CAPÍTULO 14

Meus espiões me deram uma localização de uma cidade onde minha caçada estava. O filhote e tudo que ele representava.

A cidade parecia um labirinto de sombras e luzes, e eu estava perdido dentro dela.

Não em sentido literal, claro.

Mas eu me sentia perdido de uma forma muito mais perigosa. Kaela. Eu estava atrás dela, perseguindo seu cheiro, sua energia, que se infiltrava nas minhas narinas como um veneno doce.

Cada esquina que eu virava, cada rua estreita, cada viela suja que ela tomava… tudo era parte do jogo dela. Ela estava me conduzindo, e eu, maldito orgulho, estava seguindo.

— Está perdido, general? — A voz dela cortou a tensão do ar, e seu sorriso. Eu senti o veneno da provocação, a diversão, e o que era aquilo? Com quem eu estava lidando?

Ela estava mais rápida do que eu. Eu a sentia perto e depois, num piscar de olhos, ela se distanciava. Como se estivesse me brincando, me testando, me desafiando a ser mais rápido, mais forte, mais inteligente. Ela sabia que eu a perseguia, sabia que eu estava tão perto que podia sentir sua respiração. Mas ela estava se divertindo. Como se tudo fosse um jogo, um jogo de gato e rato onde as regras eram dela.

E eu… eu estava sendo engolido por ela. Cada movimento, cada curva que ela tomava, só me deixava mais enfurecido, mais impaciente. Eu estava perdendo o controle. Eu deveria ter ficado calmo, racional, como um general. Mas, ali, naquele momento, tudo que eu queria era pegar aquele corpo, aquela mulher. Eu não sabia o que fazer com ela. Eu não sabia mais o que ela representava.

Ela me levou para os cantos mais sujos da cidade. Ruas abandonadas, becos esquecidos, tudo como se ela soubesse o caminho de cada um desses lugares. Eu, Damien, general dos Lycans, estava sendo conduzido por uma ômega como uma criança perdida. Cada passo dela era calculado, cada movimento, uma dança. E eu, simplesmente, estava lá, sem saber o que esperar, onde ela me levaria.

E então, quando ela me atraiu para o centro de uma viela escura, sem mais alternativas, eu sabia. Eu sabia que ela estava preparando a armadilha. Eu estava cercado. Mas, maldita seja, eu não sabia se era por ela ou por mim que estava acontecendo aquilo.

De repente, um movimento, uma sombra, e eu fui agarrado. Fui imobilizado, meus sentidos foram desafiados, e a única coisa que eu conseguia fazer era olhar para ela. Kaela. Ela estava ali, de pé, com os olhos fixos em mim, a lâmina brilhando em sua mão. Eu poderia ser o líder de uma raça inteira, mas naquele momento, eu era apenas um homem à mercê de uma mulher que me encarava como se estivesse prestes a decidir meu destino.

Eu sabia o que ela queria. Ela queria me matar. E, por um segundo, eu me permiti pensar que talvez fosse melhor que fosse assim. Afinal, isso era o que eu merecia. Eu sabia dos meus erros. Eu sabia que a minha caçada a ela não tinha sido justa. Mas a lâmina… ela estava quase ali. Quase cortando minha garganta, quase dando fim ao que restava de mim.

E então, quando ela me olhou, realmente me olhou, algo aconteceu. Algo dentro de mim. Eu vi nos olhos dela algo que não conseguia compreender. Uma dúvida. Um conflito. Ela hesitou. A lâmina estava ali, mas a lâmina não era apenas uma lâmina. Era um símbolo de tudo o que nos conectava e, ao mesmo tempo, tudo o que nos separava.

E então, meu lobo… meu lobo que sempre foi um monstro imbatível… algo nele cedeu. Algo em mim reconheceu que era tarde demais. Eu, o grande general, o temido Damien, estava diante da única mulher que eu jamais deveria ter subestimado.

Porque, quando ela olhou em meus olhos, meu lobo entendeu. E eu entendi também.

Ela era minha.

Era inevitável. Eu sabia disso agora. Não havia mais escape.

Ela não era uma inimiga. Não mais. Ela não era uma simples ômega, uma fugitiva com quem eu brincava. Não era só mais uma guerreira a ser derrotada. Ela era minha "mate". Meu par. O destino tinha me condenado.

Eu podia sentir isso nas profundezas da minha alma, como se o lobo dentro de mim, que nunca cedeu para nada, estivesse agora, completamente, rendido a ela. Meu corpo não reagiu mais como o de um general. Ele reagiu como o de um lobo, e, pela primeira vez, eu não estava mais no controle.

E eu, Damien, estava perdido. Mas agora, não mais atrás dela. Não mais caçando.

Eu estava sendo caçado.

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