O sol estava baixo no céu, tingindo o jardim com tons dourados e rosados, como se a própria natureza estivesse imitando uma pintura feita à mão. O ar fresco da tarde acariciava a minha pele, e o aroma das flores, especialmente as rosas brancas e vermelhas que cresciam ao redor, me envolvia em um abraço perfumado. Eu estava no jardim da mansão De Luca, um lugar onde as horas pareciam se arrastar mais devagar, como se o tempo ali não fosse o mesmo que o mundo lá fora.
Dante estava ao meu lado, seu passo firme e constante, sempre à frente, mas eu sentia sua presença como uma sombra que me acompanhava de perto. Ele se movia com a elegância de um homem acostumado ao poder, mas hoje havia algo mais em seus olhos. Algo que eu não conseguia entender completamente. Talvez fosse apenas a tentativa de mostrar domínio, ou talvez ele quisesse apenas algo mais de mim, algo que eu não sabia se estava disposto a dar.
Estávamos em silêncio. Dante não costumava falar muito, especialmente em momentos como esse, quando parecia que estava esperando que eu fizesse algum movimento, algum gesto que o incentivasse a continuar. Ele me observava com um olhar que se tornava cada vez mais intenso, como se estivesse esperando por algo, esperando que eu cedesse a alguma vontade dele. Não era um olhar comum, como os olhares que eu estava acostumado a receber de outras pessoas. Era predatório, como se ele estivesse me estudando, esperando o momento certo para se aproximar mais.
Aquele jardim, com suas trilhas de pedras, fontes de água cintilando à luz do sol e as árvores altas que pareciam proteger o espaço de tudo e todos, não parecia ser um lugar para conversas profundas ou revelações emocionais. Mas, ainda assim, algo no silêncio nos envolvia. Como se houvesse uma tensão no ar, uma expectativa que se estendia ao redor de nós. Cada passo que Dante dava me fazia sentir mais a presença dele, mais o peso de sua autoridade, como se ele estivesse me guiando para algum lugar que eu ainda não conseguia ver.
“Você gosta de passeios assim?”, ele perguntou, sua voz cortando o silêncio, mas de uma forma suave, quase descontraída, como se não estivesse realmente esperando uma resposta imediata. Eu olhei para ele, tentando entender o que ele queria com a pergunta. O tom não era de cobrança, mas havia algo nele que sugeria que ele queria que eu me abrisse mais, que eu compartilhasse algo.
Eu hesitei por um momento, antes de responder. “Eu gosto do silêncio”, eu disse, sentindo que aquelas palavras não diziam muito sobre o que realmente estava acontecendo dentro de mim. “É... uma boa pausa.”
Dante olhou para mim por um segundo, os olhos focados, mas sem pressa. Ele assentiu lentamente, como se estivesse absorvendo as minhas palavras, mas sem dar muita importância ao conteúdo. Ele estava mais interessado em observar minha reação, na maneira como eu me comportava sob o seu olhar atento. O que ele procurava em mim era sempre um mistério, mas eu sabia que ele não se contentava apenas com palavras. Ele queria algo mais.
O silêncio se estendeu entre nós, mas não era desconfortável. Pelo contrário, parecia que o ambiente ao nosso redor estava em perfeita harmonia com o momento. As folhas das árvores balançavam suavemente ao ritmo do vento, e o som das gotas de água caindo na fonte ao fundo parecia um sussurro, quase uma melodia calma. Dante e eu estávamos alinhados em nossos passos, ambos imersos em nossos próprios pensamentos, mas ainda assim, ligados de alguma forma invisível.
“Você está pensando em algo”, Dante disse, interrompendo a minha imersão no momento. A voz dele era suave, mas havia uma certa autoridade nela, como se ele tivesse o poder de me fazer olhar para ele e confrontar a dúvida que eu sentia. “Algo me diz que você está se perguntando o que eu realmente quero de você.”
Eu olhei para ele, surpreso com sua percepção. Como ele sabia exatamente o que estava acontecendo na minha cabeça? Talvez fosse apenas uma jogada de poder, ou talvez ele realmente soubesse mais sobre mim do que eu imaginava.
“Eu...” Eu comecei, mas as palavras falharam. Não sabia o que dizer. Eu não sabia o que Dante queria, nem mesmo o que eu queria. Tudo o que eu sabia era que eu estava preso entre a vontade de entender o que estava acontecendo e o medo do que isso poderia significar. Ele era tudo o que eu não queria, mas, ao mesmo tempo, era impossível negar o que ele significava para mim.
Dante deu um pequeno sorriso, quase imperceptível, e parou de andar, colocando a mão sobre uma das colunas de pedra que marcavam o início da trilha do jardim. Ele se virou para mim, e a intensidade de seu olhar era quase palpável.
“Liam,” ele começou, sua voz agora mais séria, mais profunda. “Eu sei que você está confuso. E, talvez, eu tenha forçado você a entender as coisas de uma maneira que você não estava preparado para enfrentar. Mas a verdade é que você pertence a mim. Você sempre pertencera, desde o momento em que nos conhecemos. E eu vou fazer o que for necessário para garantir que você entenda isso completamente.”
Eu sentia o peso de suas palavras, cada uma delas uma sentença, uma promessa de que nada do que eu queria teria algum valor se estivesse em oposição ao que ele desejava. E, ao mesmo tempo, havia uma parte de mim, algo profundo dentro de mim, que não queria lutar contra ele. Talvez fosse porque, no fundo, eu sentia que, de algum modo, ele realmente acreditava que estava fazendo o que era melhor para mim. Mas, ao mesmo tempo, isso me aterrorizava.
Eu queria resistir, queria lutar, mas, no fundo, uma parte de mim sabia que não conseguiria. Eu estava em suas mãos, e não havia como escapar disso. Dante era a força que me puxava para frente, me forçava a seguir um caminho que eu não escolhera, mas que agora estava irrevogavelmente atrelado a mim.
“Você vai me deixar guiá-lo, Liam”, ele disse com um tom de voz mais suave, quase um sussurro. “Eu vou fazer isso. Porque você não pode escapar de mim.”
Eu fiquei em silêncio, sentindo a gravidade de suas palavras pesar sobre mim. Eu queria dizer algo, questionar, pedir por mais tempo, mas sabia que não importava o que eu dissesse. Dante já havia decidido o que queria. E eu... eu estava apenas tentando descobrir como sobreviver a isso.
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Comments
Celma Eulina
esse Liam, tinha que abrir a boca,falar esbravejar,fazer algo diferente affs
2024-12-21
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Clesiane Paulino
Será que ele perdeu a memória e Dante está tentando fazer ele lembrar... não sei mais o que pensar😮💨😮💨😮💨
2025-01-30
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