O Desmoronar do Véu

O vento cortante das montanhas soprava ao redor do grupo enquanto eles deixavam as ruínas da fortaleza. O céu escuro, pontuado por nuvens densas e relâmpagos distantes, parecia refletir a tensão que pairava entre eles. A descoberta do ritual e do altar havia deixado claro que o confronto final não era apenas inevitável, mas também muito próximo.

Rhaedrin liderava o caminho, a expressão carregada de seriedade enquanto suas botas esmagavam as pedras soltas da trilha. Sanshoukuin caminhava logo atrás, sua espada descansando em suas costas, mas com os olhos atentos a cada movimento ao redor. Lyana, por sua vez, ajustava o violão em suas costas, sentindo a ansiedade crescer com cada passo.

— Estamos indo na direção certa? — perguntou Lyana, tentando quebrar o silêncio.

Rhaedrin não respondeu imediatamente. Ele parou, pegando o mapa que haviam encontrado no altar, e o examinou sob a luz fraca da lua.

— Sim. A montanha à frente é mencionada nos textos. É lá que o ritual principal deve acontecer.

Sanshoukuin aproximou-se, analisando o mapa por cima do ombro de Rhaedrin.

— O que quer que estejam planejando, eles estão reunindo forças. Precisamos agir rápido.

— E com cuidado, — acrescentou Rhaedrin. — Não podemos nos dar ao luxo de sermos descuidados agora.

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A trilha os levou a uma caverna escura na base da montanha. O ar ali era diferente, mais pesado, como se algo estivesse interferindo na própria atmosfera. Lyana sentiu um calafrio enquanto olhava para a entrada, uma escuridão quase absoluta que parecia convidar e repelir ao mesmo tempo.

— Não gosto disso, — disse ela, segurando as adagas com mais força.

— Ninguém gosta, — respondeu Sanshoukuin, avançando com passos firmes. — Mas não temos escolha.

Rhaedrin acendeu uma tocha, o fogo iluminando as paredes da caverna com sombras dançantes.

— Fiquem perto. Não sabemos o que nos espera.

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A caverna era um labirinto de túneis estreitos e câmaras abertas, cada uma mais assustadora que a anterior. Símbolos semelhantes aos do altar estavam gravados nas paredes, brilhando levemente como se possuíssem vida própria. O som de gotas de água ecoava pelo espaço, criando uma melodia inquietante.

Enquanto avançavam, começaram a ouvir vozes distantes, um cântico baixo e rítmico que parecia vir das profundezas.

— Eles já começaram, — disse Rhaedrin, acelerando o passo.

Lyana sentiu seu coração acelerar. As vozes pareciam penetrar sua mente, sussurrando palavras que ela não entendia, mas que a deixavam inquieta.

— Isso... está me afetando, — murmurou ela, tentando manter o foco.

Sanshoukuin colocou uma mão em seu ombro por um breve momento.

— Mantenha-se firme. Precisamos de você.

As palavras dele ajudaram, e Lyana respirou fundo antes de continuar.

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Eles finalmente chegaram a uma grande câmara aberta. No centro, um círculo ritualístico brilhava com uma luz azul intensa, alimentado por pedras que flutuavam ao redor. Alastair estava lá, cercado por figuras encapuzadas que cantavam em uníssono. Sua presença era ainda mais intimidadora sob a luz pulsante, a armadura negra refletindo as cores do ritual.

Rhaedrin deu alguns passos à frente, sua espada já em mãos.

— Alastair! Isso termina agora!

O cântico parou, e Alastair virou-se lentamente, um sorriso frio em seu rosto.

— Vocês realmente são persistentes. Eu deveria admirar isso, mas tudo o que vejo é teimosia inútil.

— E tudo o que vemos é alguém consumido pelo próprio ego, — respondeu Sanshoukuin, posicionando-se ao lado de Rhaedrin.

Lyana, segurando suas adagas, observava o círculo com atenção.

— O que exatamente você está tentando fazer aqui?

Alastair ergueu as mãos, como se estivesse apresentando algo grandioso.

— Libertar o verdadeiro poder deste mundo. Vocês, Highlanders, passam a vida inteira servindo um código vazio, enquanto o verdadeiro potencial do nosso poder permanece adormecido.

Rhaedrin estreitou os olhos, sua voz carregada de raiva contida.

— E você acha que manipular rituais sombrios e sacrificar vidas vai trazer esse "potencial"?

— Não importa o preço, desde que o objetivo seja alcançado, — respondeu Alastair, sua voz cheia de convicção.

Antes que qualquer outra palavra fosse dita, ele ergueu a espada, e as figuras encapuzadas ao redor começaram a atacar.

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A batalha foi imediata e feroz. Rhaedrin avançou contra os primeiros inimigos, sua espada movendo-se com força e precisão, enquanto Sanshoukuin cobria seu flanco com golpes pesados que afastavam os adversários.

Lyana, mantendo-se em movimento, atacava com suas adagas, desviando dos golpes com agilidade e buscando pontos vulneráveis nos oponentes. Mesmo em meio ao caos, sua mente estava focada em Alastair, que observava a luta de longe, aparentemente satisfeito com o que via.

— Isso é apenas o começo! — gritou ele, antes de entrar no combate.

Alastair avançou diretamente contra Rhaedrin, suas espadas se encontrando em um impacto que reverberou pela caverna. Os dois trocaram golpes rápidos e poderosos, cada um tentando superar o outro com técnica e força.

Sanshoukuin enfrentava duas das figuras encapuzadas, sua espada movendo-se em arcos amplos que mantinham os inimigos afastados.

— Lyana! Concentre-se no círculo! — gritou ele, desviando de um ataque.

Lyana assentiu, correndo em direção ao círculo enquanto desviava de ataques. Ela sabia que o ritual precisava ser interrompido, mas a energia ao redor era quase palpável, tornando cada passo mais difícil.

Quando finalmente alcançou o círculo, ela ergueu as adagas e golpeou uma das pedras flutuantes. O impacto foi suficiente para quebrar o equilíbrio do ritual, fazendo a luz azul piscar violentamente.

Alastair parou imediatamente, virando-se para ela com raiva nos olhos.

— Não!

Ele avançou em sua direção, mas Rhaedrin o interceptou, bloqueando seu caminho.

— Não tão rápido.

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Com o círculo enfraquecido, as figuras encapuzadas começaram a desaparecer, como se suas existências dependessem do ritual. Lyana, ofegante, afastou-se do círculo enquanto Sanshoukuin e Rhaedrin mantinham Alastair ocupado.

A caverna começou a tremer, pedaços do teto caindo ao redor.

— Precisamos sair daqui! — gritou Sanshoukuin, desviando de um pedaço de rocha que quase o atingiu.

Rhaedrin desferiu um golpe que forçou Alastair a recuar.

— Isso ainda não acabou, — disse ele, antes de correr em direção à saída.

O grupo seguiu rapidamente, a caverna desmoronando atrás deles. Quando finalmente alcançaram a entrada, olharam para trás enquanto a montanha parecia engolir o ritual, encerrando temporariamente o plano de Alastair.

Mas todos sabiam que aquilo era apenas um adiamento. O confronto final ainda estava por vir.

O grupo emergiu da caverna no exato momento em que o colapso completo da montanha ocorreu. As pedras caíram em cascata, cobrindo a entrada e silenciando qualquer rastro do ritual que acontecia lá dentro. O som ensurdecedor ecoou pelo vale antes de dar lugar a um silêncio inquietante, apenas quebrado pela respiração pesada dos três.

Rhaedrin estava com a espada ainda em punho, os olhos fixos na montanha à sua frente. Ele sabia que aquilo não era o fim. Alastair havia recuado, mas não fora derrotado. O antigo Highlander era mais esperto e mais obstinado do que qualquer inimigo que já enfrentara.

Sanshoukuin limpou a lâmina com calma, embora seus olhos demonstrassem preocupação.

— Ele sobreviveu, — afirmou. — Isso é certo. Ele nunca deixa uma luta inacabada.

Lyana sentou-se em uma pedra próxima, exausta, mas determinada.

— E ele vai voltar mais forte. Sabemos disso.

Rhaedrin guardou sua espada lentamente, sua expressão carregada de seriedade.

— Ele está ferido, mas não vencido. O que fizemos aqui foi atrasá-lo, nada mais.

O silêncio pairou entre eles, cada um perdido em seus próprios pensamentos. A sensação de uma vitória incompleta pesava sobre todos, mas também havia uma faísca de determinação crescente.

Lyana quebrou o silêncio, sua voz mais calma do que antes.

— O que faremos agora? Não podemos apenas esperar que ele venha atrás de nós.

Rhaedrin olhou para ela, e então para Sanshoukuin.

— Precisamos nos preparar. Reforçar nossas forças, entender mais sobre o que ele está buscando. Alastair está reunindo poderes que vão além da nossa compreensão atual.

Sanshoukuin assentiu, mas sua expressão era sombria.

— E isso significa que teremos que buscar respostas em lugares que não gostaríamos.

Lyana franziu o cenho, curiosa.

— Lugares como onde?

Rhaedrin hesitou por um momento antes de responder.

— Há registros, textos antigos, que falam sobre rituais como o que vimos. Eles estão escondidos em um lugar que evitamos por séculos: as ruínas dos Primeiros.

Os olhos de Lyana se arregalaram, e Sanshoukuin pareceu mais sério do que nunca.

— As ruínas são perigosas, — disse ele. — Mas se esse é o único caminho, devemos ir.

Rhaedrin olhou para o horizonte, onde o sol começava a nascer, tingindo o céu com tons de dourado e vermelho.

— Não há outro caminho. Se queremos derrotá-lo, precisamos entender completamente o que estamos enfrentando.

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O trio começou a descer pelo vale, cada um com suas preocupações, mas também com uma determinação renovada. A batalha que enfrentaram era apenas o começo de algo maior, uma guerra que decidiria mais do que apenas seus destinos.

Enquanto se afastavam, uma figura emergiu entre as sombras do colapso da montanha. Alastair, com a armadura danificada e marcas de ferimentos, observava o grupo à distância. Sua expressão era fria, mas seus olhos brilhavam com uma determinação perigosa.

Ele murmurou para si mesmo, segurando um fragmento do medalhão que havia resgatado do ritual.

— Vocês me atrasaram... mas não me impedirão.

E então ele desapareceu nas sombras, deixando para trás apenas um eco de sua promessa silenciosa.

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O grupo continuava sua jornada, mas cada passo era permeado pela sensação de que algo maior os aguardava. Os desafios que enfrentaram até agora eram apenas prelúdios de uma história que ainda estava longe de terminar.

E assim, sob o céu tingido de luz e escuridão, o destino de Rhaedrin, Lyana e Sanshoukuin seguia incerto, mas inquebrantável. O confronto final com Alastair ainda estava por vir, e com ele, a resposta para o que realmente significava ser um Highlander.

FIM DO LIVRO 1: O PESO DA SOMBRA

(Continue acompanhando para descobrir o desenrolar dessa saga.)

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