Sangue no Jogo

Valentina não conseguia mais lembrar do último momento em que havia descansado.

Desde a morte do pai, cada minuto parecia ser preenchido com decisões, reuniões e pressões, que só aumentavam a cada dia.

Ela não se dava o luxo de mostrar fraqueza, mas o peso da responsabilidade de comandar a família estava começando a se revelar.

Os capos haviam saído da reunião com uma aparente aceitação de sua liderança, mas Valentina sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando.

Os olhares disfarçados de respeito eram, na verdade, uma cobrança silenciosa para que ela provasse que era capaz de manter o controle, de administrar as tensões e, acima de tudo, de garantir que o império de seu pai não caísse nas mãos erradas.

Ela caminhava pela mansão, seus passos ecoando nas paredes de mármore.

O luxo ao seu redor parecia agora irrelevante. O que importava eram as decisões que ela tomaria nas próximas horas, os jogos que precisaria jogar, as alianças que precisaria firmar para garantir que nada escapasse ao seu controle.

Quando entrou em seu escritório, o primeiro que viu foi Francesco, sentado à sua mesa, olhando para alguns papéis com atenção. Ele não a olhou de imediato, mas ela sabia que ele estava esperando que ela falasse. Ele sempre esperava que ela fosse a primeira a dar o passo.

Mas Valentina sabia o que ele queria ouvir.

Sabia que ele estava esperando a confirmação de que ela estava pronta para fazer o que fosse necessário.

Ela se sentou na cadeira atrás da mesa, a mão descansando sobre os papéis. Não era a liderança dele que ela precisava, mas a dela própria, o direito de decidir o rumo de sua própria família.

— O que temos? — perguntou ela, tentando esconder a tensão na voz.

Francesco olhou para ela com um sorriso discreto, sem perder a compostura.

Ele sabia que Valentina estava testando seu limite, mas ele ainda não sabia até onde ela estaria disposta a ir. A dúvida pairava entre os dois.

— Temos três problemas, signorina Mancini. O primeiro é o caso de Luigi Di Falco. Ele está reclamando da divisão de território entre os nossos e os deles. Está se preparando para se levantar contra nós. O segundo é o fato de um de nossos próprios capos, Giulio, tem falado em voz alta sobre mudanças na estrutura da família. Ele acredita que o comando deveria ser de outro. E o terceiro... — Francesco hesitou, mas Valentina não deixou que ele parasse.

— E o terceiro?

Francesco respirou fundo antes de continuar.

— O terceiro é mais pessoal. É sobre a morte do seu pai. Muitos acreditam que a mão de quem matou Vittorio está dentro de nossa própria família. E esse tipo de incerteza pode nos enfraquecer.

Valentina permaneceu em silêncio por um momento, absorvendo as palavras.

Sabia que a morte de seu pai não seria resolvida em um simples movimento, mas não estava preparada para ouvir que, entre os próprios membros da família, havia quem considerasse a possibilidade de traição interna.

A dor do luto se misturava agora com o peso de uma suspeita que queimava como fogo.

— Temos que agir rápido. Luigi não pode ser deixado a crescer em poder, e precisamos silenciar qualquer dúvida dentro da família — disse Valentina, sua voz decidida.

Ela sabia que agir sem hesitação era a única forma de mostrar que não estava brincando.

Francesco inclinou a cabeça, em sinal de respeito, mas sua expressão ainda estava cheia de dúvida.

Ele queria ver até onde Valentina estava disposta a ir para manter a liderança, até onde ela conseguiria ser implacável.

— O que sugere? — ele perguntou, mais como uma provocação do que uma dúvida real.

Valentina fechou os olhos por um momento, visualizando cada movimento, cada decisão.

Então, com uma calma surpreendente, ela falou.

— Luigi Di Falco precisa ser tratado com força, mas também com inteligência. Podemos dar-lhe uma oportunidade para se aliar a nós de maneira mais vantajosa para ele, mas se ele recusar, teremos que eliminá-lo. Não podemos permitir que ele desafie a nossa autoridade. Quanto a Giulio, ele será chamado à minha presença para uma "conversa", se é que me entende. E quanto à morte do meu pai, Francesco... se você tem uma ideia de quem possa estar envolvido, agora seria o momento de me dizer.

Francesco parecia impressionado com a frieza e a clareza de Valentina, mas também sabia que ela não estava brincando. Ele sabia que, no fundo, ela já havia decidido o que fazer.

— Entendo. — Francesco se levantou, sem mais palavras.

Ele sabia que não seria necessário perguntar mais nada.

Valentina tinha tomado as rédeas da situação. Ele apenas precisava cumprir as ordens dela, e ele o faria, mesmo que suas próprias ambições começassem a se manifestar.

Valentina o observou sair, o coração batendo com força.

Ela não sentia medo.

O que ela sentia era uma necessidade ardente de provar que poderia controlar o império que seu pai deixara. Ela sabia que, para manter o poder, teria que derramar mais sangue, fazer sacrifícios. Mas, no fundo, também sabia que não poderia hesitar.

Cada passo agora era uma aposta que poderia ser fatal para ela ou para seus inimigos.

A reunião com Luigi Di Falco seria o primeiro teste. Ela sabia que ele não seria fácil de lidar.

Era um homem ambicioso e obstinado, alguém que não temia o poder da família Mancini.

Mas ela não tinha medo dele.

Não mais.

Ela era a líder agora.

E ninguém poderia desafiá-la impunemente.

Valentina se levantou, sentindo o peso da decisão que acabara de tomar.

O jogo estava começando, e ela não se deixaria ser derrotada. Em sua mente, o rosto de seu pai apareceu brevemente, e ela murmurou para si mesma, sem realmente perceber: "Não vou deixar que a sua morte tenha sido em vão."

Ela estava pronta para mostrar a todos o verdadeiro poder de uma Mancini.

...

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