O Caminho Das Sombras

Atravessando os portões do mosteiro, o ar frio da manhã tocou meu rosto, e a sensação de alívio foi imediata. Dentro daquelas paredes sagradas, cercada pelo conhecimento ancestral e pelas sombras do passado, havia algo que me pressionava, uma sensação de opressão que parecia crescer à medida que eu me aprofundava nas respostas que buscava. Agora, à medida que o sol começava a se levantar no horizonte, parecia que o mundo exterior oferecia mais clareza.

Mas, como sempre, a verdade não era simples. Ela estava envolta em névoa, obscurecida pela escuridão do passado e pelas mentiras que foram cuidadosamente tecidas ao longo de gerações. Eu sabia que o caminho que eu escolheria agora mudaria o destino de meu reino — e, talvez, o meu próprio.

O abade tinha falado sobre a Verdade, e sobre o preço que ela exigiria. A Verdade não seria fácil de alcançar, mas, de alguma forma, eu sentia que o momento de tomar uma decisão estava se aproximando rapidamente.

À medida que caminhava pelo jardim do mosteiro, minha mente se voltava para o que o abade me dissera. Ele havia falado sobre traições e sobre a necessidade de confiar na minha intuição. Aquelas palavras ecoavam em minha mente enquanto eu tentava entender os próximos passos.

Eu precisava encontrar os que sabiam mais sobre o pacto, mas como? Onde estavam esses indivíduos? Eles eram aliados ou inimigos disfarçados? Como poderia distinguir quem estava realmente do meu lado em uma luta tão imensa?

Enquanto minhas dúvidas se multiplicavam, a figura do abade surgiu novamente em minha mente. Ele não havia me dado todas as respostas, e isso me deixava inquieta. Seu olhar, como se carregasse um conhecimento além do meu entendimento, permanecia vívido na minha memória. Talvez ele soubesse mais do que estava disposto a revelar, mas o que ele escondia?

Foi então que, sem mais avisos, minha atenção foi atraída por uma movimentação na margem do bosque. Um homem, vestindo uma capa escura, estava parado à distância, observando-me. Seus olhos, escondidos pela sombra do capô, pareciam seguir cada um dos meus passos. Não sabia quem ele era, mas algo em sua presença me dizia que ele não estava ali por acaso.

Eu continuei a caminhar, sem demonstrar que havia notado a presença estranha, mas meu coração acelerou. O homem se manteve onde estava, não se movendo, mas seus olhos nunca se afastaram de mim.

Eu parei por um momento, meu olhar agora fixo na silhueta distante, mas decidi que não poderia me permitir mostrar hesitação. O caminho que eu escolheria tinha que ser dado com confiança, mesmo quando o desconhecido se mostrava à minha frente.

Continuando meu caminho, decidi não confrontá-lo diretamente. Se ele quisesse falar comigo, que o fizesse. Eu tinha mais perguntas do que respostas, mas não sabia se ele seria a chave para o que eu procurava.

O resto do dia se passou com relativa calma. Eu procurei por informações nos antigos arquivos de minha casa real, nos registros de minha linhagem. A cada página virada, eu encontrava mais evidências de que o pacto era real, mas nada me preparava para o que eu encontraria naquela noite.

Naquela noite, enquanto o silêncio da casa real parecia sufocar tudo ao redor, uma figura misteriosa apareceu diante de mim. Era ele. O homem da capa escura.

— Você finalmente decidiu aparecer. — Eu disse com firmeza, encarando-o enquanto ele se aproximava da porta da minha sala. Seu olhar permanecia profundo, insondável, mas havia algo familiar nele que me causava uma sensação estranha.

— Não era minha intenção ser vista tão cedo, Majestade. — Sua voz era suave, mas carregada de um peso que parecia transbordar de mistério. — Mas sua busca pelo conhecimento agora me envolveu. Estou aqui para ajudá-la. Se você permitir.

Eu o observei em silêncio. Algo em seu tom e na maneira como se aproximou de mim sugeria que ele sabia mais do que eu. Ele parecia estar esperando que eu fosse a primeira a falar, mas eu não estava disposta a dar uma resposta precipitada.

— O que quer de mim? — Perguntei, minha voz fria, tentando manter o controle da situação.

Ele deu um pequeno sorriso, quase como se esperasse essa pergunta.

— Quero apenas ajudar, Majestade. — Sua mão se moveu lentamente, e ele retirou de sua capa um pequeno artefato. Era um medalhão, com um desenho intricadamente esculpido. — Este é um dos antigos selos que selaram o pacto. Seu valor é imensurável, mas está em suas mãos agora.

Eu fiquei surpresa, mas não deixei que isso transparecesse. O medalhão estava ali, diante de mim, com o poder de conectar o presente ao passado. Mas como ele sabia de sua existência? E por que me entregar esse artefato agora?

— O que exatamente você espera que eu faça com isso? — Perguntei, sem tirar os olhos do medalhão.

— O selo precisa ser ativado, Majestade. Apenas alguém com a linhagem verdadeira pode fazer isso. Você, Eleanor, é a única capaz de impedir que as forças que desejam destruir o pacto prevaleçam.

Senti o peso das suas palavras. Ele estava me dizendo o óbvio, mas com uma confiança que me deixava desconfortável. O que mais ele sabia? Ele estava mais do que ciente do fardo que eu carregava.

— Eu não sou uma guardiã de pactos antigos. Sou uma rainha em um reino em ruínas. — Minha voz tremia, mas eu a mantive firme. — Por que eu, de todas as pessoas?

— Porque o sangue da sua família foi escolhido, Majestade. O destino de todos depende de sua escolha. Se você não cumprir o pacto, o reino será consumido pelas trevas. O mal está se aproximando, e apenas a ativação do selo pode selá-lo de volta.

Ele se aproximou mais, colocando o medalhão sobre a mesa à minha frente. Seu olhar se suavizou um pouco, mas a gravidade de suas palavras ainda pairava no ar.

— Você tem um grande poder, Eleanor. Mas também há um preço a pagar. Não haverá retorno se você decidir seguir este caminho.

Eu sabia que ele falava a verdade, mas a decisão parecia impossível. O que ele estava sugerindo era algo muito maior do que qualquer desafio que eu já havia enfrentado. Eu não poderia voltar atrás, e eu sabia disso. Mas também sabia que o futuro de meu reino estava em jogo.

— Onde começamos? — Perguntei finalmente, decidida a enfrentar o que fosse necessário.

Ele olhou para mim com um olhar que mesclava respeito e algo mais, algo que eu não conseguia identificar.

— Começamos onde o pacto foi selado. E a jornada será longa. A Verdade está mais perto do que você imagina.

Com essas palavras, ele se afastou e desapareceu na escuridão da noite, deixando-me sozinha com o peso da decisão que eu acabara de tomar.

Eu não sabia o que o futuro me reservava, mas uma coisa era certa: o caminho à frente seria repleto de desafios e escolhas difíceis. E eu estava pronta para enfrentá-los, seja qual fosse o preço.

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