Liz sabia que precisava de um tempo para si mesma. Quando o caos tomou conta de sua vida, e os sentimentos confusos a consumiram, a única coisa que ela conseguiu fazer foi procurar refúgio. Decidiu, então, passar alguns dias na casa de seus pais, longe da mansão de Aubrey, longe da pressão que ele e o contrato impunham sobre ela. Ela precisava entender o que estava acontecendo com ela, o que realmente sentia, sem a interferência constante de uma vida que não era mais só sua.
Ela sabia que Aubrey ficaria triste, que ele a procuraria, mas naquele momento, ela não sabia como lidar com ele. Nem com os sentimentos que haviam surgido entre eles. Estava perdida, e afastar-se parecia a única maneira de encontrar um caminho para si mesma.
Os dias na casa de seus pais passaram de forma lenta e conturbada. Liz se cercou de silêncio, buscando clareza nas conversas com sua mãe e nas longas caminhadas pelas ruas tranquilas de sua cidade natal. Ela revia tudo o que havia acontecido: o contrato com Aubrey, o beijo inesperado, a briga… e o turbilhão de emoções que ele provocou. Era confuso. Ela se questionava se era possível encontrar amor em meio à obrigação, se poderia realmente transformar um acordo em algo mais profundo, mais sincero.
Enquanto isso, Aubrey estava em casa, em silêncio. Liz não sabia como ele estava lidando com a ausência dela, mas, sempre que ela pensava nele, sentia uma pontada de culpa. Ela o havia deixado para trás, sem uma explicação, sem uma palavra definitiva sobre o que aconteceria entre eles.
Os dias se transformaram em semanas. E as semanas se tornaram um mês. Liz começou a se acostumar com a solidão, mas também sentia a falta de Aubrey. Não da sua presença física, mas da proximidade que havia começado a sentir com ele. A dor do afastamento de alguma forma a fez refletir sobre o que ele significava para ela. A distância não era fácil, mas foi necessária. Talvez ela estivesse começando a entender o que realmente sentia. Ou talvez estivesse se enganando.
Quando finalmente se sentiu pronta, quando conseguiu alinhar seus sentimentos e pensamentos, Liz tomou uma decisão: voltaria para a mansão de Aubrey. Ela precisava enfrentar as coisas, olhar para ele e descobrir, de uma vez por todas, o que estava por trás daquela relação, o que ele queria dela, o que ela queria dele.
Chegando à mansão, sentiu uma mistura de ansiedade e alívio. Mas, ao entrar, algo estava estranho. A casa estava quieta, mais silenciosa do que o normal. Liz olhou ao redor, mas não encontrou Aubrey. Uma das empregadas se aproximou e, ao vê-la, fez uma leve reverência.
"Senhorita Liz, o senhor Aubrey viajou. Ele foi a trabalho e deve passar bastante tempo fora. Não sei dizer exatamente quanto tempo ele vai ficar."
Aquelas palavras caíram como um balde de água fria sobre Liz. Aubrey estava fora, mas por quanto tempo? Ela não esperava isso. Ela havia voltado para ele, para tentar esclarecer as coisas, mas ele não estava ali para responder suas perguntas. Ela ficou parada na entrada da casa, a sensação de vazio se tornando mais forte. Aubrey não estava ali para ela.
Passaram-se mais alguns dias. E, durante aquele tempo, Liz tentou se ocupar. Caminhou pelo jardim, visitou a cidade, mas o peso da ausência de Aubrey ainda a rondava. Ele não voltou na semana seguinte, nem na outra. Aos poucos, Liz foi se acostumando com a solidão da mansão. No entanto, o vazio estava lá, mesmo quando ela tentava preencher a casa com outras coisas.
Até que, finalmente, depois de uma semana inteira sozinha, Aubrey voltou.
Liz estava na sala, lendo um livro, quando ouviu a porta se abrir. Seus olhos se levantaram rapidamente, seu coração disparando com a expectativa, mas, ao ver Aubrey entrando, algo na postura dele fez com que o calor da esperança se apagasse. Ele estava frio, distante. Não olhou para ela imediatamente. Passou por ela como se ela não existisse, como se fosse mais uma peça da mobília da casa.
Ele não disse uma palavra. Apenas tirou o casaco com calma, andando até o corredor. Liz o seguiu, seu olhar preso nele, tentando entender o que estava acontecendo. Ele parecia diferente. Frio. Talvez até indiferente.
"Você foi embora sem uma explicação", Liz disse, sua voz baixa, mas firme. “E agora que você voltou, está me tratando assim? Como se eu não fosse nada?”
Aubrey não respondeu. Ele entrou no banheiro sem olhar para ela, fechando a porta atrás de si com um simples movimento. Liz ficou parada, sentindo uma onda de frustração se formar dentro dela. Ele a ignorava, como se nada tivesse acontecido entre eles, como se não houvesse uma confusão pendente, como se ele não tivesse sido a razão pela qual ela havia se afastado.
Ela não podia ficar em silêncio. Não mais.
Liz bateu na porta do banheiro, já sem paciência. "Aubrey, você não vai falar comigo? Não vai me dar uma explicação sobre o que está acontecendo com a gente?"
O som da água caindo na ducha foi o único que Liz ouviu em resposta. Ela não sabia se ele não estava ouvindo ou se simplesmente estava ignorando-a de propósito. Mas ela não ia deixar aquilo passar em branco.
Com um impulso de raiva e desespero, Liz abriu a porta do banheiro. Aubrey estava em pé, sob a água quente, o cabelo molhado, o corpo tenso. Ele não a olhou imediatamente, mas sabia que ela estava ali. O silêncio entre eles era insuportável. Liz entrou no banheiro e se aproximou dele, quase se atirando na frente dele.
"Por que você não está falando comigo? Eu voltei para casa, Aubrey! Eu voltei porque pensei que você fosse me dar uma explicação! Que nós pudéssemos finalmente falar sobre tudo isso!", ela gritou, a voz embargada. "O que aconteceu com o acordo, com o que nós dois tínhamos? Eu preciso de respostas!"
Aubrey permaneceu quieto, a água correndo entre os dois. Mas sua expressão permanecia impassível. Ele fechou os olhos por um momento, antes de falar, ainda sem olhá-la. "Você pediu tempo. E eu estou te dando tempo. Agora é você quem precisa decidir o que quer."
Liz sentiu um nó apertar em sua garganta, a dor do silêncio dele a sufocando. Ela havia pedido tempo, mas nunca imaginou que ele fosse se afastar tanto assim. Que ele fosse realmente desaparecer da sua vida, tão facilmente. Ela o amava, e a verdade começou a se revelar em sua mente: ela não podia continuar vivendo sem ele.
Ela deu um passo em direção a ele e, sem dizer mais nada, deitou ao seu lado na cama, sentindo uma necessidade profunda de proximidade. Ela o abraçou de forma tímida, mas intensa, como se fosse a última chance de se entregar a tudo o que ela sentia.
Aubrey ficou imóvel por um momento, mas logo seus braços envolveram Liz. O calor do corpo dele, a proximidade, a sensação de finalmente estar com ele de novo… Liz fechou os olhos, sentindo o peso de sua decisão. Ela não sabia o que o futuro reservava, mas naquele momento, ela soubera o suficiente.
"Eu me decidi, Aubrey", ela murmurou contra o peito dele, ainda tentando entender o que sentia, mas finalmente admitindo para si mesma: "Eu quero estar com você."
Aubrey suspirou, e o silêncio que se seguiu foi reconfortante. Ele a abraçou mais forte, sentindo o alívio que também preenchia seu peito. As palavras haviam sido ditas, mas o que viria depois seria uma nova jornada para ambos. Um caminho sem mais confusão, sem mais barreiras. Apenas eles, e o futuro que decidiriam construir juntos.
O tempo tinha passado, mas, finalmente, o silêncio entre eles havia se quebrado. E, com isso, um novo capítulo poderia começar.
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Atualizado até capítulo 22
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