Capítulo 17 - A Linha Tênue

O carro parou na garagem da mansão, e o silêncio dentro dele parecia mais denso do que nunca. Liz observava a casa à sua frente, mas sua mente estava distante, ainda refletindo sobre o que acontecera durante o dia. Aubrey parecia mais fechado, mais distante, como se algo estivesse pesando sobre ele, mas ele não dizia uma palavra. O desconforto entre eles pairava no ar, quase palpável.

Quando finalmente saíram do carro e entraram na mansão, a tensão cresceu ainda mais. Liz não sabia o que havia acontecido, mas sentia que algo tinha mudado. Aubrey não olhava diretamente para ela, não falava. Apenas caminhava à frente, com passos firmes, como se quisesse fugir de algo — ou talvez estivesse apenas tentando manter o controle sobre algo que ele não conseguia controlar.

Ao entrarem pela porta, Aubrey se virou abruptamente e, sem aviso, se aproximou de Liz com uma intensidade inesperada. Ele agarrou seu rosto com as mãos e, sem qualquer explicação, a puxou para si, pressionando seus lábios contra os dela em um beijo desesperado. A força com que ele a beijou a pegou de surpresa, e Liz ficou momentaneamente paralisada. O gosto de seus lábios estava ali, quente e urgente, mas Liz não sabia o que fazer. Ela nunca imaginou que ele fosse agir dessa forma. Nunca imaginou que ele se entregaria a um gesto tão impulsivo, sem palavras, sem explicações.

Quando a sensação de calor e proximidade se tornou esmagadora, Liz se afastou com um movimento abrupto, empurrando-o com as mãos no peito dele. O choque e a surpresa a deixaram sem palavras por um momento. Ela respirava com dificuldade, tentando processar o que acabara de acontecer.

“O que você está fazendo, Aubrey? Você está louco?” Sua voz saiu mais alta do que ela pretendia, e a indignação tomou conta de seu corpo, deixando suas pernas trêmulas. Ele a olhou fixamente, seus olhos com uma intensidade que Liz não soubera identificar antes.

Aubrey não parecia abalado, mas seus olhos agora estavam carregados de frustração. Ele se aproximou novamente, pegando-a pelo braço com força. “Nós fizemos um acordo, Liz! Um acordo! E você não tem o direito de sair fugindo assim. Eu te dei tudo o que você quis. Tudo! E ainda me empurra? Depois de tudo o que fiz por você, é assim que você me trata?”

Liz sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A raiva cresceu dentro dela, e ela sentiu a necessidade de afastá-lo, de quebrar aquele vínculo que ele tentava forjar entre eles. “Eu não pedi nada disso, Aubrey!” Ela gritou, a voz rouca de desespero. “Você está tentando controlar tudo, até os meus sentimentos. Eu não sou uma boneca que você pode mover quando quiser, não sou um objeto para você!”

Ele pareceu se exasperar ainda mais, e com um grito, ele a agarrou novamente. Mas dessa vez, Liz não hesitou. Com todas as forças que conseguiu reunir, ela o empurrou com força, afastando-o de si, quase tropeçando para trás. “Você não entende, não é? Eu não sou sua para mandar, Aubrey!” Seus olhos estavam cheios de lágrimas agora, a dor da situação transbordando em sua voz. “Eu não te devo nada, não te devo esse tipo de... de relação que você quer. Eu não sei o que você espera de mim, mas eu não posso ser isso para você!”

Aubrey, furioso, deu um passo à frente novamente, mas, antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, Liz deu um tapa em sua cara. O som do impacto ecoou pela sala, e o silêncio se seguiu por um momento angustiante. Ela ficou ali, respirando pesadamente, com as mãos trêmulas, sentindo a raiva e o medo se misturando dentro de si.

A expressão de Aubrey se transformou em algo que Liz não sabia decifrar. Ele parecia surpreso, mas também profundamente magoado, como se o tapa tivesse quebrado algo dentro dele, algo que ele não sabia que ainda existia. Seus olhos estavam baixos agora, e ele não parecia mais tão seguro de si mesmo.

Liz, sentindo a adrenalina pulsar nas veias, virou-se sem pensar e correu em direção a um dos quartos. Sem hesitar, trancou-se dentro dele, o som da chave girando na fechadura sendo como uma barricada contra o mundo lá fora. Ela se jogou na cama, os olhos lacrimejando enquanto os pensamentos giravam na sua cabeça como um turbilhão.

O que havia acontecido ali? O que ela havia feito? Ela não sabia, mas uma coisa era certa: ela não estava pronta para tudo aquilo. Não estava pronta para o controle de Aubrey, para o amor que ele dizia ter por ela, para os sentimentos que ele parecia esperar que ela tivesse de volta. Ela não sabia o que sentia, e isso a assustava ainda mais.

E Aubrey... ele a havia beijado como se fosse um direito, como se ela fosse dele. Mas Liz não era dele. Ela não era de ninguém. Ela precisava de espaço, precisava se encontrar novamente, sem as imposições de uma vida que ela não escolhera.

Ela escorregou para debaixo das cobertas, apertando os olhos para tentar conter as lágrimas, mas elas vieram, silenciosas, como uma torrente que ela não podia segurar. Ela não queria ter feito aquilo, não queria ter causado aquela briga. Mas, ao mesmo tempo, precisava ter feito. Precisava ter se imposto, porque aquilo não podia continuar assim.

Lá fora, Aubrey ficou parado em frente à porta, ouvindo o som de seus próprios batimentos, o silêncio entre eles pesado como chumbo. Ele estava furioso, mas também sentia algo diferente, algo mais confuso. Ele sabia que havia ultrapassado uma linha, e isso o incomodava de uma forma que ele não sabia lidar.

A dor no rosto dele foi algo que Liz jamais imaginou ver. Ela o havia ferido, e a ironia de tudo aquilo a atingiu de cheio. Ela o havia ferido porque ele estava tentando controlá-la, tentando moldá-la de acordo com algo que não era ela. E, ao fazê-lo, ele havia quebrado algo entre eles — talvez para sempre.

A noite se arrastou em silêncio. E, enquanto Liz se encolhia em sua cama, Aubrey ficava à porta, sem saber o que fazer, sem entender o que ele havia feito para chegar até aquele ponto.

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