Os dias seguintes foram marcados por um silêncio inquietante. O grupo avançava pelas florestas e colinas, sempre atentos ao menor som ou movimento. A tensão crescia a cada passo, como se o próprio ambiente os observasse, esperando pelo momento certo para revelar um novo desafio.
Lyana ajustava o violão em suas costas enquanto olhava para Sanshoukuin, que seguia firme ao lado do cavalo que Rhaedrin insistira em providenciar. Apesar de ter um cavalo à disposição, Sanshoukuin ainda preferia caminhar. Ele dizia que a terra sob seus pés o mantinha focado, mas Lyana sabia que havia algo mais. Talvez um desejo de não parecer dependente ou um reflexo de sua disciplina rígida.
— Você realmente nunca vai montar esse cavalo? — perguntou Lyana, tentando quebrar o silêncio.
Sanshoukuin olhou para ela com um leve sorriso, mas continuou andando.
— Só quando for necessário. Por enquanto, prefiro manter minha energia para a próxima batalha.
Rhaedrin, à frente, manteve-se calado, mas ouviu a conversa. Ele sabia que Sanshoukuin era disciplinado e confiável, mas ainda observava cada movimento dele com cautela. Para Rhaedrin, confiança era algo que se ganhava com o tempo, e Sanshoukuin ainda estava no começo desse caminho.
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No final da tarde, o grupo chegou a uma pequena vila escondida entre montanhas. O local parecia tranquilo, mas havia algo de errado. As ruas estavam vazias, e as janelas das casas fechadas. O vento carregava o som de portas rangendo, mas nenhuma voz ou movimento humano.
— Algo está errado, — disse Lyana, segurando as adagas com mais firmeza.
— Concordo, — respondeu Sanshoukuin, já segurando sua espada.
Rhaedrin desmontou de Noctis, seus olhos atentos enquanto analisava o local.
— Vamos nos dividir. Lyana, fique comigo. Sanshoukuin, cubra o perímetro. Não abaixem a guarda.
Sanshoukuin assentiu e começou a circular pela vila com passos silenciosos, sua presença quase imperceptível entre as sombras das casas. Rhaedrin e Lyana avançaram pelo centro da vila, seus olhos varrendo cada canto em busca de pistas.
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Pouco tempo depois, Sanshoukuin voltou ao ponto de encontro, trazendo informações importantes.
— Há marcas de luta perto do armazém principal, — relatou ele, apontando para o lado oposto da vila. — E rastros que levam para as colinas ao norte.
— Então não estamos sozinhos, — concluiu Rhaedrin, olhando para o horizonte. — Precisamos investigar antes de seguir em frente.
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No armazém, as marcas de luta eram evidentes. Sangue seco manchava o chão, e objetos estavam espalhados como se um confronto tivesse acontecido. Rhaedrin analisava o local com cuidado, enquanto Lyana e Sanshoukuin protegiam a entrada.
— Isso é recente, — disse Rhaedrin, tocando o sangue seco. — Mas não faz sentido. Não há corpos, nem sinais de quem venceu.
Antes que pudessem continuar, um som de passos ecoou pelo lado de fora. O grupo ficou em alerta, movendo-se rapidamente para as sombras. Pelas frestas do armazém, viram figuras encapuzadas se aproximando. Seus movimentos eram coordenados, e eles carregavam armas que refletiam a luz do pôr do sol.
— Bandidos? — sussurrou Lyana, olhando para Rhaedrin.
— Talvez, — respondeu ele, com os olhos fixos no grupo. — Mas algo não parece certo.
Sanshoukuin ajustou a espada em suas costas, pronto para agir.
— Devemos esperar ou atacar?
Rhaedrin pensou por um momento antes de responder.
— Vamos observá-los. Quero saber o que estão fazendo aqui.
As figuras entraram no armazém, vasculhando o local em busca de algo. Um deles falou em voz baixa, mas o suficiente para que o grupo ouvisse.
— Certifiquem-se de que não deixaram nada. O mestre não aceitará falhas.
Ao ouvir a palavra "mestre", Rhaedrin apertou o punho da espada.
— Alastair.
Lyana franziu o cenho, seu coração acelerando.
— Então ele está realmente controlando esses homens.
Sanshoukuin inclinou-se levemente para frente, seus olhos brilhando com determinação.
— Se eles estão ligados a ele, não podemos deixá-los escapar.
Rhaedrin concordou, seu olhar frio como aço.
— Vamos esperar o momento certo. Se eles descobrirem que estamos aqui, lidamos com isso.
A tensão aumentava a cada segundo, o grupo preparado para agir a qualquer momento. A vila silenciosa tornava-se um campo de incertezas, e os próximos movimentos decidirão não apenas o destino daquela missão, mas também o rumo da batalha contra Alastair.
Rhaedrin deu um leve aceno para que o grupo se mantivesse em silêncio enquanto observava as figuras encapuzadas. Lyana, ao seu lado, estava focada na movimentação dentro do armazém. Seus olhos percorriam cada detalhe, como os passos ritmados dos homens e as armas que carregavam.
Sanshoukuin permaneceu calmo e atento, seu semblante sério enquanto se preparava para qualquer eventualidade. Ele não disse nada, mas sua postura transmitia segurança.
— Precisamos agir antes que eles saiam daqui, — sussurrou Lyana, olhando para Rhaedrin.
— Calma, — respondeu Rhaedrin, com um tom firme, mas tranquilo. — Quero saber o que eles estão procurando.
Lyana acenou com a cabeça, voltando sua atenção para os homens no armazém. Ela estava focada no objetivo, sem se perder em distrações. Sanshoukuin observava a entrada principal, garantindo que ninguém escapasse.
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Os encapuzados pareciam ter encontrado algo. Um deles ergueu um pequeno baú, entregando-o ao líder do grupo. A figura que parecia estar no comando olhou para o objeto com cuidado, antes de guardá-lo sob a capa.
— Isso deve ser suficiente. Vamos sair antes que os curiosos apareçam, — disse o líder, sua voz grave.
Rhaedrin fez um sinal rápido para Lyana e Sanshoukuin.
— Quando eles saírem, seguimos. Quero o conteúdo daquele baú.
O grupo aguardou pacientemente enquanto os homens saíam do armazém e se moviam em direção às colinas. O silêncio na vila era interrompido apenas pelo som de seus passos. Quando desapareceram de vista, Rhaedrin levantou-se, ajustando a espada.
— Vamos. Não podemos perdê-los.
Sanshoukuin seguiu imediatamente, suas ações precisas e disciplinadas. Lyana, embora ainda curiosa sobre o que o grupo procurava, estava mais focada na missão. Ela manteve sua posição ao lado de Rhaedrin, deixando que o líder definisse o ritmo.
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A trilha levava a uma área mais aberta, onde o grupo dos encapuzados havia parado para descansar. Eles montaram um pequeno acampamento improvisado, o baú guardado ao centro. Rhaedrin analisou a situação, seus olhos estreitando-se enquanto avaliava a melhor abordagem.
— Podemos atacar agora, — sugeriu Sanshoukuin, com a espada pronta. — Antes que eles estejam completamente preparados.
Rhaedrin assentiu.
— Lyana, você cuida da retaguarda. Sanshoukuin, comigo. Vamos pegar aquele baú e descobrir o que Alastair está tramando.
Lyana sorriu levemente, mas sua atenção estava na tarefa.
— Entendido.
O grupo se moveu com precisão, cercando o acampamento antes de atacar. A luta foi rápida e eficiente, os encapuzados não estavam preparados para a emboscada. Rhaedrin desarmou o líder com um golpe certeiro, enquanto Sanshoukuin enfrentava dois adversários ao mesmo tempo, seus movimentos precisos como sempre.
Lyana, na retaguarda, interceptava qualquer um que tentasse fugir, suas adagas encontrando os alvos com agilidade. A batalha terminou em minutos, o baú agora em posse do grupo.
— Vamos ver o que temos aqui, — disse Rhaedrin, abrindo o baú com cuidado.
Dentro, havia documentos, mapas e um medalhão que carregava o símbolo de Alastair. Rhaedrin olhou para os itens com uma expressão sombria.
— Isso confirma nossas suspeitas. Ele está construindo algo grande.
Sanshoukuin aproximou-se, analisando o conteúdo ao lado de Rhaedrin.
— Isso explica por que esses homens estavam tão bem armados. Eles são apenas parte de algo maior.
Lyana observava de perto, mas não interrompeu. Seu foco estava na missão, e ela sabia que o momento exigia seriedade.
Rhaedrin fechou o baú, olhando para os dois.
— Vamos levar isso para a base mais próxima. Precisamos de tempo para decifrar o que encontramos.
O grupo seguiu em frente, com a tensão ainda presente, mas a confiança mútua começava a se fortalecer. Cada um tinha um papel a desempenhar, e agora, mais do que nunca, sabiam que o verdadeiro desafio ainda estava por vir.
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Atualizado até capítulo 20
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