Mafiosa: Herança de Fogo
A noite estava fria em Nova York, uma dessas noites em que o vento parece sussurrar segredos antigos entre as vielas escuras.
Uma fina neblina cobria as ruas do Brooklyn, e a chuva recente deixara pequenas poças que refletiam a luz trêmula dos postes. A atmosfera era densa, quase opressiva, como se a própria cidade antecipasse algo sombrio prestes a acontecer.
Dentro do restaurante Il Vecchio, a cena contrastava com o exterior.
O ambiente era acolhedor, luxuoso e decorado com móveis de madeira escura e detalhes em dourado. As paredes ostentavam fotografias em preto e branco de homens austeros, rostos de uma linhagem antiga de poder e medo
A luz suave dos lustres pendurados criava sombras dançantes, enquanto o aroma de vinho e charuto pairava no ar.
Valentina Mancini estava sentada à cabeceira de uma longa mesa de mogno, com as mãos delicadamente pousadas sobre o colo. Seus dedos brincavam nervosamente com o anel de família — uma joia de ouro com um rubi no centro, herança passada de geração em geração.
Seus olhos castanhos, profundos e perspicazes, estavam fixos na taça de vinho à sua frente. Ela parecia calma, mas por dentro, sentia uma inquietação que não conseguia nomear.
Do outro lado da mesa, seu pai, Vittorio Mancini, observava-a com um olhar misto de orgulho e preocupação.
Ele era um homem imponente, com cabelos grisalhos perfeitamente penteados para trás e uma barba bem aparada. Suas rugas contavam histórias de batalhas travadas tanto nos becos sombrios quanto nos salões luxuosos da cidade.
A aura de poder que ele emanava era palpável, o tipo de autoridade que não precisava de palavras para ser imposta.
— Está distraída, valentina? — perguntou Vittorio, com sua voz rouca e firme, quebrando o silêncio que pairava sobre a sala.
Ela ergueu os olhos, esboçando um sorriso forçado.
— Apenas cansada, papà. Hoje foi um dia longo.
Ele assentiu, servindo mais vinho em sua taça de cristal.
O som do líquido preenchendo o copo parecia mais alto do que deveria, ecoando no salão quase vazio. Vittorio observou-a por um momento, como se quisesse dizer algo mais, mas as palavras ficaram suspensas no ar.
— Nesta vida, Valentina, cansaço é um luxo que poucos podem se permitir — murmurou ele, com o olhar perdido em algum ponto distante.
O silêncio voltou a se instalar entre eles, pesado e cheio de significados não ditos.
Valentina sabia que o pai estava preocupado. Nos últimos meses, as tensões entre as famílias mafiosas haviam aumentado. Rumores de traições, assassinatos e alianças quebradas circulavam como veneno pelas ruas da cidade.
Ela sentia que algo estava prestes a acontecer, algo que mudaria tudo.
Antes que pudesse perguntar o que o afligia, a porta do restaurante se abriu com um estrondo. O som ecoou como um trovão, congelando o tempo. A neblina do lado de fora invadiu o salão, misturando-se ao aroma do vinho.
Valentina sentiu o coração disparar.
Seis homens armados invadiram o restaurante.
Vestiam casacos longos, o rosto escondido pela penumbra. Tudo aconteceu em segundos, mas para Valentina, parecia uma eternidade.
Ela viu os olhos do pai se arregalarem em um misto de surpresa e raiva.
Vittorio tentou se levantar, mas o primeiro tiro veio rápido, ecoando como um trovão que rompe a calmaria antes da tempestade.
O impacto fez o corpo dele tombar para trás, a expressão congelada em incredulidade.
O som da taça de cristal quebrando no chão pareceu mais alto do que os tiros. O vinho se espalhou, misturando-se ao sangue que começava a escorrer, criando uma poça escarlate que refletia a luz do lustre.
— Papà! — O grito de Valentina rasgou o ar, mas perdeu-se no caos.
Ela tentou correr até o pai, mas um dos capangas a puxou para baixo, protegendo-a atrás da mesa.
O som dos tiros continuava, os ecos misturando-se com gritos e o barulho de objetos se despedaçando.
O cheiro de pólvora impregnava o ar, sufocante.
— Temos que sair daqui, signorina! — gritou o capanga, a voz quase inaudível no meio do tumulto.
Valentina lutou para se soltar, os olhos fixos no corpo do pai, que agora jazia imóvel no chão.
Tudo ao redor dela parecia girar.
Ela queria correr até ele, tocá-lo, mas sabia que era impossível. O capanga a arrastou em direção à saída dos fundos, o frio da noite atingindo-a como uma lâmina quando finalmente saíram.
Lá fora, o mundo parecia diferente.
O ar estava pesado, e o silêncio da rua contrastava com o caos que haviam deixado para trás. Valentina mal conseguia respirar. Cada passo parecia uma luta contra o próprio chão.
Ela olhou para trás, para a porta do restaurante que agora estava escancarada, como uma ferida aberta.
O som dos tiros havia cessado, mas a memória deles continuava a ecoar em sua mente.
Seu pai estava morto.
E, naquele momento, Valentina soube que nada jamais seria como antes.
...
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Gabi
já começou assim gnt, que agressividade, adorei kkkkkkkk
2024-12-07
5
Thallita Gomes
Coitado do pai dela/Frown/
2024-12-09
0
Ligia Da Silva
iniciando 10/12/24 bora lá
2024-12-10
1