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Capítulo 11:

A sala estava cheia de murmúrios abafados e risos discretos, mas, para mim, o único som que eu conseguia ouvir era o pulsar forte do meu coração. Eu me sentia como um animal encurralado, observando a todos à minha volta, enquanto o peso da situação me esmagava. Dante estava ao meu lado, sua presença imponente e inescapável, como uma sombra que nunca me deixava. Nós estávamos no leilão beneficente, um evento que Dante usava para se exibir, para mostrar ao mundo quem ele era, e, acima de tudo, para me exibir também.

Enquanto a conversa ao meu redor fluía, algo chamou minha atenção: uma presença diferente. Rael, um alfa imponente de uma das famílias rivais, se aproximou de mim com um sorriso insidioso. A simples visão dele me deixou enjoado, uma sensação amarga se espalhando por minha garganta. Eu já o havia visto algumas vezes, tanto no casamento quanto no jantar do dia anterior, e sua presença sempre me causava desconforto. Mas dessa vez, ele estava diferente. Mais próximo.

Rael se aproximou de Dante, que estava de pé ao meu lado, e os dois trocaram palavras rápidas, como se estivessem em um tipo de jogo de poder. Mas Rael, ao contrário de Dante, não parecia se importar com o fato de eu estar ali, ou talvez estivesse se divertindo com a minha presença.

Com um sorriso provocador, ele olhou para Dante e disse, com uma calma perturbadora:

— Então, Dante, ainda não marcou a nuca do seu ômega? Fico surpreso... Achava que um alfa como você não perderia tempo com algo tão simples.

As palavras de Rael foram como uma faca, cortando o silêncio da sala, e todos ao redor, incluindo alguns dos mais próximos aliados de Dante, olharam para nós. Meu estômago se revirou ao ouvir aquilo. Eu sabia o que isso significava. Marcar a nuca de um ômega era um rito, um símbolo de posse, algo íntimo e invasivo que Dante ainda não havia feito comigo. E Rael, de maneira cruel, queria deixar todos cientes disso.

Antes que eu pudesse processar tudo o que estava acontecendo, um homem apareceu ao lado de Rael, um ômega, que se aconchegou ao lado dele com um sorriso doce, como se fosse completamente alheio ao clima tenso que estava se formando.

— Quem é esse? — O ômega perguntou, olhando para mim com uma expressão curiosa, quase inocente. Eu pude sentir seu olhar se fixando em mim, e imediatamente uma sensação de desconforto tomou conta de mim.

Rael, sem perder a compostura, sorriu e me apresentou com a mesma arrogância de sempre:

— Este é o futuro líder da família De Luca, o homem que vai comandar todo o império — ele disse, com um tom de escárnio. — Dante, me parece que sua posse ainda não está completa.

Dante, que até então estava observando a cena em silêncio, finalmente reagiu. Sua expressão se endureceu e seus olhos, antes tranquilos, estavam agora cheios de fogo e raiva contida. Ele se aproximou, ficando entre mim e Rael, e sua presença, dominante e poderosa, parecia eclipsar tudo ao nosso redor. Quando ele falou, sua voz saiu baixa, mas cortante, e todo o ambiente pareceu congelar.

— Rael, você não tem escrúpulos? — Dante questionou, sua voz impregnada de desprezo. — Trazer um prostituto para um evento como esse, em frente a todos? Achou que me faria perder o controle? Ou está tentando algo mais?

O ômega ao lado de Rael, que parecia completamente alheio à tensão crescente, deu um sorriso tímido, como se não estivesse entendendo completamente o que estava acontecendo. Ele parecia confortável na companhia de Rael, mas, ao mesmo tempo, sua atitude me fez sentir uma repulsa ainda maior. Eu sabia o que aquilo significava. Rael e seu ômega estavam ali para desafiar Dante, para provocar, e, pior, me tratar como uma peça nesse jogo.

Rael, por outro lado, não parecia se abalar com as palavras de Dante. Ele simplesmente deu de ombros, com um sorriso ainda mais cínico.

— A vida é para quem aproveita as oportunidades, Dante — Rael disse, com uma calma que contrastava com a tensão no ar. — Se você não vai fazer isso, vou me divertir um pouco com o que está ao meu alcance. E não se preocupe, o que é de você, continuará sendo seu.

Eu queria me afastar, queria desaparecer de tudo aquilo, mas meu corpo estava paralisado. O olhar de Rael sobre mim me fazia sentir como se fosse um objeto, uma mercadoria, algo que ele podia disputar e ganhar. Eu odiava aquilo. E odiava ainda mais o fato de Dante não dizer nada enquanto tudo acontecia. Ele me observava, seus olhos fixos em mim, e eu não conseguia ler o que ele realmente pensava. Ele estava calmo, mas eu sabia que dentro dele algo estava borbulhando. Ele me possuía, e todos ali sabiam disso.

E, finalmente, Dante se voltou para Rael, sua voz carregada de desdém.

— Se você acha que isso me incomoda, está muito enganado, Rael. — Ele se aproximou de mim, colocando a mão firme nas minhas costas, como um lembrete de posse. — Agora, se me der licença, vou continuar a noite com o que é meu. Não faço questão de continuar essa conversa.

Eu senti o peso da mão de Dante em minhas costas, e, por mais que ele estivesse tentando demonstrar controle, eu não conseguia deixar de me perguntar o que aquilo realmente significava. Era tudo uma farsa? Ele me amava de verdade ou me via apenas como algo para exibir?

Rael não disse mais nada. Ele apenas deu um sorriso enigmático e se afastou, mas não sem lançar um último olhar cheio de intenções, como se soubesse algo que eu ainda não havia compreendido.

Dante permaneceu ao meu lado, a tensão no ar diminuindo à medida que ele me conduzia para longe daquele círculo de inimigos. Mas, enquanto caminhávamos, minha mente estava tumultuada. Eu não conseguia mais ignorar a verdade que se escondia por trás de tudo isso. Talvez Dante realmente me quisesse, mas a maneira como ele me tratava ainda me fazia questionar se aquilo era amor, ou apenas mais uma forma de controle.

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