CAPÍTULO 15

POV de Kaela

Eu ainda estava me recuperando do choque. Tudo o que aconteceu, tudo o que eu senti, estava girando em minha mente, como um turbilhão. Damien. Meu mate. Não podia ser. Não podia. Como ele podia ser minha alma gêmea? O homem que eu mais odiava, que eu queria matar mais do que qualquer coisa. Era como se o destino tivesse feito de mim sua piada cruel.

Eu estava confusa. Confusa com ele, com a minha própria reação, com os sentimentos que ele havia despertado em mim. Eu não podia ceder, não podia deixar que ele me afetasse. Eu não podia cair na armadilha dele. Ele estava jogando o jogo dele, sempre manipulado pela necessidade de ter poder, mas ele não ia me enganar. Não mais. Não importava o que meu lobo estivesse sussurrando, dizendo que ele e eu estávamos interligados, que tudo entre nós era inevitável. Eu não ia acreditar nisso.

Eu não poderia.

Era tudo mentira. Eu não podia ser daquela forma. Não seria um peão, não seria uma jogada de xadrez no tabuleiro dele. Eu não nasci para ser controlada, nunca fui.

— E pensar que eu quase o tive em minhas mãos. — minha voz estava mais baixa, mas carregada de uma raiva que queimava. Eu quase deixei que ele me enganasse. Eu quase deixei que ele se aproximasse, que fosse ele quem ditasse as regras.

— Você ainda me tem. — A voz dele, a risada. Aquela risada irônica. Os olhos queimando com um fogo que não se apagava.

Eu encarei Damien com fúria. Ele queria me constranger, mas não iria permitir isso. Não. Nunca.

— Vai para o inferno. — Fui direta. — Nem por laço nenhum, você vai colocar suas mãos no Lobo.

Ele sorriu, aquele sorriso amaldiçoado que sempre me fazia sentir como se estivesse prestes a ser engolida por ele, e sua voz ecoou em minha mente, de uma forma perturbadora.

— Você não percebeu, Kaela. Tudo está interligado. Toda a história.

Eu me senti tonta, como se estivesse sendo arrastada por algo que não controlava.Era como se ele estivesse dentro da minha cabeça, tocando em algo que nem eu mesma conseguia compreender. A raiva e o medo me dominaram, mas eu sabia que precisava me afastar dele, me afastar desse enredo que estava sendo costurado ao nosso redor. Não podia cair nessa armadilha. Não, eu não podia.

Damien então falou, com uma confiança assustadora:

— Eu sou seu, e você é minha. Nada pode mudar isso. Nem lobo, nem rei, nem ninguém.

Eu engoli em seco. Ele olhou para Ronan, e o clima no ar ficou... estranho. Como se as palavras que ele dissera tivessem uma profundidade que eu não queria compreender, como se tudo ali estivesse preso a um fio invisível que se esticava, esticava, até que eu sentia que não conseguiria mais escapar. A tensão entre nós era palpável. Eu sabia que estava em jogo muito mais do que uma simples captura ou fuga. A conexão, esse laço que ele falava, começava a fazer sentido de uma forma que eu não queria entender.

O silêncio ficou mais denso. E então ele fez sua proposta, com um olhar que transbordava de certeza, como se ele soubesse que estava apenas afirmando o inevitável.

— Seja minha rainha.

Eu ri. Uma risada seca e amarga, mais por nervosismo do que por qualquer outra coisa.

— Você acha que eu vou me submeter a isso? — Perguntei, desafiadora. — Eu não aceitei ser tomada nem pela minha própria alcateia, quem dirá por você?

Eu olhei nos olhos de Damien, e um riso irônico ainda dançava nos meus lábios. Não podia ser. Não poderia. Ele queria que eu me rendesse? Que eu aceitasse essa ideia absurda de ser sua rainha? Mas, por mais que minha mente gritasse, o lobo dentro de mim… o lobo dentro de mim não estava tão certo de que eu deveria rejeitar isso. Ele me repreendeu, com uma sensação de urgência, como se a rejeição de Damien fosse um erro catastrófico.

Era como se o lobo quisesse algo mais, como se essa conexão entre nós fosse mais do que uma simples coincidência. Eu podia sentir o instinto do meu lobo se levantando, uma pressão que eu não conseguia dissipar, como se ele soubesse que meu destino estava entrelaçado com o dele, que essa era a verdade, e que rejeitar aquilo só me afastaria de algo… maior.

Eu respirei fundo, tentando me manter firme, mas a voz do meu lobo, lá dentro, sussurrava como uma tempestade. Ele sabia. Ele sabia algo que eu não queria aceitar, e isso me irritava mais do que qualquer outra coisa.

— Eu não sou de ninguém, Damien. — Eu disse, mais para mim mesma do que para ele. Mas as palavras soaram vazias. O que quer que fosse, o laço estava ali. Ele estava ali. E, de alguma forma, o lobo dentro de mim sabia que o destino já estava selado.

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