o desafio da fortaleza

A manhã trouxe um céu encoberto, onde as nuvens pareciam pesar sobre as montanhas ao longe. O grupo avançava em um silêncio quase reverente, os eventos da noite anterior ainda vivos em suas mentes. O corpo do guardião fora deixado para trás, mas a sensação de que algo maior os esperava crescia a cada passo.

Sanshoukuin liderava o caminho desta vez, seus sentidos alertas enquanto observava cada detalhe da trilha. A floresta começava a rarear, revelando encostas rochosas e um terreno mais irregular. Rhaedrin seguia logo atrás, seus olhos atentos ao horizonte, enquanto Lyana mantinha-se próxima, os dedos inquietos brincando com a alça do violão em suas costas.

— Estamos nos aproximando, — disse Sanshoukuin, sem olhar para trás. — Posso sentir.

— Isso também significa que eles podem estar nos esperando, — respondeu Rhaedrin, ajustando a espada em seu cinto.

Lyana olhou para ambos, seu semblante carregado de preocupação.

— E se houver mais dessas criaturas? Ou algo pior?

— Haverá, — disse Rhaedrin simplesmente, sem hesitar. — Mas estamos prontos.

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A trilha os levou a um desfiladeiro estreito, onde o som do vento era amplificado pelas paredes de pedra. Havia algo inquietante na paisagem — o silêncio absoluto, como se até mesmo os pássaros tivessem abandonado o lugar.

Rhaedrin parou, levantando a mão para que os outros ficassem atentos. Ele se ajoelhou, examinando o chão com cuidado.

— Pegadas. Grandes, profundas. Algo pesado passou por aqui recentemente.

Sanshoukuin aproximou-se, analisando as marcas com um olhar experiente.

— Não é só uma criatura. Há sinais de homens também.

— Isso confirma que estamos no território de Alastair, — murmurou Rhaedrin, levantando-se. — Precisamos continuar, mas com cautela.

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Ao final do desfiladeiro, o terreno abriu-se para um vale estreito, cercado por penhascos íngremes. No centro, erguiam-se as ruínas de uma antiga fortaleza, parcialmente escondida por uma neblina densa. A estrutura era imponente, com torres quebradas e muralhas desgastadas pelo tempo, mas ainda havia um ar de ameaça que emanava dela.

— É lá, — disse Lyana, com um arrepio na voz.

Sanshoukuin assentiu, seus olhos fixos na fortaleza.

— Ele escolheu bem. Um lugar fácil de defender e difícil de invadir.

Rhaedrin permaneceu em silêncio por um momento, estudando a fortaleza antes de falar.

— Vamos nos aproximar pelas sombras. Quero entender o que estamos enfrentando antes de agir.

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A aproximação foi lenta e cuidadosa. O grupo manteve-se fora de vista, movendo-se pelas encostas rochosas que cercavam o vale. Quando finalmente encontraram uma posição vantajosa, puderam ver mais claramente o que se passava dentro das ruínas.

Havia movimento nas muralhas e no pátio interno. Homens armados patrulhavam o local, e, entre eles, criaturas semelhantes ao guardião que haviam enfrentado. No centro do pátio, uma figura destacava-se: alta e imponente, com uma armadura negra que parecia absorver a luz ao seu redor.

— Alastair, — disse Rhaedrin, sua voz carregada de uma raiva contida.

Lyana observou a figura com atenção, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.

— Ele... parece mais... — Ela não conseguiu encontrar as palavras certas, mas o medo em sua voz era evidente.

— Mais forte, — completou Sanshoukuin, com um tom sombrio. — E mais perigoso.

Rhaedrin virou-se para o grupo, seu olhar sério.

— Precisamos de um plano. Não podemos simplesmente invadir e esperar vencer.

Sanshoukuin cruzou os braços, analisando a fortaleza.

— Se conseguirmos atrair os homens para fora, podemos enfrentá-los em um terreno mais favorável.

Lyana inclinou a cabeça, pensativa.

— E como fazemos isso? Eles estão bem protegidos.

Rhaedrin olhou para o pátio novamente, seus olhos fixando-se em um detalhe que os outros não haviam notado: um altar no centro, onde algo brilhava levemente sob a luz fraca.

— O que quer que seja aquilo, é importante para ele. Se conseguirmos alcançá-lo ou ameaçá-lo, ele não terá escolha a não ser reagir.

— E isso nos dá uma chance, — disse Sanshoukuin, assentindo.

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A primeira parte do plano foi simples: Lyana usou sua habilidade de se mover silenciosamente para se infiltrar na base da fortaleza. Enquanto isso, Rhaedrin e Sanshoukuin posicionaram-se para atacar as patrulhas externas, eliminando os guardas um a um com precisão letal.

Lyana conseguiu aproximar-se do altar sem ser vista. O objeto brilhante era um medalhão, semelhante ao que haviam encontrado antes, mas maior e mais elaborado. Quando ela estendeu a mão para pegá-lo, o som de uma trombeta ecoou pelo vale.

Os homens nas muralhas começaram a se mover rapidamente, e os portões da fortaleza abriram-se, revelando Alastair, que avançava com passos lentos, mas decididos.

— Finalmente, — disse ele, sua voz profunda e reverberante. — Vocês chegaram até aqui, mas não passarão deste ponto.

Rhaedrin saiu das sombras, empunhando sua espada com firmeza.

— Nós viemos acabar com isso, Alastair.

Alastair riu, um som frio e vazio.

— Vocês não têm ideia do que enfrentam. Este é apenas o começo.

Sanshoukuin aproximou-se, posicionando-se ao lado de Rhaedrin.

— Se este é o começo, vamos acabar com ele aqui e agora.

Lyana, agora ao lado deles, segurava suas adagas com determinação. O confronto final estava próximo, e eles sabiam que as próximas ações determinariam não apenas o desfecho daquela missão, mas também o destino de tudo pelo que haviam lutado.

O vale estava mergulhado em um silêncio inquietante. A poeira levantada pelo vento dançava no ar, enquanto o grupo recuperava o fôlego após a intensa batalha com os homens e criaturas de Alastair. O antigo Highlander permaneceu parado no centro do pátio da fortaleza, a espada descansando ao lado do corpo, mas sua presença era imponente. Ele observava os três com uma expressão de calma controlada, como se cada movimento tivesse sido planejado.

Rhaedrin deu um passo à frente, sua espada erguida. A tensão em seus músculos era visível, mas sua voz era firme.

— Isso termina aqui, Alastair. Não importa o que tenha planejado, não vamos permitir que você continue.

Alastair inclinou a cabeça ligeiramente, um sorriso frio surgindo em seus lábios.

— Vocês chegaram longe, admito. Mas ainda não entendem o que realmente está em jogo.

Sanshoukuin avançou para o lado de Rhaedrin, a espada em posição defensiva.

— O que está em jogo é o equilíbrio do que resta deste mundo. E você é a ameaça que precisa ser detida.

Alastair riu levemente, sua voz ecoando pelo vale.

— Que palavras nobres. Mas palavras não vencem batalhas. Mostrem-me o que vocês têm de melhor.

Ele ergueu sua espada e avançou. O primeiro impacto entre as lâminas reverberou pelo ar, um choque de força e técnica. Rhaedrin bloqueou o ataque com firmeza, mas o impacto o fez recuar um passo. Ele rapidamente se recuperou, contra-atacando com um golpe lateral que Alastair desviou com um movimento elegante.

Sanshoukuin aproveitou a abertura para atacar pelo flanco, mas Alastair girou rapidamente, bloqueando o golpe com a parte plana da espada.

— Vocês lutam bem juntos, mas ainda são previsíveis.

Lyana, posicionada estrategicamente mais afastada, observava cada movimento, esperando o momento certo para agir. Quando viu Alastair momentaneamente distraído pelos ataques combinados de Rhaedrin e Sanshoukuin, ela avançou com agilidade. Suas adagas encontraram a lateral da armadura de Alastair, mas não conseguiram perfurá-la completamente. Mesmo assim, o golpe o forçou a recuar.

— Hm, interessante, — disse Alastair, ajustando sua postura. — Parece que você está aprendendo rápido, garota.

Lyana estreitou os olhos, sua voz firme.

— Não é aprendizado. É determinação.

Rhaedrin aproveitou a distração para atacar novamente, desferindo golpes rápidos e precisos que Alastair bloqueou com habilidade. A troca de golpes continuou, cada movimento demonstrando a experiência e o treinamento que ambos possuíam.

Sanshoukuin entrou na luta novamente, forçando Alastair a dividir sua atenção. A coordenação entre os três começava a surtir efeito, pressionando Alastair a recuar para ajustar sua estratégia.

— Vocês são persistentes, eu admito, — disse ele, ofegante, mas ainda confiante. — Mas persistência não é suficiente para vencer.

Lyana lançou uma de suas adagas, mirando o ponto onde a armadura de Alastair tinha uma pequena abertura. Ele conseguiu desviar no último momento, mas o movimento o deixou momentaneamente vulnerável. Rhaedrin aproveitou a oportunidade para desferir um golpe que atingiu a lateral da armadura, fazendo Alastair recuar mais alguns passos.

— Está acabando, Alastair, — disse Rhaedrin, sua voz carregada de determinação.

Alastair parou, ajustando a espada enquanto observava o grupo. Por um momento, parecia que ele estava calculando suas opções.

— Vocês me impressionaram. Mas isso ainda está longe de terminar.

Ele ergueu a espada, e uma onda de energia emanou dela, criando uma barreira momentânea entre ele e o grupo. Quando a luz se dissipou, ele não estava mais lá.

O silêncio caiu novamente sobre o vale. Lyana olhou ao redor, tentando entender o que havia acontecido.

— Ele fugiu... — disse ela, quase incrédula.

Sanshoukuin guardou sua espada, seus olhos fixos no local onde Alastair estava.

— Não foi uma fuga. Foi uma estratégia. Ele quer que pensemos que estamos no controle.

Rhaedrin abaixou a espada lentamente, sua expressão séria.

— Isso não acabou. Ele está nos testando. E da próxima vez, estará ainda mais preparado.

Lyana respirou fundo, tentando acalmar os batimentos acelerados.

— Então precisamos estar prontos também.

O grupo se reagrupou, cada um processando o que havia acontecido. A batalha havia sido intensa, mas eles sabiam que aquilo era apenas o começo de algo maior. O confronto final com Alastair ainda os aguardava, e eles precisavam estar mais fortes do que nunca.

— Vamos voltar à fortaleza e procurar por pistas, — disse Rhaedrin, olhando para os dois. — Precisamos entender os próximos passos dele antes que seja tarde demais.

Sanshoukuin e Lyana assentiram, seguindo Rhaedrin de volta para a fortaleza. O caminho à frente era incerto, mas uma coisa era clara: a luta contra Alastair estava longe de terminar.

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