Na Coreia do Sul, o sistema educacional é altamente valorizado, e nada exemplifica isso melhor do que o Endicott College, a escola mais prestigiosa e sofisticada de Seul. Localizada em um campus deslumbrante, cercado por natureza e infraestrutura moderna, a instituição atrai não apenas estudantes, mas também os filhos dos magnatas e das elites do país. O Endicott é conhecido por seu rigor acadêmico, professores renomados e uma vasta gama de atividades extracurriculares que estimulam o desenvolvimento integral dos alunos.
Minha família, ciente das vantagens que uma educação de qualidade pode oferecer, decidiu que tanto eu quanto meu irmão deveríamos estudar lá. A ideia de estar entre os melhores estudantes e ter acesso a recursos de alta qualidade era emocionante, mas também aterrorizante. Quando entrei na escola, meu irmão já estava um ano à minha frente, o que significava que eu teria que me adaptar rapidamente a um ambiente que era tanto desafiador quanto inspirador.
Desde o primeiro dia, senti a intensidade do Endicott. A atmosfera era elétrica, com alunos conversando animadamente sobre projetos, competições acadêmicas e eventos sociais. A diversidade de origens e interesses era impressionante; havia filhos de empresários, artistas, cientistas e políticos, todos unidos pela ambição de se destacar. Essa pluralidade não apenas enriquecia as discussões em sala de aula, mas também promovia um ambiente de aprendizado colaborativo, onde cada um trazia sua própria perspectiva.
As aulas eram desafiadoras e estimulantes. Fui exposta a uma variedade de disciplinas, desde ciências exatas até humanidades, com professores que não apenas dominavam suas áreas, mas também eram apaixonados por ensinar. Uma das coisas que mais me impressionou foi a maneira como eles incentivavam a participação ativa dos alunos. Não era suficiente apenas ouvir e anotar; éramos encorajados a questionar, debater e explorar as ideias apresentadas. Essa abordagem me fez perceber que o aprendizado era um processo dinâmico e interativo, muito além do que eu havia experimentado antes.
Outra característica marcante do Endicott College eram as atividades extracurriculares. Oportunidades para se envolver em clubes, esportes e projetos comunitários eram abundantes
Meu irmão sempre foi parte do F4, o grupo exclusivo formado pelas quatro famílias mais poderosas e influentes da Coreia do Sul: os Park, os Baek, os Nam e os temidos Kim. A história desses clãs é repleta de tradições antigas e um poder quase mítico que permeia cada aspecto da sociedade. Os Kim, por exemplo, têm uma origem marcada por episódios de clandestinidade, uma vez que muitos de seus membros fugiram para o Japão em busca de segurança, e a reputação deles como uma família de mafiosos é bem conhecida. Para mim, isso significava que meu irmão não apenas lidava com a pressão de ser um estudante exemplar, mas também com as expectativas de um legado familiar que pesava sobre seus ombros.
Quando entrei no Endicott College, meu principal objetivo era me misturar, ser discreta e não chamar atenção. No entanto, o que eu não esperava era que os quatro “idiotas” que rodeavam meu irmão, claro que ele era tão idiota quanto seus amigos, membros do F4, fariam questão de se colar a mim. A dinâmica entre eles era como uma tempestade perfeita: um grupo de jovens carismáticos, seguros de si e, muitas vezes, insuportáveis. Não bastava aturar meu irmão e seus amigos em casa, agora eu teria que enfrentar essa realidade todos os dias na escola.
A primeira vez que fui cercada por eles foi no refeitório. Estava tentando encontrar um lugar tranquilo para me sentar, mas antes que eu percebesse, já estava sendo puxada para o centro da atenção. Os garotos estavam todos rindo e fazendo comentários sarcásticos sobre como era ser a irmã mais nova do famoso “F4”. Para eles, era como um esporte, e eu era o alvo perfeito. Enquanto eu tentava comer em paz, sentia os olhares sobre mim, como se estivesse em um reality show em que ninguém tinha compaixão.
As semanas passaram, e a sensação de estar sob os holofotes se intensificava. Eles tinham uma maneira de transformar qualquer situação em algo que me deixava desconfortável. Se eu cometesse um erro em sala de aula, logo surgiam piadas, e a risada era sempre garantida. O que me deixava ainda mais irritada era que, por trás das brincadeiras, havia uma camaradagem que eu não conseguia ignorar. Eles eram amigos leais, e isso os tornava ainda mais insuportáveis.
Eu me esforçava para me manter afastada, mas a verdade era que, de alguma forma, a presença deles se tornou parte da minha rotina. Meu irmão, mesmo que tentasse proteger-me, acabava se envolvendo nas provocações. Ele dizia que era apenas brincadeira, mas eu não conseguia ver a leveza na situação. Cada vez que saía de casa, tinha que me preparar mentalmente para o que me esperava, e a escola se tornava um campo de batalha social.
Um dia, após mais uma série de provocações durante o almoço, decidi que precisava de uma saída. Foi quando percebi que, se não podia evitá-los, talvez pudesse usar isso a meu favor. Comecei a observar as interações deles e a entender como funcionavam. Quando um dos garotos, que se achava o mais engraçado do grupo, começou a brincar sobre um erro meu, decidi que era hora de responder.
- Uau, você não tem medo que eu conte a todos as coisas que eu sei sobre você?- eu disse com um sorriso maldoso.
O silêncio na mesa foi palpável, seguido por uma risada que não consegui conter. Foi um momento de virada.
A partir daí, minha abordagem começou a mudar. Eu ainda não os suportava totalmente, mas aprendi a lidar com as provocações. Eu os desafiava com humor, e isso, de alguma forma, fez com que começassem a me respeitar um pouco mais. Com o tempo, percebi que, embora o F4 fosse um grupo de privilegiados e arrogantes, havia uma camada de lealdade e amizade que era admirável, mesmo que eu não conseguisse me identificar completamente com eles.
Ao longo do ano letivo, comecei a me sentir mais confortável na escola e, surpreendentemente, até desenvolvi uma certa amizade com alguns deles. As dinâmicas foram se transformando e, apesar das rivalidades, encontrei um espaço onde eu poderia ser eu mesma. A escola se tornou menos um campo de batalha e mais um lugar onde as relações se complexificavam, e as interações se tornavam mais interessantes.
A convivência com meu irmão e seus amigos me ensinou muito sobre como lidar com pessoas de diferentes origens e temperamentos. Aprendi a valorizar a amizade verdadeira e a importância de ser fiel a mim mesma, mesmo quando as expectativas ao meu redor eram esmagadoras. Assim, entre provocações e risadas, eu descobri minha própria identidade.
. Quando estava prestes a entrar no quinto ano, meus pais tomaram uma decisão marcante: enviaram-me para os Estados Unidos para estudar. Essa mudança representava uma nova etapa na minha vida, cheia de expectativas e desafios. Deixar para trás minha casa, amigos e a familiaridade do cotidiano foi um passo significativo, mas também uma oportunidade incrível de crescimento.
Nos primeiros dias, senti uma mistura de ansiedade e excitação. O ambiente escolar era muito diferente do que eu estava acostumado, com novas matérias, professores e colegas de diversas culturas. Aprender uma nova língua e me adaptar a uma nova rotina exigiu esforço e determinação. Contudo, ao longo do tempo, percebi que essa experiência estava me moldando de maneiras que eu nunca imaginei. As novas amizades e as vivências no exterior ampliaram minha visão de mundo e enriqueceram minha educação. Essa jornada se tornou um capítulo inesquecível da minha vida.
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Atualizado até capítulo 38
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