CAPÍTULO 11

O ar na tenda parecia pesar mais a cada segundo que passava. As estrelas no manto do homem se moviam suavemente, como se o tecido estivesse vivo, pulsando em sintonia com algum tipo de energia que eu não conseguia entender. A voz dele, profunda e calma, parecia ecoar em minha mente, muito mais do que em meus ouvidos.

— A lua também é um astro, Kaela. E a vontade da Deusa, como todos os astros, pode ser conhecida por mim.

As palavras dele causaram um arrepio ao longo da minha espinha. Como ele sabia disso? Como ele sabia sobre minha origem? Sobre a Deusa da Lua? Eu tentei manter a calma, mas um turbilhão de pensamentos começou a se formar em minha mente. Como ele sabia? Eu nunca mencionei nada para ninguém daquela cidade.

Eu dei um passo para trás, o capuz caindo um pouco sobre meus ombros. Ele me observava com os olhos de um predador, e o sorriso no canto dos lábios me fez sentir como se estivesse sendo analisada de uma maneira muito mais profunda do que eu gostaria.

— Como você sabe? — minha voz soou mais baixa do que eu pretendia. Mas a dúvida que se instalou no meu peito a tornou inevitável. Eu estava sendo observada. Eu estava sendo exposta. — Quem é você? Foi Damien quem mandou você aqui?

O homem riu, um som suave, mas que tinha algo de ameaçador. Ele balançou a cabeça levemente, como se minha pergunta fosse trivial.

— Damien não me mandou. — Ele disse isso com uma serenidade inquietante, como se a presença de Damien fosse irrelevante. Eu queria acreditar nele, mas algo dentro de mim me dizia que ele sabia mais do que estava revelando.

Ele se aproximou um pouco mais, seus olhos nunca se afastando dos meus. Havia algo nele, uma energia estranha, que parecia prender minha atenção, como se eu estivesse sendo puxada para ele, sem poder evitar.

— A Deusa da Lua, como todas as entidades poderosas, tem seus próprios mensageiros. Eu sou apenas um deles. — Ele deu uma pausa, estudando minha reação. — E você, Kaela… você é especial. Não por ser uma ômega, mas porque o menor, sempre será maior. Não é porque você é uma ômega, que você é pequena. A Deusa a escolheu por algo além do que sua condição. E é por isso que está aqui.

Eu franzi a testa, indignada. A raiva se acumulava dentro de mim como uma tempestade prestes a estourar. A Deusa… ela me escolheu? Eu, uma ômega? Eu estava sendo desvalorizada, e agora isso? Era como se estivessem tentando me convencer de que minha posição não importava, que eu tinha algum tipo de poder que eu ainda não entendia.

Eu dei um passo para frente, minhas mãos se cerrando. Meu instinto me dizia para afastar esse homem de minha mente, para não ceder à pressão.

— Não… você está errado. — Minha voz saiu com mais firmeza do que eu me sentia. — Quem você pensa que é? Você não sabe nada sobre mim, sobre o que eu sou capaz. E não vou deixar você me usar da mesma forma fizeram antes!

O homem sorriu, como se estivesse esperando por minha resistência. E, naquele momento, minha raiva se misturou com uma sensação estranha de impotência. Ele não parecia estar preocupado, não parecia achar que eu seria uma ameaça real.

— Eu sei muito mais do que você imagina, Kaela. — Ele se inclinou para mais perto de mim, e a tensão no ar parecia explodir em torno de nós. Ele baixou a voz, quase sussurrando. — O filhote que você protege… ele é o protegido da Deusa da Lua. O filho dela. E, por mais que você tente fugir de seu destino, ele está entrelaçado com o seu de uma maneira que você não pode compreender ainda.

Eu quase tropecei ao ouvir suas palavras. Filho da Deusa. Protetor? Como ele poderia estar dizendo isso? O filhote? Era impossível. Não podia ser verdade.

O homem me olhou, seus olhos agora intensos, quase brilhando. Eu podia sentir a verdade em suas palavras, mas não conseguia aceitar.

— Se você quer saber como fugir de Damien… — ele fez uma pausa, como se me convidasse a decidir o que fazer. — Eu posso lhe mostrar o caminho. Eu posso lhe dar as respostas que você tanto procura.

Eu não sabia o que responder. Damien estava lá fora, me caçando, e eu sabia que ele estava mais perto a cada dia. Mas havia algo nesse homem, na sua presença, que me deixava dividida. Ele não estava mentindo, mas ao mesmo tempo, suas palavras eram perigosas. Eu não sabia se poderia confiar nele, mas uma parte de mim não podia deixar de querer saber.

Eu engoli em seco, meu coração batendo forte, e, finalmente, as palavras saíram de minha boca, como se fossem um pedido de ajuda.

— Sim. Me diga o que fazer.

Ele sorriu com um brilho satisfeito nos olhos. O futuro se desenhava diante de mim, e eu não sabia para onde ele me levaria, mas a verdade é que eu já não podia mais voltar atrás

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