa vez com um golpe certeiro que cortou sua pele. – Você não é mais a mesma. Não pode mais me vencer.

Ele a feriu profundamente no braço, e Valentina vacilou.

A dor era intensa, mas ela sabia que não podia perder.

Ela observou a lâmina em sua mão, a faca com que ele havia a atingido. Ele estava tão confiante de sua vitória que não percebeu quando Valentina, com um movimento ágil, desarmou-o.

Com um grito, ela saltou para frente e o atacou com brutalidade. Ela estava mais rápida, mais selvagem, a adrenalina tomando conta de seu corpo.

O sangue de Lorenzo começou a manchar o chão à medida que ela o empurrava contra a parede, seus golpes agora calculados e implacáveis.

– Você errou ao me subestimar! – Valentina gritou, com os olhos ardendo de raiva. – Isso vai terminar agora.

Lorenzo, que antes parecia imbatível, agora estava caído no chão, com a respiração pesada e os olhos turvos. Ele tentou se levantar, mas Valentina, com uma fúria incontida, avançou mais uma vez.

Em um golpe final, ela o derrubou, sua mão segurando a faca com precisão.

Ele olhou para ela, seu rosto agora sem a arrogância habitual, mas com um toque de surpresa.

A dor e o medo eram evidentes em seus olhos.

– Como... – ele sussurrou, mas não teve tempo de completar a frase.

Com um movimento rápido, Valentina cravou a lâmina em seu peito.

Lorenzo, o homem que achava que controlava tudo, agora estava caído diante dela.

Ele não era mais uma ameaça. Ele era apenas mais um obstáculo que Valentina havia derrubado.

Ela olhou para ele, seu corpo ainda sangrando, mas com o espírito inquebrantável.

O que ela acabara de fazer não era apenas uma vitória física. Era uma vitória da sua própria alma, da sua resiliência.

Ela sabia que a cidade ainda precisava ser governada, mas agora, ela tinha o poder para fazê-lo. Ela não seria mais desafiada.

O império de Lorenzo estava destruído, e Valentina, de pé, sabia que o futuro agora era dela.

Ela não apenas sobrevivera; ela vencera.